Capítulo 48

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ATENÇÃO: Alerta de gatilhos.

Quando vejo a faca voando da mão da demônia que é desprovida de mira, me preparo para o caos.

Não tem como aquilo dar certo. Ângela tem a péssima mania de atirar com os olhos fechados, dificultando totalmente o seu resultado.

Não dá outra. A faca que, eu imagino que tinha o destino de atingir as costas do filho da puta do Ícaro, voa por cima da sua cabeça, bate na parede e cai aos seus pés.

Eu daria risada da cena, se a situação fosse outra. Antes que ele pense em reagir, eu avanço em sua direção. Ícaro tem um péssimo reflexo, nem consegue ver de onde está sendo atacado. Soco sua cara, seu estômago e o desarmo. Pela minha visão periférica, consigo ver Evelyn se aproximar de Ângela, com sangue nos olhos.

— EU JÁ FALEI O QUANTO VOCÊ É UMA PRECIPITADA DO CARALHO? — Grito, atirando na fivela do cinto que prende suas pernas, e libertando-a de vez.

Eu mandei ela ficar quieta, porra!

— Inúmeras vezes! — Responde ficando de pé no momento exato que Evelyn a ataca. Prendo a respiração, para logo em seguida voltar a respirar, aliviado.

Ângela pode ser um desastre com armas, mas é excelente em defesa pessoal. Não me surpreende nem um pouco sua agilidade em se defender e atacar sua adversária. O que me deixa surpreso, no entanto, é Evelyn se mostrar tão boa quanto.

— Porra! — Simon bloqueia a entrada dos demais e leva seu olhar para o teto. — Preciso da sua permissão, Rafael.

Estreito os olhos precisando de alguns segundos para entender o que ele quis dizer. Quando eu entendo, é a minha vez de xingar.

— Continue com os olhos no teto. — Ordeno, bravo. Percebo Ícaro começar a se levantar, então chuto seu estômago para conseguir mais tempo. Olho em volta buscando por algo que possa me ajudar, só encontro uma blusa de moletom. Vai ter que servir!

— Mulatinha desgraçada! — Evelyn está furiosa, atacando impiedosamente. Ângela está machucada, cansada e provavelmente assustada pra caralho, mas nem mesmo isso a impede de se defender com maestria.

Perfeita pra caralho!

Balanço a cabeça para me concentrar na minha missão, cobrir o corpo nu da minha mulher.

— Chega, Evelyn. — Falo sério, segurando seu punho fechado que tinha como destino o rosto da Ângela. Ainda com os olhos naquela maluca, estendo o casaco para a razão do meu desespero nas últimas horas. — Se veste.

— Você estragou tudo, Rafael. Tudo! — Evelyn puxa seu braço com força, ofegante. — Por que? Por que fez isso, por que?

Estreito os olhos para todo o seu drama. Eu amo novelas mexicanas, todo aquele drama exagerado, o enredo óbvio com pitadas de surpresas me cativa pra caralho. Mas isso é só nas telinhas, na vida real eu dispenso essa porra.

— Pronto! — Ouço meu filhote de demônio dizer e desvio o olhar para a porta, liberando a passagem dos demais. — Tirem meu irmão daqui, por favor.

Trinco os dentes para a voz desesperada da Ângela. Luiz realmente parece bem mal. Seu rosto está muito machucado, sua barriga parece ter um corte profundo e seu corpo todo jogado na cadeira deixa a visão ainda pior. Sei que ele está vivo. Fiz questão de conferir sua respiração assim que me deparei com a cena de horror quando entrei nesse cômodo macabro. Mas sendo honesto, apesar da visão do meu cunhado ser deprimente, não me abalou tanto quanto ver a minha mulher em cima de uma mesa fria, nua, amarrada e com seu corpo todo cortado. Foi como receber um soco na cara. A imagem partiu meu coração ao meio. Quase joguei para o alto todo o treinamento de anos, mas eu sabia que isso só iria piorar a situação. Eu precisava ver qual o grau de insanidade desses dois, antes de finalmente tomar uma atitude. Eram duas vidas dependendo de mim dentro daquele lugar. Mais que isso, porra, eram duas vidas por minha causa, dentro daquele lugar.

