Maureen se sentou no chão, sentindo a grama abaixo de sua perna pinicar; algumas formigas pareciam passear por sua coxa, mas ela não estava incomodada. Fechou os olhos para que pudesse ouvir o ambiente: alguns passarinhos cantavam, outros brigavam, o vento passava nas folhas e nas árvores. Entrelaçou seus dedos na grama, como se desse à mão as raízes que desciam a terra.
Assim que abriu os olhos, se virou para seu pai, que também se sentava ao seu lado. Não falou nada, mas ele compreendeu e a envolveu em um abraço, para que ela pudesse descansar a cabeça em seu peito.
— Você pode dizer, de novo, como conheceu ela? — disse, com a voz baixa.
Ele afirmou com a cabeça, passando a mão no cabelo da filha.
— Foi no Ministério — um sorriso apareceu no canto de sua boca, relembrando o que havia acontecido no dia — ela estava brigando com alguém por causa dos maus tratos que os dragões estavam sofrendo, mesmo dentro do departamento que deveria protegê-los. Ela espalhou cartazes interativos dentro de todo o Ministério, com figuras que saiam da página e fingiam devorar quem estivesse perto — riu baixo — ela era simplesmente demais. Eu peguei o elevador para o andar dos esportes, mas sai no errado, não sei se foi destino, mas parei no andar de magizoologia. Já ia voltar para dentro do elevador, mas quando ouvi alguém gritar fiquei curioso e fui atrás. Ela jogou diversos documentos no chão e subiu em cima da mesa, gritando com todo mundo, inclusive comigo. Teve que ser escoltada para fora — respirou fundo — e eu soube naquele momento que eu ia me casar com ela.
Maureen sempre havia achado a história bonita. Kalina demorou muito tempo para aceitar sair com Darren, não porque o achava feio ou chato, mas porque tinha outras coisas mais importantes para se fazer. Agora, ambos achavam que ela deveria ter continuado fora da vida dele... Darren poderia estar triste, mas pelo menos ela estaria viva.
Mas não havia como voltar ao passado, então visitar seu túmulo já era o suficiente. Passaram horas lá e, depois dos primeiros minutos chorando, a situação se tornava reconfortante, fazendo Maureen sentir-se unida a ela novamente. Entretanto, ainda se sentia impotente; ter "vingado-a" não resolvia o problema.
Quando Dumbledore chamou seu pai para conversar, ao final do ano letivo, ela sabia sobre qual seria o assunto e resolveu estar presente. Ouvir tudo que havia acontecido e tudo que havia feito lhe embrulhava o estômago, fazendo com que tivesse que sair da sala uma ou duas vezes para vomitar — aparentemente, ouvir isso depois de algum tempo a fazia cair na real de tudo que havia acontecido. A adrenalina havia passado e seu lado racional pode, após muito tempo, pensar sobre.
Era uma tortura pensar que havia matado sua avó, mesmo que em defesa própria e de seus amigos, porém teve revelações maiores que apenas isso: Haleigh também queria que seu pai soubesse que havia sido ela. Por um momento ela pensou que era sobre a morte das pessoas com o símbolo de Grindelwald, mas não era. Ela também matado sua mãe. Ela sabia; ela sentiu que esse era o sentido de sua frase.
Não diretamente, apontando a varinha para ela, mas encantando um dragão forte o suficiente para que carbonizasse a nora, afinal, ela não seguia os requisitos que Haleigh tanto prezava em uma mulher perfeita para entrar na família.
Haleigh nunca ligou para o fato de Kaline ser uma workholic, já que ela mesma também era, mas o que lhe estressava era o sangue sujo de trouxas que havia invadido sua linhagem. Queria uma nora puro sangue, de família rica e prospera, que gostasse de quadribol, não uma órfã nascida trouxa apaixonada por dragões. Então, assim que o casamento aconteceu, já começou a bolar seu plano para "dar um jeito" nela.
Se levantou da grama, dando algumas batidinhas na roupa para tirar o excesso de terra e grama. Ficaram de frente para a rocha de sua sepultura.
"Kalina Larsen O'Hare
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𝐓𝐇𝐄 𝐐𝐔𝐈𝐃𝐃𝐈𝐓𝐂𝐇 𝐂𝐇𝐑𝐎𝐍𝐈𝐂𝐋𝐄𝐒 ↬ 𝒐𝒍𝒊𝒗𝒆𝒓 𝒘𝒐𝒐𝒅
Fanfiction┈┄┉┅✧ Aquele em que Maureen sofre por quadribol - mas não apenas por isso. Não havia nada que Maureen O'Hare gostasse mais do que Quadribol. A sensação de estar voando, do vento batendo em seus cabelos, dos rodopios no ar e a felicidade de se marcar...