Capítulo 18

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 ATENÇÃO: Este capítulo contém gatilhos.


― Não faz essa cara, João.

― Nós dois sabemos que dava para terminar de assistir o capítulo, Rafael. Ângela sempre se atrasa. ― Meu amigo bufa inconformado.

― Isso é verdade! ― Julinha concorda dando risada. ― Nessas últimas semanas que saímos juntos, ela nunca chegou no horário.

― Por que ela sempre se atrasa, ladrão de doces? ― A bebê da família pergunta curiosa.

Por que provavelmente gasta uma hora só no banho, lutando com a porra do sabonete que cai a cada dois segundos.

Mas não é isso que respondo, é claro.

― Já desisti de tentar entender. ― Dou de ombros.

Estamos em um pub perto da universidade da bebê loira. Hoje é uma quinta-feira, e depois de quatro semanas saindo todos juntos, decidimos convidá-la para passar o final de semana na chácara.

Todos dizem que isso é um grande passo. Eu não consigo enxergar essa grandiosidade que minha família insiste em dizer que esse convite significa.

Somos amigos que fodem juntos. Já passei por isso antes, a única diferença é que dessa vez minha família simpatizou com a moça.

Sonso.

Ouço a voz da própria demônia na minha mente.

Esse último mês foi completamente diferente de tudo que eu já vivi. Mesmo eu insistindo em dizer que nada mudou, que me sinto igual, é mentira.

Minha rotina consiste em: de manhã treinar - sim, precisei mudar meu horário de treino, para o meu desespero -, depois ir para a empresa. A noite para a boate e assim que saio de lá sigo para o apartamento da Ângela, quando ela não está de plantão, obviamente. Sexta a noite e os finais de semana são exclusivos da minha família, porém, sinto que falta algo. Coisa que nunca senti em toda a minha vida.

Sorrio com a lembrança da primeira vez que dormi em seu apartamento...

Alô. sua voz sai embargada, fazendo meu coração acelerar.

Por que está chorando, anjo? pergunto marchando para dentro do seu prédio, pouco me importando de não ter sido convidado.

João vem logo atrás.

Porque ele morreeeeeu... diz aos prantos me deixando desesperado.

Quem morreu, anjo? pergunto angustiado subindo até o quarto andar.

Conversei com Luiz não tem nem duas horas.

O.. o.. he.. Héctooooooor... Franzo o cenho.

Quem diabos é Héctor?

Chego esmurrando a porta do seu apartamento. Instantes depois uma Ângela com os olhos vermelhos, fungando o nariz e rosto banhado de lágrimas abre a porta e se joga em meus braços. João imediatamente entra no apartamento para conferir o que está acontecendo.

Tá tudo bem, anjo. Vai ficar tudo bem! Tento confortá-la. A pego em meus braços e logo ela enlaça minha cintura com suas pernas.

Meu amigo aparece com um semblante confuso, balançando a cabeça e indicando que não tem problema algum.

Entro e me sento no sofá, esperando sua crise de choro passar para saber o que houve.

FOI AQUELA ATRAÇÃO - SÉRIE CUERVO - LIVRO 2Onde histórias criam vida. Descubra agora