Capítulo 11: Cidade do Porto.

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Kayla

Olhei para Devlon, vendo a expressão tranquila dele, enquanto eu o encarava, tentando entender o que ele estava contando. Meus olhos foram até Axel, que parecia estar se segurando para não pular em cima dele e o matar com as próprias mãos.

—De quem era o navio? —Indaguei, com Devlon soltando um suspiro lento.

—Eu não sei. O navio não chegou a nos atacar. Mas ele estava próximo a nós. Só sei que quando ele foi embora, o príncipe já não estava mais no navio, em canto algum. —Deu de ombros. —É meio óbvio que foi esse navio, não é? De alguma forma eles entraram lá e o levaram.

Fechei meus olhos com força, sentindo vontade de xingar Devlon, pela forma tranquila que ele falava, como se aquilo não fosse nada demais. Me afastei dele, caminhando até o parapeito do navio e olhando para a Cidade do Sol no horizonte.

—Acha que foi o Henry? —Axel indagou ao meu lado, de uma forma baixa para que Devlon ano ouvisse, já que ele parecia uma águia pronto para pegar uma presa.

—Talvez. Não tenho certeza. Por que ele faria isso? —Questionei de forma retórica, apertando meus dedos no parapeito. —Só se... Não, eles não fariam isso.

—Quem?

—Lyra, Cedric a princesa e o Trevis. —Olhei para Axel, perdida em pensamentos. —Sabemos que eles estão lutando contra a rainha. Que os quatro rebeldes que todos falam são eles. Sei que eles queriam as safiras. Ainda podem querer, mesmo depois de tudo que eu fiz.

—Acha que eles pegaram o Kenji com a ajuda do Henry? —Ele cerrou os olhos. —Isso faz sentido. Eles estavam juntos aquele dia do seu casamento. Ainda podem ter contato um com um outro. —Axel fez uma careta, estalando a língua em reprovação. —Mas Kenji não é idiota. Ele não iria deixar ser capturado tão facilmente. Isso não parece certo.

—Ah não ser que ele não tenha sido capturado. —Murmurei, me aproximando de Axel. —As vezes ele foi porque queria. Ou por que viu alguma vantagem nisso tudo.

—Aposto na segunda opção. Tenho certeza absoluta que ele viu que poderia ganhar algo com isso. —Axel afirmou, erguendo as sobrancelhas. —O que fazemos agora? Vamos atrás dele ou esperamos ele se cansar da brincadeira e voltar por conta própria?

Pensei um pouco, vendo a expressão de Axel se curvar em algo como diversão.

—Vamos esperar ele voltar. —Decidi. —Não estou nem um pouco interessada em me envolver em uma briga com os quatro mesmo.

—Você se importa demais com aqueles dois. —Resmungou, me fazendo arquear as sobrancelhas.

—Está com ciúmes?

—Não, só estou constatando um fato. —Ele deu de ombros, com uma expressão infeliz.

—Eu vivi com eles nas ruas, Axel. Eles foram praticamente minha família, quando eu não tinha mais ninguém. —Afirmei, vendo ele estalar a língua, fazendo uma careta pra mim. revirei os olhos como resposta. —Tenho vontade de te dar um soco quando faz isso.

—Tenho certeza disso. —Zombou, fazendo pouco caso.

—Er... eu ainda estou aqui. Vamos fazer alguma coisa? —Devlon indagou, fazendo eu e Axel revirarmos os olhos ao mesmo tempo. —Ele é o príncipe. Não quero pensar no que a rainha vai fazer quando descobrir que o filho sumiu.

—Ele sumiu quando estava sobre a sua proteção. Então a culpa é sua. —Axel afirmou, se virando para ele. —Você vai voltar para o reino e dizer a sua majestade que está tudo bem e que o filho dela foi entregue em segurança para nos dois. —Axel deu um passo até parar na frente dele. —Enquanto isso, vamos tentar resolver a merda que você fez.

—Cuidado como fala comigo, ainda sou o seu pai. —Devlon sibilou, cerrando os olhos.

—Pois então, papai, por que você não vai para o inferno? Tenho certeza que você será muito bem vindo lá. —Murmurou, abrindo um sorriso sarcástico. —Posso te ajudar a chegar lá se quiser.

—Não brinque comigo, Axel. —Devlon afirmou. —Não quero brigar com meu próprio filho.

—Não estou brincando. —Axel riu. —Mas como você mesmo costuma dizer, coisas ruins sempre acontecem com pessoas boas.

Axel desapareceu no meio das sombras, deixando Devlon parado ali, olhando para o nada. Acenei com a cabeça para que ele descesse do navio e ele fez, parecendo ter ficado fora do ar ao ouvir aquela frase vindo de Axel.

—Capitã, quais as ordens? —Kaiser parou ao meu lado, parecendo ansioso para voltar a alto mar. E eu não vou negar, também estava. Mas agora tinha outra coisa para fazer, que não envolvia uma ilha fantasma.

—Vamos para a Cidade do Porto, Kaiser. —Afirmei, vendo Devlon se afastar, já em terra firme, desaparecendo pelas ruas da Cidade do Sol. —Tenho uma visita para fazer.



Continua...

Um Mundo de Sombras / Vol. 2Onde histórias criam vida. Descubra agora