Lyra
Joguei o livro em cima da mesa, vendo Alex se sobressaltar com o barulho dele caindo contra ela. Ele olhou para o livro e arqueou as sobrancelhas, erguendo os olhos para nós quatro.
—O que é isso? —Indagou, sem tocar no livro. Diana fez um barulho de incredulidade com a boca.
—O Livro das Revelações, é claro. —Afirmou, soando um pouco resignada. —Você disse que ele podia nos revelar qualquer coisa que quiséssemos saber.
—Passado, presente e futuro. —Trevis completou.
Observei Alex torcer os lábios em desaprovação, antes de balançar a cabeça negativamente e puxar o livro, abrindo-o.
—Foi só um comentário. Não pensei que iriam atrás dele. —Ele folheou o mesmo, antes de parar e erguer os olhos até nós. —Foi isso que fizeram nas duas últimas semanas? Foram até Astrid e roubaram o livro dela?
—Não foi difícil. Ninguém está preocupado com ladrões. —Cedric afirmou, enquanto se afastava em direção a lareira, para se aquecer. —Não quando a Rainha das Rainhas está no controle de todo mundo.
Alex soltou uma respiração pesada, cerrando a mandíbula. Ele analisou as páginas do livro com interesse. Olhei para a escada, vendo Miriam descer por ela, com os cabelos ruivos presos em uma trança que caia sobre seu ombro.
—Vocês se arriscaram lá fora por um livro que nem sabemos como decifrar. —Comentou, caminhado até se colocar ao lado de Alex, olhando para as páginas do livro também.
—Como assim "não sabemos decifrar"? —Indaguei, soltando meu corpo sobre o sofá. —Vocês falaram que ele podia nos dizer como vencer a Rainha das Rainhas.
—E pode. Se souber a língua antiga dos feiticeiros que criaram o livro. —Alex ergueu o mesmo, mostrando as palavras escritas, que eu não fazia ideia do que significava. —Eu disse que ele podia ser útil. Mas foi só um comentário. Não pensei que vocês iriam atrás dele.
Afundei mais ainda no sofá, em meio a um grunhido de frustração. Tínhamos feito uma viagem de uma semana até o Reino Oceânico para pega-ló e uma semana para voltar para para casa. Ainda estávamos nos escondendo naquela caverna abaixo da cachoeira, onde encontramos Alex pela primeira vez.
—E a Kayla? —Cedric indagou, olhando as chamas da lareira. Miriam soltou um suspiro pesado e pegou o livro, enquanto Alex se colocava de pé e se aproximava de nós.
—O Lusion disse que ela esteve na Cidade do Sol ontem. O príncipe das terras esquecidas está em terra e voltando pra casa. —Alex murmurou, bebericando uma xícara de chá. —Mas ela já está voltando para alto mar de novo. Ele disse que ela está em um navio chamado Rainha Vermelha.
—Rainha Vermelha? —Diana arqueou as sobrancelhas. —Impossível!
—Por que? —Trevis indagou, e ela balançou a cabeça negativamente.
—Eu estudei sobre esse navio nas aulas de história. Ele pertencia a um pirata que era chamado de Rei dos Mares. —Diana explicou. —Ele era super rico e havia vencido muitas batalhas sobre seu navio. Mas ele desapareceu, assim como o Rainha Vermelha.
—Bem, pelo que parece, Kayla encontrou o navio dele. —Alex afirmou, se afastando em direção a cozinha. —De qualquer forma, Kayla não pisa em terra desde os acontecimentos na Cidade dos Ossos. Chegar até ela agora também não será possível, enquanto ela não voltar ao continente.
Ficamos em silêncio, pensando em tudo aquilo. Precisávamos das sátiras para lutar contra a rainha. Mas nunca conseguiríamos elas enquanto Kayla não pisasse em terra. Não podíamos simplesmente rouba-las também, já que Kayla pode pega-las de volta com um simples pensamento.
—E se pegarmos ele? —Trevis indagou, fazendo todos nós olharmos pra ele.
—Pegarmos quem, Trevis? —Cedric fez uma careta, olhando pra ele com as sobrancelhas erguidas.
—O príncipe das terras esquecidas. Ele é amigo da Kay, não é? Se um de vocês fosse pego pela rainha suprema, eu faria qualquer coisa para consegui-los de volta. —Trevis explicou, com uma calma surpreendente. —Então, acho que se pegarmos ele, Kayla virá atrás de nós para ajudá-lo.
—Mas e a rainha? —Diana indagou. —Ela não vai vir diretamente atrás de nós. Mas certamente vai mandar guardas atrás do filho.
—Temos um Lusion. Saberemos todos os passos dela se isso acontecer. —Cedric rebateu, balançando a mão, parecendo concordar com Trevis. —Na verdade, isso pode dar certo. Se o pegarmos, podemos chamar a atenção da Kayla. E quando ela vier atrás dele, poderemos conversar com ela e tentar conseguir as safiras de volta.
—Conversar? —Diana soltou uma risada irônica. —Acho que já percebemos que não dá pra conversar com ela.
—Diana... —Olhei pra ela com calma, vendo ela revirar os olhos.
—Sei que ela era amiga de vocês antes. Mas aquela Kayla que conheceram morreu, okay? Ela matou pessoas. Matou o meu pai. —Diana afirmou, um pouco frustrada. —Não vou perder meu tempo tentando dialogar com ela.
—E eu não vou atacá-la! —Cedric retrucou. —Se você não quer dialogar com ela, então deixe que a gente faça isso.
—Você e Trevis. —Diana murmurou, e ele assentiu. —Ela não vai querer ajudar. Ela é amiga do filho da rainha. Ela não vai querer ajudar!
—Vamos fazer uma tentativa. —Trevis afirmou, erguendo os olhos até mim. —Você concorda?
—Pegar o príncipe? É, claro. —Me remexi. —Mas pelo que eu sabemos, ele tem poderes.
—Nada que uma poção ou encantamento não possa resolver. —Alex afirmou, se dirigindo até a cozinha. —Vou resolver isso agora mesmo.
—Miriam? —Chamei a atenção dela, que estava parada no canto da sala com o Livro das Revelações nas mãos. —Tente decifra-lo. Ele ainda pode ser útil de alguma forma.
—Darei o meu melhor. —Afirmou, desaparecendo com o livro. Olhei para Cedric, vendo ele de braços cruzados e uma expressão pensativa.
—Acho que sei como podemos pegar o príncipe. —Murmurou, erguendo os olhos até mim. —Vamos precisar da ajuda do capitão Henry.
Continua...
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Um Mundo de Sombras / Vol. 2
FantasyUMA CONJURAÇÃO DE MAGIA: PARTE II A Rainha das Rainhas foi julgada e condenada a uma prisão em seu próprio reino. Vivendo esquecida por séculos, agora ela está livre para governar os quatro reinos do continente. Usando magia das trevas para controla...