Capítulo 9

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Faço o caminho de volta para o quarto me amaldiçoando por ter demorado mais tempo do que havia previsto.

Escrotos do caralho!

Minha intenção no oitavo andar era unicamente em pegar um analgésico para ela, só isso. Mas eu devo ter pregado chiclete na cruz, porque não eram nem sete horas da manhã e já tinha B.O para ser resolvido.

Incêndio?

Não.

Invasão?

Não.

Terceira guerra mundial?

Também não.

Era a porra de um adultério.

O filho da puta resolveu vim comer a secretária aqui na minha boate, ele só não contava que a esposa descobriria sua traição, também saindo com o seu próprio secretário.

Adultério duplo, meus amigos!

Com certeza preguei chiclete na cruz.

Foi uma gritaria do caralho, porque além de cuzões, ainda eram infantis.

Encontro João em frente aos elevadores e não preciso ser nenhum gênio para entender o que aconteceu.

- Faz quanto tempo? - passo por ele indo em direção ao quarto vestir minhas roupas.

- Exatos vinte minutos.

- E não foi atrás dela por que?

- Porque não me considero nenhum perseguidor.

Bufo com raiva.

Mas que caralho.

Vou para a sala de monitoramento.

- Bom dia, senhor! - Um dos seguranças que fica de olho nas câmeras me cumprimenta.

- Bom dia - balanço a cabeça - quero imagens do térreo de trinta minutos atrás, por favor.

- Ok. - Com agilidade ele digita no teclado a sua frente e em poucos segundos imagens de todas as câmeras do térreo aparecem no grande telão da sala.

Não demora muito e eu a vejo. Seus cachos ainda molhados balançando conforme ela anda, sua surpresa pela rapidez de ter de volta seu celular, ela levando alguns segundos mexendo nele e logo sua imagem desaparecendo do local.

- Quero saber para onde ela foi. - Não preciso explicar, em poucos instantes tenho imagens do lado de fora da boate. Vejo o momento que ela entra em um carro, provavelmente um uber. Quando sua cabeça encosta no banco do carro, ele se vai.

Franzo o cenho voltando a imagem e congelando. Dou zoom e tenho a certeza do que vejo. Tá bem ali. Sua tristeza está bem ali.

Porra, mas por que?

Obrigado. - Agradeço saindo de lá, indo para o meu escritório.

- Por que caralho você não a impediu, João? - Brado tentando não explodir.

- Ela pediu para eu mostrar onde era a saída, eu até tentei argumentar, mas ela não me deu chances. - Ele dá de ombros. - Jamais a forçaria a ficar.

- Eu sei. - Ele fez o certo, mas isso não me deixa menos estressado. - Te deixei lá pra ficar de olho nela, porra!

- E eu fiquei de olho nela, sua ordem não foi pra eu prendê-la no quarto, Rafael.

- Vai se fod... - me controlo. - Mas que caralho, João!

Ele revira os olhos.

- Não haja como se não tivesse como descobrir quem é a garota.

FOI AQUELA ATRAÇÃO - SÉRIE CUERVO - LIVRO 2Onde histórias criam vida. Descubra agora