XXXIV.

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Devo admitir que chorei escrevendo, por isso colocarei esse aviso de gatilho no começo do capítulo. A interpretação de Maureen sobre o abuso (sim, é abuso) sofrido acontece e não deve ser julgado. Vítimas podem passar pelo processo de se culparem, ou outras pessoas podem culpá-las, mas isso é apenas uma percepção irreal da situação. Devo sempre lembrar que A CULPA É SEMPRE DO ABUSADOR. O conceito de culpa na história também é uma ferramenta de manipulação, como podem ter percebido, fazer com que a vítima se sinta culpada por não ter se "defendido" do abuso. Fiquem alertas aos detalhes. Se você tiver passado por algum tipo de abuso, procure ajuda, mesmo que isso pareça impossível e lembre-se que nem todo abuso é físico. 

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Minerva abriu a boca para dizer algo e Dumbledore ergueu a mão, indicando que continuasse calada. Gostaria de ver como Barty reagiria às perguntas de Maureen O'Hare e o quanto de informação daria a ela, considerando que, por causa desse favoritismo pela garota, estaria mais disposto a colaborar. 

– O que fez depois? Pra que usou a varinha? – Mare perguntou.

– Ouvi os gritos dos Comensais da Morte. Os falsos, que lhe viraram as costas, que jamais haviam ido para Azkaban, que não estavam presos e não procuraram pelo meu amo – bateu o punho no braço da cadeira e Snape apontou a varinha para ele. Crouch suspirou, sem desviar o olhar de Maureen – eles estavam se divertindo com os trouxas e eu senti raiva. O acampamento estava uma bagunça, todos correndo de um lado para o outro. Conjurei a Marca Negra no céu e, no meio de todos os destroços, estava você. Foi como se um raio tivesse passado por mim. Ele passou por você também? Essa adrenalina correndo pelas veias. Poucas pessoas têm isso na vida. A primeira vez que tive foi quando conheci Voldemort, eu simplesmente virei outra pessoa. Existe um antes e um depois de conhecê-lo, entende? E, depois, quando eu o vi pela segunda vez.

– Como foi isso? – Harry perguntou, irritado, e o tique de Barty apareceu.

– Eu fugi, estava livre, e ele me encontrou – riu, alto. – Sabia que eu era seu servo mais fiel e disse que precisava de mim. Conversamos sobre o velho auror Alastor Moody lecionar em Hogwarts durante o ano letivo e o que aconteceria durante o torneio tribruxo, coisa que havia ouvido meu pai falar enquanto estava sendo mantido sob a maldição imperius. Ele precisava de um servo fiel que vigiasse Harry Potter e que garantisse que o garoto chegasse a Taça Tribruxo que, como Maureen sabe, eu transformei em uma chave de portal – seus olhos se arregalaram e um sorriso apareceu em seu rosto. – Eu mostro minha marca, se me mostrar a sua.

Puxou a manga da blusa, mostrando sua tatuagem no antebraço esquerdo; era uma marca negra com tinta forte, diferente do que os jovens da sala já haviam visto. Se mexia em ondas, como se estivesse viva. Dumbledore puxou o braço de Harry para mais perto e mostrou o corte profundo também feito em seu antebraço. Barty Crouch Jr. riu alto.

– Sabe o que isso significa, não sabe? Ele voltou. Lorde Voldemort voltou.

Ao som das gargalhadas de Crouch Jr., o diretor empurrou as costas de Harry em direção à saída da sala – precisavam ir até a enfermaria antes que o corte infeccionasse. Porém, antes de sairem, o garoto se virou para Maureen e gritou:

– VOCÊ SABIA?

– Eu não... eu achei que fosse um sonho – sua voz saiu falha. Era sua culpa – eu achei que todos os pesadelos fossem da minha cabeça, que estava tendo alucinações e – lágrimas começaram a descer por suas bochechas, visivelmente abalada. Potter entendeu que era tão vítima quanto o mesmo e saiu do quarto.

Maureen não se sentia uma vítima. Era o motivo de Cedric estar morto. Se tivesse percebido os sinais, se tivesse conversado com Dumbledore ou com outro professor, se tivessem compreendido a situação e anulado o torneio, se ela não tivesse sido burra o suficiente e causado a volta de Voldemort. Se sentia um monstro.

𝐓𝐇𝐄 𝐐𝐔𝐈𝐃𝐃𝐈𝐓𝐂𝐇 𝐂𝐇𝐑𝐎𝐍𝐈𝐂𝐋𝐄𝐒 ↬ 𝒐𝒍𝒊𝒗𝒆𝒓 𝒘𝒐𝒐𝒅Onde histórias criam vida. Descubra agora