VII.

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Já haviam se passado dois anos e meio desde a morte de Kalina, mãe de Maureen, e até esse momento não haviam conseguido retornar a residência que compartilhavam com ela. Pagavam alguém para que limpasse o local uma vez na semana e o máximo que Darren conseguia fazer era ir até o portão, mas depois já retornava para a casa da mãe.

Haleigh não via problema em ver o filho voltando a morar com ela. Podia ser um homem de 63 anos, com diversos prêmios relacionados ao quadribol e uma fama inimaginável na Irlanda, mas ainda era seu bebe e o manteria sob suas asas o tempo que precisasse. Claro que tanto ele quanto Maureen poderiam ficar na casa, era enorme — aquelas de dois andares, polidas com marfim e cores claras, com acabamento de milhares de libras e cheia de enfeites caros na parte de dentro — então não faltaria espaço. Porém, Haleigh também tinha em mente que o luto deveria ser digerido uma hora ou outra.

— Por que você não se casa de novo? — perguntou ao filho, levando a xícara de chá à boca.

— O que? — engasgou.

— Eu poderia te apresentar a Melinda, — colocou a xícara sobre a mesa de centro — neta de um amigo meu, Torquil Travers. Conhece?

— Conheço — respondeu desanimado.

— Ela ainda é fertil, de boa família — teve sua frase interrompida.

— Ela tem metade da minha idade — frisou o homem.

— Baboseira — disse com feições de deboche, como se isso não fosse nada importante. — Você tem um belo nome, uma grande quantia de dinheiro e ainda é uma celebridade no quadribol. Qualquer mulher adoraria sair no Witch Weekly, ou em qualquer revista, só porque noivou com você.

— Você já tá falando em noivado? — deu um sorriso nervoso, passando a mão no cabelo. — Eu nem conheço ela!

— Então vamos tratar de conhecer. Que dia você está livre?

— O que? Não — disse desacreditado de que aquilo estava acontecendo.

— Eu marco um encontro e se não der certo, não deu, só isso.

Darren respirou fundo e se encostou na cadeira.

— Eu tentei ser educado, mas minha resposta é não. Ainda é muito cedo — concluiu, mais para si do que para a mãe.

— Só estou te falando isso pois quero o seu bem. Você fica aí se remoendo a tarde inteira, todos os dias.

— Eu estou de luto.

— Por 2 anos? Não é normal.

— A morte dela também não foi — sua respiração pesou um pouco, Haleigh pode perceber. — Não tivemos tempo para nos prepararmos.

Quebrou o contato visual com a mãe e olhou para o chão. Ele ainda esperava que ela fosse entrar pela porta e abraça-lo, ou que fosse mandar uma coruja falando sobre o quão animada estava por estudar espécies de dragão específicas — e ele leria tudo, mesmo que não entendesse nada sobre o assunto, mas se ela gostava então ele gostava também. Ela era uma mulher apaixonada (e apaixonante) a qual ele poderia passar horas ouvindo falar sem que se cansasse. Ele amava ela e depois teve que fazer a identificação seu corpo estraçalhado.

— Ela trabalhava com dragões, querido, o que você esperava? Que ela vivesse até os 70 anos? — a mãe disse, em tom de deboche.

— Sempre achei que ela viveria mais que eu.

Haleigh se inclinou para frente e segurou a mão do filho. Claro que ele pensaria isso, tinha 40 anos quando casou com uma mulher de 27, segundo a lógica essa seria a ordem... mas a vida não ligava para lógica.

𝐓𝐇𝐄 𝐐𝐔𝐈𝐃𝐃𝐈𝐓𝐂𝐇 𝐂𝐇𝐑𝐎𝐍𝐈𝐂𝐋𝐄𝐒 ↬ 𝒐𝒍𝒊𝒗𝒆𝒓 𝒘𝒐𝒐𝒅Onde histórias criam vida. Descubra agora