XXXX.

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Os pesadelos haviam voltado. Os constantes gritos noturnos de desespero, a cama molhada de suor, o sonambulismo, a dor de cabeça e o desespero. Maureen estava chorando todas as noites, dormindo ou acordada, porque sempre que fechava os olhos tinha o mesmo sonho – ao contrário de antes, em que as sensações de terror, ou as visões de mortes eram de pessoas diferentes.Parecia acordada, com os pensamentos ativos e uma mera observadora no próprio corpo, sem conseguir mudar o que estava para acontecer. Quando via as paredes de pedra se formarem em sua visão, já sabia o que aconteceria. 

Os gemidos de dor apareciam a seguir, quando um homem de cabelos longos e vestes preta escura levantava sua varinha. A palavra que saia de sua boca era uma das mais terríveis do mundo bruxo. "Crucio". O corpo se contorcia no chão, em meio a sangue e mijo. Estava sujo, naquela situação fazia dias, com cavidades infestadas com insetos e a pele das mãos esfolada, por tentar agarrar o chão com muita força cada vez que recebia o feitiço. Seu olhar não era mais humano, não estava mais ali. Estavam torturando-o a horas, seu corpo não aguentava mais. Seus órgãos, à beira da falha, faziam com que ele vomitasse e engasgasse no próprio vômito.

Queria desviar o olhar, mas não conseguia.

– Ele não vai falar – falou o mesmo homem de antes, revirando os olhos.

– Então traz a esposa – outro homem disse, muito parecido com o primeiro. Mesmo jeito de falar, gesticular e mesma aparência, provavelmente eram irmãos.

A mulher saiu do quarto, cantarolando alguma música enquanto pulava em direção a porta. Sua reação a cena deu calafrios. E, quando voltou, trouxe debaixo de seu braço uma outra mulher completamente amedrontada. Tacou-a no chão, com toda a sua força. Tentou amenizar a queda, colocando o braço a frente do corpo, mas seu rosto raspou contra o pedregulho e esfolou parte da pele. Tentou buscar pelo marido, mas recebeu seu primeiro crucio, da mulher que havia trago-a antes.

– EU QUERO SABER ONDE ESTÁ O LORDE DAS TREVAS – gritou. Ela não sabia, nunca soube.

Maureen sentiu o próximo crucio sair de sua boca – e o próximo, e o próximo. Era uma voz diferente da sua porém, enquanto estava tendo o pesadelo, não conseguia enxergar essa diferença. Olhava diretamente para os olhos da vítima e gritava "CRUCIO", sem qualquer arrependimento ou ponderação de exagero. Ela estava azul, aumentando a poça de xixi, excrementos e sangue que a tortura do marido havia iniciado.

Precisava parar, mas não conseguia. Maureen sonhava com a tortura de Frank e Alice Longbottom todas as noites, sendo uma de suas executoras. Levantava da cama, indo direto ao banheiro vomitar. A tortura de aurores denominada como uma das mais terríveis do mundo bruxo. Muito pior que a morte, viviam no hospital, sem se lembrar de quem eram ou de qualquer coisa que havia acontecido, com um dano mental permanente. Se sentia culpada – ou, mais que isso, se sentia pessoalmente responsável – pelo que havia acontecido com seus pais. Era culpa dela, claro.  Não conseguia mais comer enquanto Neville, o filho dos dois, estava no salão. 

Na verdade, Mare parou quase completamente de comer. Não sentia fome, apenas queria ficar sozinha. Então, quando apareceu no Salão para tomar café e receber suas cartas, numa discussão fervorosa com equipes de quadribol, foi um grande espanto para seus amigos. 

Todos se reuniram à sua volta, a fim de entender porque parecia que a garota estava se mantendo em cárcere privado durante todo esse tempo. Não havia pensado em avisar para seus amigos? Até mesmo alguns professores estavam preocupados, já que ela havia parado de frequentar as aulas. Para falar a verdade, Maureen apenas afirmou com a cabeça enquanto falavam com ela, sem qualquer força de responder de volta ou se explicar. 

Então, quando estava voltando para seu dormitório, cruzou com Krum no corredor.

– Eu não te vejo há semanas! – ele disse e ela afirmou com a cabeça.

𝐓𝐇𝐄 𝐐𝐔𝐈𝐃𝐃𝐈𝐓𝐂𝐇 𝐂𝐇𝐑𝐎𝐍𝐈𝐂𝐋𝐄𝐒 ↬ 𝒐𝒍𝒊𝒗𝒆𝒓 𝒘𝒐𝒐𝒅Onde histórias criam vida. Descubra agora