Capítulo 49

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||Ayla Almeida Campos||

Acordei vendo o sol da varanda bater fortemente contra meu corpo. Olhei ao redor, e vi que tinha dormindo na sala

Não sei como eu dormi aqui, mais aqui estou

Levantei lentamente, olhando a bagunça que tava a casa inteira. Caminhei até a cozinha, em busca de um remédio pra dor de cabeça

-Bom dia vagabunda. - a Sophia falou toda sorridente quando me viu

-Por que tu tá feliz a uma hora dessas, e por que eu dormi no sofá? - ergui as sobrancelhas

-Respondendo a sua primeira pergunta, dormi bem e tô feliz. - jogou o cabelo pra trás - E segundo, tu bebeu muito depois que o Pietro saiu, acabou dormindo, e o corno do André não quis te acordar.

Fui até o armário e peguei o remédio pra resaca, enchi um copo de água, bebendo tudo em seguida

-Pera...- puxei na mente - Tu não tava aqui quando o Pietro saiu, lembro muito bem que tu e o Felipe sumiram derrepente. Aonde caralhos tu tava?

-Ih garota, virou GPS pra querer saber dos meus passos? - fez cara de deboche, e eu olhei desconfiada pra ela - Tava pegando o Felipe sim, e fica na tua.

-Eu nem falei nada...- levantei as mãos e sai da cozinha

-Vamos fazer oque hoje? - falou me seguindo até meu quarto

-Eu vou mofar na minha cama. A meta e dormi por 72hrs seguidas - abri a porta do quarto, caminhei até a cama me jogando na mesma

-Vai não senhora. - deixou um tapa na minha bunda

-Para desgraçada. - bufei tacando uma almofada nela - Essa porra doi e da estrias

-Doi nada, o Pietro vive batendo, e tu não fala nada - deu de ombros e se deitou do outro lado da cama

-Ele tem passe livre pra isso. Você não. - debochei

-Vagabunda!!! - me bateu com uma almofada enquanto ria - Tia Dandara vem essa semana pra cá, tá ciente né?

-Tu e muito fofoqueira garota. - me virei olhando pra ela - Já tô sabendo disso, ela me falou. Meu pai vendo junto, não sei que milagre

-Um milagre chamado... - fez cara de pensativa - Seu namoro.

Dei risada e concordei

-Eles vão gostar do Pietro, tenho certeza. - olhei pro teto

-Ele é um cara bacana. Eu diria que ele foi feito exclusivamente pra ti - me olhou e eu ri - A aprovação dos meus tios, concerteza ele já tem.

-Acho que sim - respirei fundo - A Tia Re vem também?

-Sei não. - fez careta - Faz um tempo que não falei com a minha mãe, vou ligar pra ela pra saber

Concordei e continuamos jogando conversa fora

[...]

Abri os olhos com uma certa dificuldade, tirei os cabelos da Sophia de cima do meu rosto

Pois é, começamos a falar da vida alheia e acabemos dormindo

Me mexi na cama, pegando meu celular que estava em cima da mesinha do lado da minha cama, vendo que já marcava por volta de 19:00hrs

Me levantei da cama, e senti um vazio me coroer por dentro, tentei afastar essa sensação de mim, e fui até o banheiro fazer xixi

O vazio aumentou, e senti meu ar sumir, meu peito começou a apertar, e as lágrimas já caiam sobre meu rosto

Isso não podia tá acontecendo, não depois de tanto tempo

Diversas vozes adentraram a minha mente, e quando percebi, já estava sentada no chão do banheiro, chorando sem parar

-Ayla? - a Sophia falou alto batendo na porta do banheiro - Abre aqui garota. Oque tá acontecendo contigo? Deixa eu te ajudar.

Nem eu sabia oque tava acontecendo comigo, não sabia o porque de estar sentindo isso. Só sabia sentir meu mundo desabando, um vazio gigante se instalando em mim

-Eu não sei oque ta acontecendo, mais faz isso parar, por favor. - falei entre soluços, ainda dentro do banheiro com a porta fechada

-Eu tô aqui mana. Sou eu Ayla, a tua vaca preferida. - sorriu sem ânimo, ainda batendo na porta - Abre a porta, deixa eu cuidar de ti.

Tentei respirar, mais não consegui. Minhas mãos suavam, assim como meus pés. Eu tava presa no chão, não tinha forças pra levantar, mais eu precisava sair daqui, não podia deixar isso tomar conta de mim

Tomei impulso e abri a porta, me jogando nos braços da Sophia, chorando ainda mais

-Oh minha menina, eu tô aquu, contigo. Vai passar, confia em mim. - afagou meus cabelos - Vou pegar um copo de água com açúcar pra ti

-Não! Não me deixa sozinha, por favor - indaguei, abraçando ela mais forte

-Tudo bem, eu tô aqui. Vem, vamos sentar - se afastou de mim, me estendendo a mão

Segurei na mão dela, e caminhamos até a cama

-Olha, eu você não tá sozinha, nunca esteve, nem nunca vai estar. Tô contigo, até o ultimo dia da minha vida - me abraçou com mais força

Eu permanecia em silêncio enquanto chorava. A situação foi só piorando, até meu ar sumir de vezes

-Olha pra mim - segurou meu rosto com firmeza, tentando me passar segurança - Me acompanha, ok?

Assenti já desesperada pela falta de ar

Ela respirou devagar, e soltou o ar, e eu fiz o mesmo

-Conta até cinco - falou ainda respirando devagar e eu assenti

Inspiramos e respiramos devagar até o ar voltar

-Tá melhor? - segurou a minha mão, ainda suada

-Tá passando...- respirei fundo, secando minhas lágrimas

-Fica aqui, vou buscar água. - falou e eu assenti

Ela saiu e logo voltou com uma garrafa de água e um copo em mãos

-Bebe devagar - encheu o copo e me entregou

Bebi a água e senti a sensação de vazio alivar. Entreguei o copo pra ela, e a mesma deixou a garrafa em cima da escrivaninha

-Vem, vamo deitar. - se deitou e eu fui pra próximo dela, abraçando a mesma - Eu tô aqui, mana. Eu sempre vou cuidar de ti e te proteger dos mostros noturnos

Sorri fraco e abracei ela ainda mais apertado, afagando meu cabelo

Quando éramos pequenas, sempre que eu dormia na casa dos meus tios eu corria pra cama da Sophia, com medo do escuro. Mesmo ela sendo mais nova, ela sempre me "protegeu".

Senti tudo dentro de mim se tranquilizar, e eu relaxei.

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