Ela nunca vai me perdoar...

— Tirem os dois daqui. — Deixo bem claro a minha ordem e vou em direção ao pedaço de merda que tenta mais uma vez se levantar.

— A boceta dela é boa, não é? — Balbucia, tendo a cara de pau de dar um sorriso. — O cuzinho então, é de outro mundo.

Agarro seus cabelos puxando seu rosto de encontro ao meu joelho. Ele grita, seu nariz começa a jorrar sangue. Simon e João começam a tirar Luiz, enquanto eu começo a dobrar as mangas da minha camisa.

— Vai escolher ela, Rafael? — Evelyn questiona, desesperada. Ícaro começa a gargalhar.

— Olha para aquele rabo, patricinha. Só um idiota não escolheria aquela negra gostosa. — Minhas narinas se dilatam, minha visão fica escura e eu avanço como um touro, completamente enraivecido. Soco uma, duas, cinco vezes aquela boca nojenta, sentindo prazer em ver o desgraçado perdendo alguns dentes.

Ícaro geme, antes de cuspir sangue e voltar a defecar pela boca.

— Pode me bater a vontade, mas você nunca vai conseguir tirar a satisfação que eu tive, deflorando os buracos dela.

— Estuprando, seu filho da puta. — Rujo. — Você a estuprou.

— Foi isso que ela te disse? — Cospe mais uma vez. — Ela parecia sentir tanto prazer enquanto gozava no meu pau.

Desgraçado.

Filho da puta desgraçado.

Minha respiração está acelerada, meu coração batendo com tanta fúria dentro do meu peito que tenho a impressão que vai explodir a qualquer momento.

Eu tô irado. Sinto cada parte do meu corpo ser possuída pela ira mais crua que se possa existir. Acredito que Ícaro tenha percebido que algo mudou, pois quando ele olha nos meus olhos, os seus se arregalam. Não duvido que, neste momento, meu olhar seja demoníaco, conseguindo transmitir absolutamente tudo que quero fazer com ele. Ícaro começa a dar passos vacilantes para trás, à medida que percebe que está fodido. Tudo à minha volta se desliga. Só consigo enxergá-lo na minha frente enquanto suas palavras ecoam pela minha mente.

Paro apenas para pegar um dos inúmeros facões pendurados na parede próxima de mim. E então eu sorrio.

— Também sei dar prazer distorcido, meu amigo. — Minha voz sai baixa, mas tão fria que o faz tremer. Ele tenta me acertar, porém, está tão arrebentado que mal tem forças para lutar contra mim. Amarro suas mãos na intenção de ter o caminho livre, não estou a fim de lutar. Quero me divertir. Começo a abaixar suas calças aos sons dos seus gritos histéricos.

— Ah, qual é, meu amigo? — alongo meu pescoço, girando o facão em minha mão. — Não precisa desses gritos todos. Eu sei que você ta gostando. Vou te dar tanto prazer.

Começo a abaixar suas calças, fazendo uma careta quando ele começa a se molhar inteiro e...

Por favor, não faça isso. Esse não é você. Por favor, covarde, para com isso. Volta pra mim. Por favor.

Franzo o cenho, parando meus movimentos.

Olha para mim, covarde. — Ouço ao longe a voz dela. — Não vale a pena. Não vale!

Balanço a cabeça para afastar a sua voz. Meu corpo sofre alguns impactos, parecidos com socos, tapas, mas não dou a mínima.

Tenho um pau para decepar, porra!

 história ainda nem acabou e eu já estou morrendo de saudade 😭

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história ainda nem acabou e eu já estou morrendo de saudade 😭

Um suuuper beijo e até amanhã!

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FOI AQUELA ATRAÇÃO - SÉRIE CUERVO - LIVRO 2Onde histórias criam vida. Descubra agora