[𝙴𝙿𝙸́𝙻𝙾𝙶𝙾]

613 31 5
                                    

❃ 𝙻𝚘𝚗𝚍𝚛𝚎𝚜

Ops! Esta imagem não segue nossas diretrizes de conteúdo. Para continuar a publicação, tente removê-la ou carregar outra.

❃ 𝙻𝚘𝚗𝚍𝚛𝚎𝚜. 𝟸𝟶𝟶𝟷.❃

Chove em Londres o tempo todo.

De manhã, de tarde e de noite.

Chuva forte, chuva fraca.

Com raios ou não.

Chove em Londres o tempo todo.

Maureen pensou várias vezes se aquela chuva continha ácido, afinal, o SO3 liberado pelas fábricas se une às partículas de água e depois cai em forma de chuva ácida como H2SO4. Não havia estudado isso em Hogwarts, lá não ligavam para o fato daquela cidade ter sido o berço das indústrias, aprendeu isso lendo o jornal trouxa todo dia de manhã.

Ela chegava cedo — às vezes passava a semana na rua, então "cedo" não era algo que realmente se aplicava —, comprava o jornal na mesma banca de sempre e então esperava quando começasse a chover. Gostava de olhar a chuva, em alguns momentos de longe, enquanto esperava o tempo melhorar novamente dentro de algum café ou de uma livraria, em outros gostava de se sentir o mais ligada possível a natureza, não ligava de molhar um pouco as roupas.

Dessa vez, ela se deitou num banco no meio da rua. Sentiu as gotas caindo em seu rosto e em seu couro cabeludo, encharcando todo o seu cabelo. Olhava para o lado e via as pessoas correndo com os guarda-chuvas na mão, se escondendo nos toldos das lojas enquanto tiravam seus celulares do bolso para avisarem aos cônjuges que chegariam atrasados. As galochas das crianças fazem barulho e fazem a água saltar do chão, chegando a altura de seus joelhos e as molhando mais do que aconteceria se estivessem com sapatos normais. Elas gritam e parecem se divertir, é tudo uma brincadeira. As capas de chuva são extremamente chamativas.

Algo atrapalha sua visão, são roupas escuras e ela as reconhece, mas ela não ousa se mexer.

— Eu vim te buscar — ele falou. Era seu namorado, Oliver Wood.

Ela se sentou no banco, olhando para ele e sinalizou com a cabeça para que o mesmo sentasse ao seu lado. Ele assim o fez, sem medo de se molhar, sentou no banco e segurou a mão dela. Oliver sabia o que ela estava tentando dizer: "vamos ficar aqui, sem falar nada, só mais um pouco, por favor", e não tinha como ele negar.

Sempre que ela sumia por muito tempo, ele sabia exatamente o lugar que ela poderia estar, era apenas uma questão de tempo até que ele aparatasse em Londres e buscasse por ela. Era difícil, mas ele sabia que se planejava um dia estar "na saúde e na doença, na alegria e na tristeza" junto a ela, ele precisava encarar isso e estaria ao seu lado não importando o que precisasse.

Mare sente que poderia morrer agora e estaria feliz. Ela não aguentava mais e passou anos sem conseguir se olhar no espelho. Havia perdido coisas demais e achou que, quando a guerra acabasse, ela conseguiria voltar a se sentir inteira, que todo esse ciclo de destruição teria se encerrado, mas nunca conseguiu. Agora, ela tinha muitas decepções e nenhum objetivo.

Mas, naquela fração de segundo, tudo estava bem: as revistas bruxas não estavam falando mal dela por ter se demitido de seu time, seu pai estava seguro em casa depois de ter passado meses sendo torturado e forçado a fazer propaganda ao governo de Voldemort, seu namorado estava segurando sua mão e a chuva continuava caindo sobre sua cabeça. Essa fração de segundo foi a coisa mais bonita que ela pode experimentar desde que tudo começou a desmoronar.

𝐓𝐇𝐄 𝐐𝐔𝐈𝐃𝐃𝐈𝐓𝐂𝐇 𝐂𝐇𝐑𝐎𝐍𝐈𝐂𝐋𝐄𝐒 ↬ 𝒐𝒍𝒊𝒗𝒆𝒓 𝒘𝒐𝒐𝒅Onde histórias criam vida. Descubra agora