XXXII.

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O jogo foi descrito como um dos piores da carreira de Maureen, que depois de cinco anos jogando acabou em segundo lugar — pela primeira vez. Estava acostumada a ganhar.

Ficou incomunicável por uma semana, visivelmente abatida pela perda do time, e qualquer um que tentou falar com ela durante esse tempo ganhou vários berros estrondosos e alguns hexes — que os levou diretamente até a enfermaria.

Sim, estava tão desolada com a perda que chegou a gritar com McGonagall por uma hora e meia depois que viu sua risadinha ao comentar que a Grifinória havia vencido da Sonserina. Apenas parou quando foi retirada da sala por Lupin, que a levantou do solo para a levar para fora. Recebeu três semanas de detenção por causa disso

Talvez não estivesse irritada apenas por isso. Eram muitos sentimentos misturados, borbulhando em seu peito. Por isso, duas semanas depois do jogo, entrou no vestiário da Grifinória, sabendo que ela e Wood seriam os únicos ali dentro.

Ele a encarou por alguns segundos, sendo pego de surpresa por alguém que havia lhe ignorado durante todas essas semanas. Colocou a mão cruzando o peito como forma de esconder que estava sem camisa, já que estava se despindo para tomar banho, mas ela nem parecia se importar já que havia chegado aos gritos. 

— Qual o seu problema, caralho? — gritou. — Você deveria ter perdido nesse jogo. Você sabe a quanto tempo eu não perco? Eu nunca perdi! Eu deveria ter te empurrado da vassoura. Ter roubado o bastão da Mads e acertado você no meio da cara; afundado seu rosto de merda pra que precisasse de uma cirurgia no St. Mungus.

Durante a discussão, estava progressivamente andando para frente, se aproximando dele. Quando ficaram cara a cara, Maureen o empurrou no armário com quase toda a força que tinha. Oliver foi para trás e quase tropeçou em seu próprio tornozelo; o barulho do metal batendo em suas costas ecoou tão alto que do outro lado de Hogwarts alguém poderia achar que haviam se acidentado. A dor chegou não muito tempo depois, mas ele permaneceu sério, sem demonstrar qualquer expressão.

— Porra, por que você não tá discutindo comigo? — continuou gritando, brava.

— Eu não quero discutir com você. E eu sei que você não quer discutir comigo — suas palavras saíram calmas, como um sopro. 

Aquilo deixou Maureen muito mais brava do que antes. Ele não era assim. Como estava tão calmo? Por que não respondia aos seus gritos? As suas provocações?

Mordeu forte a mandíbula, tensionando-a. Se aproximou tão rápido de Oliver que sentiu seus narizes se chocarem e, por um segundo, jurou que havia quebrado o seu próprio. Conectou os lábios e segurou seu rosto com as duas mãos, acariciando suas bochechas — ou melhor, as apertando. Ele posicionou as mãos na cintura dela e a puxou para mais perto, mesmo que já estivessem colados um no outro.

Não sentiram fogos de artifício, sentiram uma bomba atômica sendo explodida. Era viciante. Abriram os olhos, ainda colados, e se encararam por alguns segundos, já com a respiração ofegante. Como conseguiram ficar tanto tempo sem aquilo? Os olhares apaixonados eram facilmente percebidos em ambos os olhos.

Simultaneamente, voltaram a se beijar, dessa vez muito mais forte do que antes — como se isso fosse sequer possível. Maureen desceu uma das mãos para suas costas, posicionando embaixo de seu braço enquanto a mão de Oliver subiu para seu pescoço. O garoto arrepiou com o ato, sentindo a mão gelada de Mare em suas costas, aos poucos mudando para a sensação estranha de ter unhas o arranhando, o que fez com que ele arqueasse um pouco a lombar. Apoiou a cabeça de Mare com sua mão livre para que pudesse aprofundar o beijo, que já estava com a presença de línguas há muito tempo.

Mesmo que soubessem que deveriam respirar durante o beijo, não era o suficiente. Pararam quando ficaram sem ar, tendo que se separar para conseguir reaver seu próprio oxigênio. Maureen deu um passo para trás, mas Oliver rapidamente jogou seu corpo para frente, sem querer se separar. Tudo parecia muito mais colorido agora. Estranho, pensou. Aquilo nunca havia acontecido com Roger, ou com Bole, ou com Higgs.

