Fiquei no chão por não saber o que fazer e, pouco depois de sermos atingidos por outro objeto, senti duas mãos apertarem meus ombros na intenção de me levantar.
Olhei para cima e vi que se tratava de Finley.
— Pegue a Eva e vá para a cabine do capitão! - falou ofegante enquanto os marujos corriam pelo convés de forma desesperada - AYLA, PRESTE ATENÇÃO! - voltei a encará-lo - Pegue a Eva e se esconda na cabine do capitão. Só saia de lá quando alguém da tripulação for buscá-las, entendeu? - assenti assustada - VÁ!
Não esperei uma segunda ordem, rapidamente comecei a correr até as escadas que levavam até a parte inferior do convés.
Quando cheguei no segundo degrau, vi os homens carregando bolas de metais pesadas e colocando-as nos canhões com rapidez e agilidade. A agitação fez a adrenalina se espalhar pelo meu corpo, comecei a suar no mesmo instante que meu coração começou a palpitar.
— EVA! - gritei ao descer o restante dos degraus - CADÊ VOCÊ? - olhei para os lados e fomos atingidos outra vez por outro tiro de canhão - EVA!
— Aqui. Ela tá aqui! - Adam disse correndo em minha direção com a menina nos braços.
Eva estava claramente assustada com os barulhos, tanto que as lágrimas não paravam de deslizar por suas bochechas. Ela mal esperou estar próxima o suficiente e já se jogou em meus braços.
— Achem um lugar seguro e fiquem lá até essa confusão acabar! - Adam me aconselhou e eu assenti.
— Onde está John? - perguntei com pressa e seus olhos pareceram levemente mais tristes.
— Ele ainda não voltou. - minha expressão se alterou completamente pela preocupação - Ayla, vocês precisam ir agora!
Engoli seco e falei para Eva segurar firme em meu pescoço.
Subi as escadas com uma rapidez absurda, depois me esforcei para correr até a cabine, mesmo com tanta correria, barulhos altos dos tiros e estilhaços de madeira voando por todos os lados.
No caminho encarei todos os rostos na intenção de ver o de John, mas foi em vão.
Assim que me aproximei, destranquei a porta e adentrei o cômodo.
— Vá para trás da cama. Rápido! - mandei e Eva fez.
Tranquei as portas novamente, peguei o baú que ficava em frente a cama e comecei a empurrá-lo com dificuldade até a porta. Quando finalmente consegui, me juntei a Eva, puxando-a para o meu colo e tapando seus ouvidos para abafar os sons.
— Tá tudo bem, estou aqui. - seu choro assustado foi diminuindo, mas seus braços não se soltaram de mim por nem mesmo um segundo.
Onde você tá, John?
Me esforcei em passar confiança para Eva mesmo também estando assustada com a situação inesperada.
A diferença de tempo entre o barulho de um tiro e outro foi aumentando até que cessar de vez. Pensei em sair do quarto para verificar, mas fiquei com medo de deixar a Eva sozinha.
E se tiverem tomado o navio?
Decidi esperar como Finley havia dito, mas confesso que tive que me esforçar muito para isso.
Ouvi um barulho alto na porta e, quando Eva fez menção de voltar a chorar, coloquei o dedo em frente aos lábios mostrando que era para ela fazer silêncio.
O barulho foi aumentando gradativamente até que a tranca se rompesse e não demorou para que o baú também fosse tirado do caminho. Apertei Eva ainda mais em meus braços já me preparando para o que viria em seguida.
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ALFORRIA
Romance"Sonho com uma outra vida, onde as correntes não separem nossas almas!" Na época em que pessoas eram condenadas pela cor e outras beneficiadas pela "falta" dela, um laço forte prende dois amantes da liberdade: o amor. Seria possível dentro de um...