Capítulo 105

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||Pietro Sanches||

Três dias que sequestraram a minha menina. Três dias que roubaram a minha paz. Três dias que tô pilhado nessa delegacia, junto com o André

Ninguém sabe quem tá pior, se é eu ou ele. Cada um tá vivendo com a dor de uma forma diferente. Ele tenta ser forte pela Débora, que inclusive, foi parar no hospital assim que soube

Eu, não sei nem oque dizer, oque pensar, oque fazer. Sem a minha loira do meu lado eu nem sei viver, pô, de verdade. Eu vou mover o céu e o inferno, mais eu vou achar a minha mulher, nem que eu saia morto nessa história, mais eu não vou desistir dela.

O Felipe vive mandando a gente ter fé, paciência e confiar que tudo vai dar certo. Mais cara, quando você passa na pele, não tem muito oque fazer, você perde o chão, o sentido...

Já fizemos de tudo pra encontrar o desgraçado que levou ela, mais sempre voltamos pra estaca zero. O sinal da localização falhou desde a hora que levaram ela

Porra, se acontecer alguma coisa com a minha menina, eu não sei nem oque eu sou capaz de fazer comigo, namoral

-Mano, vai pra casa, pelo menos tomar um banho. Ela vai precisar de ti quando voltar - o Felipe falou pela milésima vez, e eu nem dei ouvidos

Eu tava vivendo em outro mundo, aéreo mesmo. Fala o básico com o pessoal, só sobre o caso mesmo. Quiseram até me afastar, por eu estar "pilhado" demais. Eu deixei? Nem fudendo! Daqui eu não saio, daqui ninguém me tira, nessa porra.

Quero ser o primeiro a acabar com a vida de quem fez isso. É uma promessa!

-Caralho como eu vou falar isso pra Tia Dandara? Pra Sophia então? - o André murmurou passando a mal no rosto, o cara tava acabado

Eu não tava diferente. Sem comer e sem dormir e foda, pô

-De um jeito ou de outro ela precisa saber, é a filha dela, pô - o Felipe disse

-Eu tô ligado, mano - suspirou - Mais não sei se aguento mais ser o suporte de ninguém não, de verdade. - negou com a cabeça, se encostando na cadeira - Eu tô firme pela Débora, mais por dentro eu tô destruido, pô. É minha irmã, caralho. Podem tá fazendo mal pra ela uma hora dessas, e eu aqui, sem poder fazer nada!

-A justiça vai chegar, meu bom - Felipe bateu no ombro dele - Os dois precisaram ser fortes, por ela! - apontou pra nós dois - A gente vai achar ela. Nem que a gente tenha que enganar o Satanás pra isso, mais a gente vai! Ela precisa de vocês do lado dela, não esquece isso.

-Eu tô ciente pô, mais tá difícil demais segurar essa barra - enterrou o rosto nas mãos - Ainda tem minha mulher, que quase teve meu filho antes do tempo, por causa desse bagulho. Eu tô me sentindo a pior pessoa do mundo, em ver tudo acontecendo e não poder fazer nada

Engoli seco, por que eu tava me sentindo exatamente assim, um insuficiente do caralho.

-A gente vai achar ela, custe a porra que custar! - falei firme

Ele assentiu e permaneceu em silêncio. Mantive minha atenção no monitor na minha frente, na esperança de uma pista se quer

Meu peito tá apertado pra caralho, pela primeira vez na vida, tô com medo de que a polícia não consiga fazer o trabalho a tempo

Passei a mão no rosto, nervoso, angustiado...

Eu deveria ter feito mais. Eu deveria ter protegido ela. Se eu tivesse com ela, nada disso estaria acontecendo, a essas horas, ela estaria bem, do meu lado.

Eu só queria tá com ela, dizendo o quanto eu amo ela, o quanto ela é importante pra mim.

Maluco, aquela mulher é minha vida! Se algo acontecer com ela, eu morro junto.

[...]

Entrei em casa cansando, coloquei a chave na mesa próxima a entrada e tirei meu tênis.

Mais descansar? Não, não é pra mim. Não consigo pregar o olho, pensando no que a minha menina deve ta passando na mão desse filho da puta, desgraçado.

Assim que o Bob me viu, veio correndo, pulando em mim

-Fala ae amigão. - sorri forçado, alisando a cabeça dele.

Passei por ele e fui em direção ao meu quarto, tomar meu banho. Liguei o chuveiro e deixei a água quente cair sobre mim.

Passou vários flashback, de nós dois, na minha mente. Lembrei do sorriso dela, dizendo que me amava...

Porra Ayla, tu tem que voltar bem, voltar pra mim!

Sai do banheiro, vesti um short moletom qualquer e me joguei na cama. Já era por volta das 00:00hrs, horário que eu tô chegando da delegacia, atualmente

Vi o Bob querendo subir e peguei ele. Ele ficou todo bobão, como sempre. Mal custume que a Ayla colocou no meu cachorro, virou um urso de pelúcia, saporra

-Pois é meu camarada, sorte tu que tem. Ta ai, solteirão, putão, sem ninguém. - mumurei alisando o Bob - Amor dói, tá ligado? Mais vale apena se for pela pessoa certa.

Olhei pro teto, e lembrei do dia que beijei ela pela primeira vez. Minha cantada foi a música de Henrique e Juliano que tocava no momento.

Sorri de lado, lembrando... O aperto no peito aumento. Só queria tá com ela, cuidando dela, protegendo a minha menina...

-Tu também tá com saudades dela, cara? - falei com a voz embargada e ele olhou pra mim, latindo em seguida - Pois é pô, não tem como não amar aquela garota. Mais vou falar pra tu - apontei pra ele, que me olhava atento - Eu vou trazer ela de volta pra gente, fechou?

Ele latiu mais uma vez, me encarando

-Vai ficar tudo bem, tem que ficar. - falei com um nó na garganta

Tentei dormi, mesmo sem sono algum. Demorou um tempo, e acabei pegando cochilando.

Me senti mais angustiado, sensação era de tá sendo sufocado. Comecei a me mexer na cama de um lado pro outro. O pesadelo me atacou

-Porra! - me levantei num pulo, com o coração acelerado

Passei a mão no rosto e bufei, sem chances de dormi nesse caralho.

Peguei meu celular, e mandei mensagem pros caras que tavam na delegacia, mais nenhuma novidade.

Joguei o celular de volta na mesinha e joguei na cama, mais agoniado ainda.

(vontade de guardar o
Pietro num potinho, gente.🥺
Querem mais um capítulo?)

Uma Noite In RioOnde histórias criam vida. Descubra agora