Capítulo 16

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- Tem certeza que não quer dar uma passadinha no quinto andar?

- Tá maluca? - questiono com a cabeça enfiada no vão do seu pescoço, minha voz sai tão preguiçosa quanto a dela. - Preciso de pelo menos umas seis horas de descanso depois dessa noite.

E também não consigo sentir tesão em imaginar alguém tocando nela. Na verdade, só o simples pensamento me deixa nervoso.

Mas ela não precisa saber disso.

São quase seis horas da manhã, passamos a madrugada inteira fodendo como dois coelhos enlouquecidos. Nunca em toda a minha vida tive uma conexão tão intensa com alguém no sexo como com ela. Ângela faz meu corpo ansiar pelo dela a todo momento, minhas mãos querem tocá-la o tempo todo. Como agora, estamos os dois exaustos deitados na cama, e minhas mãos passeando por sua barriga negativa enquanto me embriago com seu cheiro.

- Nem me fale! - Ângela dá uma risadinha e boceja.

Ela sem dúvidas está exausta e muito dolorida, o que me faz lembrar de algo. Sem muita vontade, me afasto dela e vou em direção a pequena mesa que fica no canto do quarto, pego o que eu quero dentro do bolso do meu paletó e busco uma garrafa de água no frigobar.

- Aqui, anjo! - Ela franze a testa, desconfiada.

- Sempre anda com remédios no bolso? - Questiona se sentando e fazendo uma careta de dor que em vez de me deixar satisfeito, como sempre acontece em situações assim, me deixa estranho. Saber que ela está com dor me deixa estranho de um jeito totalmente diferente.

- Não, só queria me prevenir dessa vez. - A ideia de sair desse quarto e não encontrá-la novamente me deixa desconfortável, não quis arriscar.

Ângela me olha com um pedido de desculpas, e só então percebo o que eu falei.

- Eu não vou embora sem te avisar, prometo. - Garante com o tom de voz suave.

- Sei que não - volto para cama trazendo seu corpo junto ao meu - mesmo porque, minhas ordens são que você só sai dessa boate acompanhada por mim.

- Homem prevenido é tudo, não é mesmo? - Ângela se aconchega em meus braços. - Mas o cacete que você precisa me autorizar para sair daqui, eu vou sair quando eu quiser.

- Que boquinha suja!

Um pensamento passa rapidamente na minha mente, são segundos, mas foi o suficiente para me deixar angustiado.

Como vai ser quando ela realmente quiser ir?

Não digo hoje, ou amanhã, mas quando ela finalmente perceber que precisa de mais do que essa vida de curtição?

Firmo meu aperto em volta do seu corpo e adormeço com essa sensação estranha dentro de mim.

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Eu tô puto.

Eu tô muito puto.

A mulher que eu inocentemente apelidei de anjo, na verdade é um demônio disfarçado. Um demônio teimoso, inclusive.

Ângela fez questão de me arrastar até o térreo para buscar seu documento e celular, mesmo eu falando um milhão de vezes enquanto tomávamos banho que João poderia pegar.

Acho que ela fez de propósito.

Dirijo um olhar duro para outro homem que a devora com o olhar.

Mas que caralho, ninguém respeita mais uma mulher acompanhada?

- Por que essa cara, covarde? - Questiona divertida, assim que termina de pegar suas coisas.

- Era só ter pedido para o João... - deixo a frase morrer quando meu cérebro capta o que ela disse.

FOI AQUELA ATRAÇÃO - SÉRIE CUERVO - LIVRO 2Onde histórias criam vida. Descubra agora