Capítulo 15

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Eu tentei. Eu juro que tentei.

Só que não aguento mais!

As palavras do Rafael ecoam na minha cabeça me deixando cada vez mais sufocada e desesperada, porque toda vez que eu penso em ir em busca de tudo aquilo que ele falou, minha vontade é de ir atrás dele.

Meeeeeeerda.

Entro no saguão chamando a atenção, é sempre assim. Se são meus cabelos volumosos e cacheados, meu corpo magro e bem malhado, ou a minha cor, eu não sei. Mas dificilmente passo despercebida. Isso já me incomodou muito, quando mais nova os olhares não eram como o dessa noite de admiração ou curiosidade. Não, antigamente eram olhares de nojo, desconforto ou medo. Era muito difícil entrar em um lugar e não ser convidada a me retirar. Hoje eu cresci, trabalhei em cima de uma imagem que dificilmente é enxotada de algum lugar.

- Boa noite, bem vinda a Seduction! - O simpático rapaz me cumprimenta.

Pois é, decidi vir em busca do que eu quero. Rafael tem razão, preciso começar a buscar parceiros de fodas melhores do que tenho arrumado. E quem melhor que o cara que me deu esse conselho?

Poderia ter ligado para ele? Sim, eu poderia.

Poderia pedir para falar com ele em vez de insinuar que vou curtir a noite em um dos andares? Com certeza.

Mas preciso testar uma teoria.

Entrego meu celular e meu documento para o rapaz simpático.

Quando um homem aparece dizendo boa noite e cochicha algo no ouvido do moço que está me atendendo, sorrio satisfeita.

Ah, Rafael!

Aceito pacientemente as desculpas que o moço me dá a cada cinco minutos pela enrola no atendimento.

" Será que você sente
Tudo o que eu sinto por você? " - Começo a cantarolar, até que ouço um pigarrear atrás de mim.

- Boa noite, Ângela.

- Boa noite, João. - Retribuo o sorriso. - Ele mandou me buscar, não foi?

Arqueio a sobrancelha convencida, minha teoria estava certa.

- Pode me acompanhar?

Balanço a cabeça, me despeço do moço que passou os últimos 20 minutos me enrolando, e não deixo de perceber sua cara de alívio ao me ver saindo dali.

Acompanho o João até os elevadores, ele digita um código no painel e começamos a subir.

Se eu fosse uma menininha ingênua e inocente, poderia ter ficado em casa esperando o príncipe encantado criar coragem e ir atrás de mim. Mas não sou uma menininha inocente, muito menos ingênua e essa maldita atração que sinto por ele não me deixaria esperar nem mais um dia. Atração essa, que ele também sente por mim, eu tenho certeza.

- É sério que ele esperou eu aparecer aqui para tomar uma atitude? - Questiono enquanto passamos pelos andares.

- Dependendo do assunto, Rafa se torna covarde. - João comenta tranquilamente.

- Sorte a dele que eu possuo coragem por nós dois. - Pressiono os lábios assim que percebo o que eu disse.

Meeeeeeeeerda.

- Chamou ele de covarde? - pergunto como quem não quer nada, e ele me olha arqueando as sobrancelhas - Prometo não fofocar para ele se você fingir que essa conversa nunca existiu.

Estico minha mão na esperança dele selar nosso acordo, e suspiro aliviada quando ele estica sua mão até a minha. Saímos da caixa de metal e eu posso jurar que ouvir João murmurar algo como "as meninas precisam saber disso", mas devo estar ficando louca.

FOI AQUELA ATRAÇÃO - SÉRIE CUERVO - LIVRO 2Onde histórias criam vida. Descubra agora