XXXV.

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Os acontecimentos da Copa Mundial de Quadribol deixaram marcas de trauma e felicidade no subconsciente de Maureen. Se lembrava com carinho do jogo, da comemoração com Hans e da conversa com Viktor; mas então ele surgia em sua mente. Aquele olhar aficionado invadia seus pensamentos felizes e ela se sentia mais uma vez ferida, caída no chão e desprotegida. Achou, genuinamente, que iria morrer.

Sacudiu a cabeça e deixou com que seus pensamentos se dispersassem pelo ar. Entrou dentro do trem com uma única certeza: não deixaria que aquilo estragasse seu último ano em Hogwarts. Encontrou o vagão onde estavam seus amigos e se sentou no meio do banco, empurrando Derrick para perto da janela e Pucey para o lado do corredor; do outro lado se sentavam Cassius, Madeline e Bletchley.

— Agora eu sou a mais velha. Eu que mando — Maureen jogou o cabelo para trás, como forma de demonstrar que estava "se achando" mas que aquilo era uma piada.

— Achei que você já mandava — respondeu Derrick.

— Sim, mas agora eu mando mais — riram.

— Nós precisamos substituir o Flint — falou Pucey e o clima pesou por um momento.

Maureen sentia que estava, aos poucos, perdendo seus amigos. Quer dizer, ela sempre soube que alguns iriam se formar antes que ela, mas era tão próxima de Flint que nem imaginava como seria ir para Hogwarts e não encontrá-lo. Haviam se encontrado nas férias e não seria a última vez que se veriam, mas ainda sentia saudade. Depois de passar anos convivendo diariamente com as mesmas pessoas, passar a se ver uma vez a cada mês ou até menos que isso seria doloroso. Oliver já havia terminado a escola; Flint, Higgs e Bole também; esse seria o ano dela, de Pucey e de Cedric. Que barra!

— E cadê o Montague? — Mare perguntou, percebendo que ainda faltava alguém do time ali.

— Ele foi sentar com o Draco e a turminha dele — respondeu Bletchley.

— Menos mal.

Nunca tiveram problema com assentos por causa do nível de proximidade das pessoas da equipe, mas se dessa vez tivessem, Mare não aceitaria estar excluindo ninguém, mesmo que tivesse que passar a viagem inteira de pé. Porém, se ele já havia se sentado antes de Bletchley chegar à cabine, estava tudo certo. Montague e Malfoy eram amigos, estavam no mesmo ano e dividiam o mesmo dormitório — mesmo que o primeiro não suportasse Crabbe e Goyle.

Continuaram conversando desde a plataforma até dentro de Hogwarts. Passaram por assuntos diversos como a Copa Mundial de Quadribol, formas de colar nas provas de História da Magia e algumas fofocas que estavam rolando na escola; nomes conhecidos foram citados, como Maxine O'Flaherty e Jason Samuels. Ficaram um pouco sem graça de tocarem no assunto, mas também compartilharam com Maureen coisas que ouviram de amigos de Roger, porém, por sorte, não era nada sério e os dois provavelmente continuariam sendo amigos.

Assim que chegaram em Hogsmead, foram até as carruagens que os levariam a Hogwarts. Mare, outra vez, encarou o testrálio a sua frente; pareciam animais mórbidos mas também eram bem bonitos, com suas asas grandes e seu corpo esquelético.

— Nunca vou me acostumar com isso — Mare disse, mais para si mesmo do que para os outros.

— Ainda não sei do que você tá falando — Pucey concluiu.

Ele não conseguia ver e, depois de muito tempo refletindo sozinha, ela sabia o porquê. Agora, relembrando a conversa que havia tido com Cedric no começo do ano anterior, sentia uma pontada no estômago. Ele conseguia ver os testrálios por sua causa, por causa de sua avó — o que significava que Roger e Oliver também conseguiam, mas não falaram nada. Ela arrastou-os para algo horrendo e eles ainda tentavam protegê-la das consequências...

𝐓𝐇𝐄 𝐐𝐔𝐈𝐃𝐃𝐈𝐓𝐂𝐇 𝐂𝐇𝐑𝐎𝐍𝐈𝐂𝐋𝐄𝐒 ↬ 𝒐𝒍𝒊𝒗𝒆𝒓 𝒘𝒐𝒐𝒅Onde histórias criam vida. Descubra agora