XI.

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Maureen gostava de passar os fins de tarde e os começos de noite deitada na grama do campo de quadribol. Pensava que mesmo que tivesse que lavar o cabelo depois ou que ficasse cheia de picada de formigas, aqueles momentos em que apenas conseguia ouvir a brisa do ar passando era a melhor coisa que existia em toda Hogwarts — talvez um pouco menos do que o quadribol, mas poderia considerar uma competição acirrada. Entretanto, quando o som da brisa passou a se parecer demais com o som de passos, levantou seu corpo para ter uma melhor visão de quem era.

— Eu não acredito que você tá aqui — era a voz de Oliver Wood, que não diminuiu os passos enquanto chegava perto da garota. — Agora também vai roubar o lugar que eu gosto de ficar?

Foi uma pergunta passiva, agressiva e retórica, sem necessidade de uma resposta. Mare resolveu ignorar, voltando à posição inicial com as costas no chão de olhos fechados, tentando se concentrar na brisa. Tinham sido dias difíceis e ela não o convidaria para sentar ao seu lado.

— Talvez se eu te subornasse com vassouras, você faria o que eu quisesse — o grifinório continuou falando, dessa vez pegando no ponto fraco e fazendo a garota levantar de vez da grama.

— Você não sabe do que tá falando — disse brava, cerrando o punho atrás das costas.

— Que o Draco comprou a entrada dele com as Nimbus 2001? Tá mais que óbvio — falou em tom de zoação. 

Maureen ficou quieta, olhando para o garoto. 

— Nunca esperei que você fosse se vender assim, mas pelo jeito é só uma filinha de papai — antes que conseguisse terminar a frase, sentiu algo duro atingir seu rosto. Foi tão forte que Oliver se desequilibrou e quase caiu, tendo que usar sua mão de suporte no chão. 

Era um soco. Maureen O'Hare tinha dado um soco em Oliver Wood. Aconteceu antes que ela conseguisse raciocinar sobre, mas não havia se arrependido em nenhum momento.

— Não se rejeita um presente de quem pode tirar metade dos pais do meu time dos negócios... ou pior — disse irritada, mas não sabia se era com ele ou com ela mesma. 

— Eu não sabia — respondeu baixo, meio envergonhado por ter tratado esse assunto daquela maneira. Deveria falar para alguém? McGonagall? Não, apenas pioraria a situação.

— Eles são meus homens e eu não vou perder eles — sua feição se tornou seria, imóvel. 

Não queria ter falado sobre o assunto e nem ao menos sabia porque havia agindo assim. De fato havia tido uma semana infernal, mas porque demonstraria qualquer mínima fraqueza perto do rival? Por que diria algo negativo de um de seus colegas — mesmo que fosse verdade? De um jeito ou de outro, provavelmente Wood pensaria que aquele era apenas mais um de seus truques mentais e não levaria tão a sério; na verdade estava surpresa que até o momento não havia dito para a garota "parar com o teatrinho".

Porém, tudo que ela disse era verdade. Ela protegeria todos os seus homens nem se fosse a última coisa que fizesse — e, por sorte, sabia que Malfoy não era um jogador ruim. Se tivesse passado por testes, talvez tivesse sido aceito da maneira correta e não teriam começado com o pé esquerdo — de modo aos colegas também terem que defendê-la dos seus comentários maldosos.

Queria descansar no campo, poder ficar alguns minutos sem lidar com determinados assuntos e poder fingir que nem ao menos existia. Ela sempre tentou fazer as coisas do jeito certo, mas as vezes tinha que escolher qual caminho seria o menos pior... 

— Boa noite — disse, andando de volta para dentro do castelo.

Oliver ficou ali, na grama, com o rosto doendo, vendo-a se afastar. Ele não queria ficar sozinho, o silêncio sempre havia sido demais para ele. 

𝐓𝐇𝐄 𝐐𝐔𝐈𝐃𝐃𝐈𝐓𝐂𝐇 𝐂𝐇𝐑𝐎𝐍𝐈𝐂𝐋𝐄𝐒 ↬ 𝒐𝒍𝒊𝒗𝒆𝒓 𝒘𝒐𝒐𝒅Onde histórias criam vida. Descubra agora