— Você me deixa confusa — falou, depois de ficarem se encarando por alguns segundos.

— É bom saber que eu não sou o único que se sente assim — riu fraco, mas ela pareceu não ter a mesma reação.

Estava assustada com tudo aquilo.

— E o que nós vamos fazer agora?

— O que você quiser. Eu posso gritar pra escola inteira que eu gosto de você, pixar o campo de quadribol te pedindo em namoro... ou a gente pode só viver normalmente, agir normalmente.

— Eu gostaria disso — sorriu, finalmente.

Nunca se tratou do quão rápido estava indo o relacionamento e sim de quem era a pessoa que formava esse relacionamento com ela.

No dia seguinte, as pessoas ainda estavam com medo de chegarem perto dela e receberem uma azaração ou um berro antes mesmo do café da manhã. Assim, deixaram-na sentar praticamente sozinha no período do café, com exceção de algumas pessoas do seu time que a acompanhavam — e já haviam se acostumado com seus berros.

Definitivamente foi uma surpresa quando Wood chegou ao Grande Salão sem cumprimentar ninguém, cruzando grande parte do local até parar ao lado de Maureen, dar um beijo no topo de sua cabeça e se sentar ao seu lado. Todos pararam de conversar e ficaram em silêncio, encarando os jovens.

— Wood! Você tá beijando o inimigo! — gritou Katie Bell, a primeira a reagir.

Oliver cerrou as sobrancelhas, como se aquilo não fosse óbvio e ele não soubesse o que estava fazendo; Mare riu disso e, ouvindo a risada da garota, ele também riu. Naquele momento, haviam poucas coisas que poderiam aquecer seu coração mais do que a risada de sua garota.

— A copa acabou. Nós ganhamos — respondeu Katie. Se virou para Mare, encarando seus olhos enquanto entrelaçava seus dedos nos dela. — Eu ganhei.

— Por mais que eu ache isso fofo, você não vai me deixar em paz por causa disso, né?

— Nem por um segundo — completou, com um sorriso de orelha a orelha. 

— Você me deve 4 galeões — George disse, olhando para Fred.

— O que? — o gêmeo respondeu, em relação ao olhar de julgamento do capitão. — Estamos fazendo essa aposta há anos. Achei que eu ia ganhar quando ela estava namorando com o Davies.

Maureen percebeu que algumas pessoas trocavam galeões e sickles dentro de sua própria equipe, especialmente Cassius, que estava recebendo bastante dinheiro de todos... menos de Pucey e Flint.

— A ameaça ainda tá de pé. Se machucar a princesa — apontou com a cabeça para Maureen — nós vamos quebrar seus ossos a ponto de não conseguir mais jogar.

Wood engoliu em seco; sabia que ele falava sério.

— Entendido.

Algumas mesas de distância, Roger continuava boquiaberto, sem conseguir tirar os olhos dos dois. Apenas despertou de seus pensamentos quando Jason Samuels colocou a mão no ombro do amigo, dando dois tapinhas.

— Essas coisas acontecem, amigo — tentou consolar.

— Mas com ele? Eles se odiavam... Não. Não faz sentido — suas palavras falharam.

Samuels respirou fundo e deu outra batida no ombro do amigo.

— Vamos sair daqui.

A partir daí, Maureen e Oliver passaram a se encontrar todos os dias. Almoçavam juntos — e ele sempre dava um beijo no topo de sua cabeça antes de se sentar —, ficavam andando pela escola depois que as detencoes dela acabavam, tiveram encontros perto do lago negro, no três vassouras, na torre de astronomia e no campo de quadribol. Estavam bêbados de amor, um pelo outro, mas isso não impedia que eles ficassem se zuando e se provocando em qualquer oportunidade que tinham. Foram bons últimos meses; os melhores que Maureen conseguia imaginar. Andavam tanto juntos que Cedric reclamou que queria a amiga de volta — como se ele também não tivesse entrado recentemente em um relacionamento com Eleanor Hwang. 

𝐓𝐇𝐄 𝐐𝐔𝐈𝐃𝐃𝐈𝐓𝐂𝐇 𝐂𝐇𝐑𝐎𝐍𝐈𝐂𝐋𝐄𝐒 ↬ 𝒐𝒍𝒊𝒗𝒆𝒓 𝒘𝒐𝒐𝒅Onde histórias criam vida. Descubra agora