Capítulo 51 PARTE 1

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Acordei já tem um tempo. Uma queimação em meu peito me despertou. Precisei de poucos segundos para me lembrar do que aconteceu. As lembranças estão frescas na minha memória.

Quando eu encontrar um amor pra mim

Tem que ser bonzinho, eu só quero assim

Tem que ter respeito, me querer demais

Tem que ser perfeito ou mais

Se quiser sair, só comigo sai

Se eu não quero ir, também ninguém vai

Tudo que eu pedir, me responde ok

Se não for assim não sei...

Ela ficou.

Aquela mulher que usa a fuga como mecanismo de defesa, está neste momento estourando meus tímpanos com a sua voz de gata no cio.

Porra, o que tem perfeita tem de desafinada pra caralho!

— Primeiro foi ele, agora é ela. — O gatão geme. — O que tem com vocês dois que sempre que uma situação assim acontece começam a cantar? Por acaso vocês acham que são personagens da Disney?

Meu peito dói com a força que faço para permanecer quieto depois desse comentário.

— Pela misericórdia, Guilherme!

— É exatamente isso, carinho. Já tô pedindo misericórdia.

— Seu irmão me chama de anjo. — Minha mulher se defende.

— Mas..

— Definitivamente, você não tem voz de um. — Minha voz sai rouca. Ângela ofega enquanto seus olhos começam a se encher de lágrimas. — E você já encontrou o seu amor, Ângela. Eu sou tudo isso e um pouco mais.

As lágrimas deslizam pelo o seu rosto, fazendo o meu coração saltar dentro do peito.

Eu tive medo.

Eu tive um medo do caralho de nunca mais ver a minha família.

Nunca mais ver a mulher que bagunçou a minha vida da forma mais fodidamente gostosa que existe.

Tive medo de não conseguir viver esse amor.

Eu tive tanto medo!

— Você acordou. — sua voz embargada faz meus olhos pinicarem. — Caralho, covarde, nunca mais tome um tiro no meu lugar. Nunca mais!

É uma demônia mesmo.

— Não posso garantir isso. — Jamais vou me arrepender de ter levado um tiro em seu lugar. — Não me perdoaria se aquela maluca te ferisse ainda mais, anjo.

Passeio o olhar pelos seus braços de fora, meus olhos se enchem de lágrimas. Evelyn não podia tê-la marcado dessa forma. Foi cruel demais.

— Me perdoa, Rafael? — estendo a mão para ela, não entendendo seu pedido de perdão. Acredito que minha expressão me entregou, pois ela logo explica. — Eu não devia ter ido sozinha atrás do Lui. Quando recebi aquela foto, parece que todo o treinamento que tive nas últimas semanas evaporou. Eu só pensava em tirar meu irmão das mãos daqueles filhos da puta e.. e.. ai..

— Não peça perdão por ter sido você mesma, anjo. Não peça perdão por ser a minha precipitada do caralho. — Faço um gesto com a mão, indicando que se aproxime. — Você não teve culpa, fez o que qualquer um faria.

— Sua mãe fa.. falou is.. isso. — Seu corpo sacode com os soluços. Mordo meu lábio inferior para não escapar uma risada. Ângela chorona é engraçado. — E também disse que sou uma sobrevivente. Eu sou mesmo. Eu.. eu precisava que você acordasse para dizer que sou a vítima, eu sei que sou a vítima agora. Ainda bem que você acordou porque eu precisava te dizer isso!

FOI AQUELA ATRAÇÃO - SÉRIE CUERVO - LIVRO 2Onde histórias criam vida. Descubra agora