FOI AQUELA ATRAÇÃO - SÉRIE CUERVO - LIVRO 2

Capítulo 39

ATENÇÃO: Alerta de gatilhos.

— Oraci Bueno acaba de chegar, Rafa. — Franciele anuncia do outro lado da linha.

— Deixe-o entrar, Fran.

Sorrio, alongando meu pescoço.

Quando esse pedaço de merda disse que entraria em contato, ele não mentiu. Ontem, segunda-feira, recebi sua ligação cheio de marra marcando um horário para hoje. Mantive o personagem e aceitei todas as suas exigências por telefone. Mas ele não perde por esperar.

— Boa tarde, meu amigo. — Cumprimenta sorridente.

— Fran, avise os outros, por favor.

— Sim, senhor! — Dou uma piscadinha para minha secretária que só me chama de senhor quando não vai com a cara da pessoa que irei atender. É o nosso código.

— Lembro de dizer que a reunião seria apenas nós dois, Rafael.

Jogo uma trufa na boca ignorando-o. Logo meus irmãos e meu pai entram na sala, junto com nossos seguranças.

— Que porra é essa? — Acho que ele começou a ficar nervoso.

Ainda em silêncio, mando uma mensagem para Ângela avisando que a reunião vai começar.

— Pelo o que eu entendi, — começo a falar — seu desejo é que eu invista na sua empresa de produtos naturais. É isso?

Ícaro me olha desconfiado, depois olha para trás e volta a me olhar balançando a cabeça.

Imbecil.

— Exato.

— Certo. — Jogo minhas costas na cadeira. — E caso eu não tenha interesse?

— Vou precisar te convencer de um outro jeito, meu amigo.

— Me chantageando com um vídeo da minha mulher, você quer dizer.

— Sempre consigo o que eu quero. — Dá de ombros.

E é aqui que eu decido parar de enrolação.

— Eu até curti a ideia de expandir a sua empresa, mas um dos sócios não me agrada, se é que você me entende. — Sorrio.

— Vejo que fez o dever de casa, meu amigo.

— Não seria um empresário de sucesso se não sondasse o terreno que estou prestes a pisar, não é mesmo?

— Com certeza. — Me controlo para não gargalhar com a sua cara de animado. — Apesar de você não estar em condições de exigir nada, estou disposto a convidar esse sócio que não te agrada a se retirar. Se é que você me entende.

Ele sorri largamente.

É um verme.

— Entendo, com certeza eu entendo.

— E quem seria, meu amigo?

— O antigo sócio majoritário. — Passeio a ponta dos meus dedos pelos meus lábios analisando atentamente sua expressão.

— Que palhaçada é essa, Rafael? — Ícaro mexe em sua gravata, demonstrando nervosismo. — Acredito que tenha esquecido o que está em jogo aqui.

Me levanto jogando mais uma trufa na boca e apreciando aquela explosão de sabor, sem pressa.

— Acredita que ontem acordei querendo me tornar CEO de uma empresa no ramo de produtos naturais, meu amigo? — Paro na sua frente cruzando os braços, fazendo uma cara de sonso.