XXXIX.

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Em seus sonho, Maureen jogava quadribol. Sentia agulhas adentrarem sua pele toda vez que cortava o vento, mas não se importava – ao contrário, gostava do sentimento. Partidas no inverno eram uma adversidade para ambas as equipes, às vezes com neve ou uma chuva tão perigosa que quase se transformava em gelo enquanto caia.

Muitos dos outros jogadores tinham medo ou receio, mas para quem gostava de se arriscar, a situação era extremamente propicia. Arremessou uma goles e marcou mais um ponto para a sonserina, voltando ao meio do campo em seguida. Estavam à frente, por pouco. Olhou a distância e quis gritar o nome do parceiro, mas quem era ele? Não se parecia com Pucey ou Flint. Estranho. Algum jogador foi empurrado de sua vassoura, mas o juiz não apitou.

Um balaço foi jogado em sua direção, mas conseguiu desviar projetando a vassoura para baixo, vendo-o atingir uma madeira da arquibancada. Quem havia jogado aquilo nela? Por que Derrick, Mads ou Bole não haviam protegido-a? Procurou pelas vestes verdes espalhadas no campo. A cada jogador que encontrava, não reconhecia. Quando o apanhador de seu time, de cabelos pretos, pegou o pomo, todos começaram a gritar e clamar por seu nome: Black.

Quem eram aquelas pessoas e o que estavam fazendo em seu sonho? Passou a mão em seu próprio cabelo, querendo prender os fios de volta ao rabo de cavalo. Soltou um grito. Onde estava o resto de seu cabelo? Estava curto, com gel, como um garoto de 15 anos usaria. Sua respiração pesou. Jamais faria isso.

E, quando as coisas começavam a ficar muito estranhas no sonho de Maureen, ela parecia se desesperar. Era para ser um bom sonho: quadribol. Melhor ainda, uma vitória de quadribol! Mas, agora, apenas conseguia pensar em como Black era o sobrenome do assassino que havia fugido de Azkaban no ano anterior.

Desceu da vassoura e olhou para os lados, procurando um meio de sair dali. Seus colegas comemoravam felizes – bom pra eles – e esperavam que ela se justasse ao grupo. Não o fez. Andou até o vestiário. Parecia se movimentar de maneira diferente, como se todas as suas ações fossem programadas. Havia algo estranho, uma sensação que fez com que os pelos do braço de Maureen se arrepiassem. Tinha mais alguém ali. Estavam vigiando-a. Segurou sua varinha com força e começou a procurar dentro dos armários, na parte dos chuveiros e, enfim, quando tirou uma das capas de cima do banco, encontrou um elfo debaixo desse.

Se assustou, por um segundo, mas se aproximou.

– Você não é o Halkey – disse, curiosa. Havia conhecido muitos elfos de famílias influentes que trabalhavam em eventos bruxos, mas ela era diferente. Nunca haviam se visto, certo? Ou haviam? Forçou sua memória.

– Não – a elfa respondeu baixo, olhando para os lados, com medo de que outra pessoa a encontrasse ali. – Eu sou a Winky.

Maureen abriu a boca, pronta para perguntar por que estava ali e não nas cozinhas, mas sentiu um empurrão e, de repente, estava de volta ao mundo real. A luz da lua era a única iluminação que havia no quarto, o que a fez forçar a visão. Sua colega de quarto estava perto demais de si, sentada na beirada da cama.

– O que foi? – grunhiu.

– Você tava falando sobre quadribol enquanto dormia e acordou a gente – se explicou, com a voz calma.

– A gente? – o olhar de Maureen se direcionou as outras camas, onde três garotas estavam sentadas embaixo de suas cobertas. Mesmo com os pensamentos mole de sono, conseguiu entender o que queriam – tudo bem. Vou dormir no salão comunal, pode deixar.

Poderia pedir para dormir com os garotos do sexto ano – a cama de Bletchley estaria vazia mesmo, já que agora só dormia com o namorado – mas qual desculpa daria se continuasse falando? Não queria causar incomodo a outros estudantes. Pegou suas cobertas e o travesseiro, saiu do quarto.

𝐓𝐇𝐄 𝐐𝐔𝐈𝐃𝐃𝐈𝐓𝐂𝐇 𝐂𝐇𝐑𝐎𝐍𝐈𝐂𝐋𝐄𝐒 ↬ 𝒐𝒍𝒊𝒗𝒆𝒓 𝒘𝒐𝒐𝒅Onde histórias criam vida. Descubra agora