FOI AQUELA ATRAÇÃO - SÉRIE CUERVO - LIVRO 2

Capítulo 47

A dor só te torna mais forte.

Quem caralho proferiu essa bosta de frase é um verdadeiro imbecil. De certo ele nunca, nunca sentiu dor.

Pelo menos não a dor que eu sinto nesse momento.

A cada sessão de tortura eu me sinto mais e mais fraca. Meus músculos estão tão fodidamente doloridos que ouso dizer que logo vou desmaiar de exaustão.

— Não me parece tão atrevida igual aquela noite no pub, mulatinha. — Trinco meus dentes tão forte, que ouço rangerem.

Quando a Barbie moda e magia passou pela porta mais cedo, eu vi no seu olhar que eu estava fodida.

Seu olhar diabólico e sorriso perverso me falaram claramente o quanto eu sofreria nas suas mãos.

Já devem ter passado umas seis horas desde que acordei. Icaro até agora se limitou em ser meu torturador psicológico, enquanto essa cadela filha da puta assumiu o posto de torturadora física.

— Você é tão sem graça. — resmunga fazendo careta. — Seria mais divertido se implorasse.

Estou contida em cima daquela mesa macabra no meio do cômodo, Evelyn já usou três tipos de facas comigo, e apesar de gemer e não conseguir controlar as lágrimas de dor e desespero que deslizam pelo meu rosto a cada minuto, não imploro para que ela pare.

Não darei a porra desse gostinho para essa desgraçada.

Tenho cortes pelos braços, pernas, coxas, barriga e a cada vez que a lâmina desliza pela minha pele, é como se tivessem dilacerando a minha alma. A dor é insuportavelmente indescritível.

— Veja só o que o seu amor fez com você, Ângela. — Ícaro tem a voz venenosa. — Esse sentimento que você insiste em nutrir dentro de você só te destrói.

A risada que ele solta me causa calafrios.

— Pessoas como você não nasceu para amar ou ser amada. Vocês nasceram para serem usados.

— Isso não é verdade! — Minha voz sai vergonhosamente fraca.

— Não dê ouvidos a eles, Angel. — Lui fala com uma certa dificuldade. Ícaro dá uma risada e mais uma vez apaga meu irmão. Não vamos aguentar por mais tempo. Eu sei que não vamos.

— Acha que se você não tivesse dado ouvidos a esse sentimento que não lhe cabe, estaria nessa situação? — questiona com prepotência. — Sempre tão burra. Desde criança deixando essa porra de amor te dominar. Burra!

O jeito que ele cospe as palavras é tão brutal, tão raivoso que que consegue me causar mais dor que os cortes em meu corpo.

— Você já tinha tido uma prova que seu amor é errado e te causava dor, Ângela. Cuidei disso pessoalmente enquanto arrombava seus buracos. — Suspira, como se tivesse lembrado de algo. — Fui um excelente amigo para você. Mas burra, acabou caindo novamente nesse sentimento ridículo. Será que devo refrescar sua memória?

Ele leva seu polegar no meu lábio deslizando-o pelo meu pescoço, colo, barriga e parando em minha calcinha.

Pressiono meus lábios.

Isso não, por favor, isso não!

Começo a rezar desesperadamente para que ele não avance sua mão, enquanto debato meu corpo naquela mesa de alumínio.

Não vou suportar ser abusada novamente, não vou.

— Não gaste seu tempo, amigo. — a Barbie chama atenção para si. — Ela não terá outra oportunidade de colocar suas dicas em prática, afinal, morto não sente nada.