XXV.

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Quando a Sonserina ganha, é certeza de que terá uma festa.

Por incrível que pareça, Snape nem se incomodava com esse tipo de comemoração, permitindo que os alunos ficassem acordados até tarde da noite, com o rádio tocando alto e com um pouco de bebida alcoólica entre os jovens. Se ninguém fosse apanhado, ele não tinha o porquê de se meter — e duas vezes já havia fingido "não ver" a festa para que não precisasse dar uma bronca neles e interromper o acontecimento.

Porém, se alguém fosse apanhado extremamente bêbado, andando pelos corredores ou praticando atos ilícitos dentro de armários, ele viraria uma fera. Durante os anos de Maureen em Hogwarts, isso jamais havia acontecido, mas conhecia histórias de alunos mais velhos... e ela não gostaria de passar por essa experiência.

Assim, quando já eram duas e meia da manhã, as pessoas já estavam ficando com fome novamente — e beber de barriga vazia com certeza não era a solução para isso — então Maureen e Pucey ficaram encarregados de ir buscar mais comida na cozinha. Pegaram um pote de plástico para se colocar lanchinhos e o enfeitiçaram para que tivesse um fundo "infinito".

Os monitores já não estavam mais rondando pelos corredores, deixando com que Pucey e Maureen não tivessem que se esconder por uma boa parte do caminho. Claro, ainda tinham que se preocupar com algum professor aparecendo de surpresa, mas por sorte a cozinha não era tão longe das masmorras.

Andaram o caminho inteiro com lumos na varinha de Maureen, apenas o apagando quando entraram na cozinha, que continuava acesa mesmo no meio da noite. Alguns elfos dormiam, outros continuavam cozinhando, adiantando o trabalho para o café da manhã que seria em algumas horas.

Maureen ouviu uma voz humana e se assustou, achando que era algum professor, mas ao olhar de novo se deparou com Roger Davies.

— Vou pegar comida com os elfos — Pucey disse, pegando o pote da mão da amiga.

Adrian se distanciou e Maureen continuou encarando o capitão da outra equipe. Se aproximou em passos lentos, até que estivessem perto o suficiente para iniciar uma conversa.

— O que você tá fazendo acordado?

— De madrugada é o melhor horário pra tomar banho no banheiro dos monitores — ele disse, como se o banheiro já não fosse privado o suficiente.

Coçou a nuca. Tinha algo estranho em sua voz, em todo o sentido de sua frase e de sua tonalidade — algo até mesmo provocante, mesmo que ele não soubesse disso.

— E daí eu fiquei com fome — completou.

Ele precisava olhar para baixo para conseguir manter contato visual com Maureen; sempre havia feito isso, mas nunca tinha pensado sobre.

— Vocês perderam feio hoje — ela riu. Não era um ataque, apenas uma observação ardilosa. Ele também riu.

— Em nossa defesa, nem tivemos tempo de fazer muita coisa.

— Tudo bem, eu te perdoo.

Tocou no ombro do amigo, passando a mão como gesto de consolação. Ela riu e ele também.

— Ainda tá tendo festa? — tentou trocar de assunto.

— Hoje o povo se animou. Nem sei o que vamos fazer se vencermos a Copa... Bletchley apagou de tanta bebida.

— Sério? Sempre imaginei que ele seria o mais controlado — comentou de maneira sarcástica.

Deu um soco leve no ombro do corvino.

— A comida é só pra você e pro Pucey?

— Para alguns amigos — disse sem especificar.

Viu as expressões dele mudarem: sua mandíbula tencionou e seus olhos vagaram pelo cômodo. Percebeu que ele estava tentando segurar um suspiro ou uma respiração profunda. Quando seus olhos voltaram a encarar o de Maureen, ela pode ter certeza do que se tratava.

𝐓𝐇𝐄 𝐐𝐔𝐈𝐃𝐃𝐈𝐓𝐂𝐇 𝐂𝐇𝐑𝐎𝐍𝐈𝐂𝐋𝐄𝐒 ↬ 𝒐𝒍𝒊𝒗𝒆𝒓 𝒘𝒐𝒐𝒅Onde histórias criam vida. Descubra agora