Capítulo 55

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 Em nenhum momento seus olhos se desviaram dos meus.

 
Rafael declarou os seus votos da forma mais verdadeira e romântica que eu já vi na vida.

Ainda presa nessa bolha que ele criou ao nosso redor, eu escancaro o meu coração:

— Passei anos buscando por algo que você me deu no nosso primeiro contato, covarde. Eu não pude acreditar. Eu não queria aceitar. Conhecer você me despertou para tantas coisas, me fez renascer para tantos sentimentos, que me vi completamente confusa e assustada. Você disse que foi difícil me fazer te amar, mas eu comecei a te amar no momento que passou aquela pomada em mim. — Fungo com as lembranças e uma lágrima escorre pela sua bochecha direita. — Eu te chamo de covarde, mas a real é que a covarde sempre foi eu. Assim que me vi apaixonada por você, eu quis correr desse sentimento. Tive medo. Tive tanto medo. Já você mergulhou de cabeça, batendo no peito e dizendo que daríamos certo sim, prometendo que eu não iria me machucar como foi no passado. Diferente do que você pensa, você cumpriu a sua promessa, covarde. Você nunca me feriu, nunca me machucou, Rafael, nunca.

Sei o quanto ele se sentiu culpado por tudo que passamos e desejei com todas as minhas forças ter o poder de arrancar esse sentimento de dentro dele.

Rafael morde o lábio inferior e olha para baixo, claramente emocionado.

 
— Você conheceu todas as minhas feridas, e me ajudou a curá-las uma por uma. Eu nunca te disse isso, mas depois que te conheci, eu me transformei em uma pessoa infinitamente melhor. Porém, não foi por você, foi com você. — ele balança sua cabeça em negativa, engolindo em seco e seus olhos transbordando a todo momento. — Eu achava que a minha forma de amar era errada, mas é completamente impossível tudo que sinto por você não ser exatamente o jeito correto de amar, Rafael, porque porra, eu te amo com cada célula do meu corpo, com todas as forças do meu ser. E eu sei que não sou romântica..

— Você é perfeita! — Me corta. — Você é perfeita pra caralho, anjo!

Mordo o interior das minhas bochechas em uma tentativa de obter um pouco de controle. O mínimo pelo menos. Porém, não adianta caralho nenhum.

Não sei se pelo calor do momento, por tentar controlar as lágrimas ou simplesmente pelo meu estado atual, mas meu estômago começa a se embrulhar.

Meeeerda.

— Eu poderia enumerar todos os motivos que me fazem te amar, covarde, mas ficaremos aqui por horas, pois eu te amo por mil e um motivos, Rafael e.. — faço uma pausa e sua testa franze assim que faço uma careta para controlar minha náusea.

 
Puta que pariu, quais as chances do presente de casamento dele ser mais precipitado que eu? Porra, não era para ele saber agora.

— Anjo? — Seu semblante preocupado acaba comigo.

— Eu.. — uma ânsia. — Tenho que te entregar seu presente de casamento..

Como passe de mágica, uma lixeira aparece no instante que giro o meu corpo para o lado fazendo exatamente o que o meu estômago clama.

— Puta que pariu! — Rafael sustenta meu corpo, já acostumado com situações como essa. — Cadê a Clara?

 
— Não é de uma psicóloga que ela precisa, ladrão de doces. — Ouço minha cunhada comentar animada.

— Mas o que... ah, que se foda! — Meu covarde me pega em seus braços e começa a nos tirar dali. — Casamento cancelado!

Arregalo os olhos quando ele grita em plenos pulmões aquele absurdo.

— MALU! — Busco minha sogra com os olhos.

— Eu resolvo, meu bem. — Me garante. Consigo ouvi-la ao longe anunciando uma pequena pausa na cerimônia.

FOI AQUELA ATRAÇÃO - SÉRIE CUERVO - LIVRO 2Onde histórias criam vida. Descubra agora