Mário sempre foi acostumado a conquistar o que queria, incluindo mulheres. Filho de uma família tradicional e dono de um carisma irresistível, ele vive despreocupado e seguro de si. Mas tudo muda quando uma conversa rápida com Manoela, aluna da univ...
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Meu cabelo balança com o vento e a velocidade que estou na bicicleta. Fico pedalando pelo condomínio, o vento fresco da madrugada me abate e eu paro a bicicleta. Desço da bicicleta e reparo estar em uma quadra de tênis, percebendo estar sozinha por já estar em um horário tarde.
Eu gosto das madrugadas, elas tem paz. Quando eu estou nesse condomínio, eu gosto de ficar na varanda ou na sacada lendo.
Pego o livro na cestinha da bicicleta e caminho para dentro da quadra. Porém, diferente do que eu tinha achado, a quadra não está vazia.
Caminho sem fazer barulho e paro ao seu lado com o livro nas mãos.
— Minha mãe dizia que olhar demais para o céu e suspirar significa paixão — digo. — Está amando quem, Mário?
Ele abre um sorriso.
— Só olhando...
— E suspirando — pontuo.
— Todos que suspiram significa paixão? — retruca.
— Nem todos ficam olhando o céu poluído e suspiram. Isso é dor de amor.
— Bem eu que estou sozinho na madrugada de bicicleta e com um livro na mão. Está sempre lendo.
— Livros deixam a minha vida menos monótona.
Sento no chão e coloco o livro em cima das minhas pernas cruzadas.
— Você me surpreender virou uma coisa constante — ele diz.
— O que agora?
— Leitores buscam um amor verdadeiro, sonham com breguices que tem em cenas de livros. Só querem ser beijados e amados, ouvir palavras bregas e clichês.
— Quem disse que não quero?
— Quando disse que quer? — retruca.
— A realidade da vida faz com que eu seja reclusa de ser clichê e passe a ser amargurada no amor.
— Ou você apenas nunca deixou alguém tentar.
Deixo o livro de lado e me deito no chão, ao lado de Mário. Solto um suspiro.
— Está suspirando? — ele debocha.
— O suspiro é a música solitária do leitor que sabe que nunca viverá um amor na Itália, Los Angeles, Londres...
— Nova York — ele diz, me cortando.
— Exato. Tem muitos clichês que se passam em Nova York.
— Qual o seu clichê da vez? — pergunta, pegando o livro.
— Não é exatamente um clichê. De inimigos para amantes, mas esse livro não é um romance.
