Capítulo 30: Poder da terra.

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Quando entrei na casa, tudo estava estranhamente silêncio. Mas eu sabia que algo estava errado quando a porta que dava para a sala dos guardiões estava aberta. Corri até lá, descendo as escadas rapidamente, com a sobra de Trevis vindo atrás de mim. A sala circular estava revirada, com tudo espalhado pelo chão, com raizes saindo do chão e cobrindo parte das paredes. A respiração se prendeu na minha garganta quando vi Miriam e Alex presos na parede pelas raizes, com elas os cobrindo até o nariz.

—Merda, merda. —Xinguei, procurando uma espada pelo chão para poder livra-los daquilo. Mas parei quando as raizes regrediram lentamente, com ambos arquejando em busca de ar quando sua boca ficou livre. Os dois caíram no chão e eu me virei, vendo Trevis abaixando as mãos, enquanto algo cintilava nos seus olhos.

—Vocês estão bem? —Trevis indagou aos dois, que balançaram a cabeça afirmativamente, com expressões muito infelizes.

—Ele levou o livro das revelações. —Miriam afirmou, trincando os dentes. —Droga, eu gostaria muito de ainda ter meus poderes uma hora dessas.

—Não ia servir de nada já que ele estava com a safira da terra. Aliás... —Alex apontou para uma das únicas mesas ainda de pé. Caminhei até lá e encontrei o bilhete, com a safira da terra sobre o papel rabiscado.

"Um presente para vocês ficarem à frente da batalha... pelo menos por um tempo."

Filho da mãe! —Resmunguei, cerrando meus punhos. Agarrei a safira e amacei o papel, antes de me virar e jogar a pedra para Trevis que a pegou no ar e a encarou surpreso. —Arrume suas coisas. Vamos atrás da Kayla.

—Sem as garotas? —Ele pareceu ainda mais surpreso.

—É, sem as garotas. Elas não estão aqui então... —Dei de ombros. —Não temos tempo, Trevis. Vamos aproveitar que ela ainda está em terra firme. Nós dois somos os únicos que talvez convençam ela a ajudar. As garotas...

Não terminei a frase, porque tinha certeza que não precisava. Trevis balançou a cabeça afirmativamente e saiu da sala.

[...]

O trem estava lotado, mas nós dois conseguimos encontrar uma cabine vaga e solitária sem precisar dividir com ninguém, o que com certeza não era uma boa ideia em vista da atual situação. Eu e Trevis precisávamos agir como se fôssemos pessoas comuns no meio de toda aquela gente, pra não chamar a atenção dos guardas da rainha surpresa, que pareciam abutres esperando uma carne nova.

Fechei a porta da cabine com força, sentindo a raiva borbulhando no meu sangue. Se eu tivesse ouvido ele, saberia que ele não estava brincando quando disse que iria embora. Mas eu estava focado demais em ser um idiota que se deixava levar por um rosto bonito e um beijo.

—Você está com aquela cara de novo. —Trevis afirmou, quando me sentei no banco a sua frente.

—Que cara?

—A mesma que estava quando saiu da caverna em disparada, pro meio da floresta. —Afirmou de novo, me fazendo erguer os olhos até ele, vendo sua expressão curiosa ao me observar. —O que aconteceu no quarto?

—Ele me irritou. —Dei de ombros, não querendo revelar mais. Trevis pressionou os lábios em negação, não acreditando em mim. Mas pelo menos não perguntou mais nada e deixou o assunto morrer. —Vou ver se acho alguma coisa interessante no restaurante.

Fiquei de pé, vendo ele balançar a cabeça afirmativamente, com os olhos na paisagem que corria pela janela, agora que o trem já estava em movimento. Abri a porta da cabine, me arrependendo no mesmo instante de ter desejado sair dali.

Um Mundo de Sombras / Vol. 2Onde histórias criam vida. Descubra agora