Capítulo XXXVI

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 Acordei com o estrondoso som de algo se chocando com o navio e, pela forma como estava assustado, John também havia sido acordado da mesma forma.

 Poucos segundos depois, outro estrondo.

 Ele se levantou com uma pressa absurda, indo direto para seu armário e pegando uma arma de fogo grande.

— O que está acontecendo? - perguntei puxando a Eva para meus braços.

— Fique aqui, se esconda e cuide dela, tá bem? - falou selando meus lábios depois se direcionando para dar um beijo na testa da menina.

— John...

— Volto assim que puder.

 Quando ele abriu a porta para sair já pude escutar os sons confusos de espadas, tiros e gritos masculinos vindos do convés.

 Eva estava ainda mais assustada que eu, obviamente, por isso me apressei em pedi-la para ficar atrás da cama onde o som era um pouco mais abafado.

 Quando me levantei determinada a colocar algum peso na porta, a mesma foi fortemente escancarada por um homem que não fazia parte da tripulação.

— Dios mío. - sorriu ao me olhar - ¡El capitán dejó un regalo!

 Ele caminhou até mim com passos tão rápidos que só tive tempo de me debater quando suas mãos tentaram me segurar, o que o fez ele me dar um soco. Caí no chão e o homem não perdeu tempo para tentar me pegar, mas assim que se abaixou, viu a Eva encolhida no canto.

— ¿Qué tenemos aquí?

 Aproveitei os milésimos segundos de sua distração para dar uma joelhada no meio de suas pernas e, já que a dor fez-o se contorcer, tive a oportunidade de retribuir o soco.

 Minhas armas estavam no dormitório, então tive que improvisar.

 Me levantei rapidamente e comecei a chutar seu rosto com força até que ele ficasse desacordado.

— Você tá bem? - perguntei e a menina assentiu - Se esconda debaixo da cama, eu já volto.

 Apenas ela cabia lá embaixo, então estaria segura. Graças aos guias, a Eva não questionou e apenas fez o que pedi.

 Imaginei como ficaríamos em perigo se outro deles entrasse no quarto, ou pior, se mais de um homem viesse.

 Me apressei em segurar as pernas daquele que estava desacordado no chão e arrastá-lo para fora do cômodo. Tive dificuldade, mas assim que consegui, usei seu corpo como peso para a porta no lado de fora.

 Assim que coloquei meus pés no convés, já tive que pegar a espada do homem que eu mesma havia abatido a poucos instantes , mesmo sendo pesada, usei-a para me defender do espanhol que se aproximou do quarto e, quando ele já estava desacordado, corri o mais rápido que pude até chegar no dormitório.

 Ao descer as escadas, me deparei com muitos marujos operando canhões ou envolvidos em brigas corporais com inimigos.

— Ayla, o que faz aqui? - Joseff perguntou puxando meu braço - Vá se esconder. Rápido!

— Preciso de uma arma. - expliquei ofegante - Não posso...

— Se abaixe!

 Ele me interrompeu ao agarrar meu ombro com a intenção de me fazer agachar, depois disparou um tiro de sua arma contra um espanhol que tentou acertar minhas costas com um golpe de sua espada.

— Não pode o que? - me levantei.

— Não posso me proteger sem uma arma!

— Pegue a minha e vá.

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