Capítulo 22

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Leio aquele bilhete pela quinta vez seguida.

" Bom dia, anjo!

Sei que vai pensar que eu a abandonei assim que abrir os olhos e se ver sozinha na cama, mas por favor, não seja uma precipitada do caralho.

Não vai se livrar de mim tão fácil.

Fica de olho no seu e-mail e não ouse deixar de me enviar seus escolhidos.

Tenha um bom dia, se cuide, se alimente!

Seu covarde."

― Eu odeio gostar tanto de você, covarde. ― Sussurro, me sentindo uma hipócrita, pois a covarde ultimamente tem sido eu.

Meeeeeeeeeerda.

Ouço uma batida na porta do meu quarto.

― Entra, Lui. ― Falo ainda com os olhos naquele bilhete. Como pode até sua letra ser bonita?

― Você está bem? Vi o Rafael sair daqui depois das 5h.

Olho surpresa para o meu irmão.

Ele saiu tem só três horas.

Luiz e Rafael tem se dado muito bem. Bem pra caralho! Meu irmão e minha sobrinha se acostumaram e se afeiçoaram rápido demais com o Rafael.

Eu também!

Meeeeerda.

― Estou bem. ― Vou abraçá-lo.

― Ele pegou muito pesado? ― Me afasto para olhar em seus olhos.

― Ele disse que gosta de mim. ― Meu irmão não parece nem um pouco surpreso. ― Depois que eu disse que eu era dele.

― Puta merda. ― Agora sim ele tem a reação que eu esperava. ― Você disse mesmo?

Confirmo balançando a cabeça.

― Mas depois me acovardei e disse que era só a minha boceta.

Meu irmão revira os olhos.

― Eu disse que era perigoso, lembra? ― desvio o olhar ― Não dá para começar as coisas mentindo para si mesma, Angel.

― Aquela noite, eu achei que você estava achando perigoso a velocidade que eu estava entregando a minha confiança novamente a alguém. Mas não era sobre isso, né?

― Não Ângela, não era.

― Seu medo é que eu me sabote? ― pergunto bem baixinho, controlando o aperto que começo a sentir no peito.

― Também.

Meus lábios tremem quando a compreensão me abraça.

― O perigo sempre foi o coração dele, não é?

― Eu conheço você, e sei o quanto será perigoso quando perceber que partiu o coração de alguém. Principalmente, quando esse alguém é a pessoa que escalou a muralha que você levantou em volta do seu coração, e se esforça incansavelmente para conseguir entrar de vez dentro dele.

― Eu acho que ele já conseguiu, Lui. ― Choro assustada. ― Não vou aguentar passar por aquilo novamente, eu não vou aguentar, não vou.

Repito aos prantos enquanto meu irmão me consola.

― São pessoas diferentes, situações diferentes. Não é justo comparar os dois, Angel.

― Eu não sei amar, Lui, eu não sei. ― Choro copiosamente, ouvindo Luiz refutar a todo momento as minhas palavras.

FOI AQUELA ATRAÇÃO - SÉRIE CUERVO - LIVRO 2Onde histórias criam vida. Descubra agora