Capítulo 27: A cidade em ruína.

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Diana

Encarei o mapa que Ronny abriu sobre a mesa, observando os pontos marcados sobre ela. Um na Cidade das Máquinas, outro na Cidade do Sol, um na Cidade dos Ossos. E o último, marcado exatamente no ponto onde o acampamento ficava.

—São cada ponto onde conseguimos aliados e erguemos um posto, parecido com esse acampamento. —Ronny afirmou, mostrando cada um deles. —As cidades onde os reinos são erguidos são impossíveis de se fixar, por conta do maior número de seguidores da rainha. Menos... a Cidade dos Ossos.

—A cidade em ruína. —Lyra murmurou, e Ronny balançou a cabeça em concordância. —O castelo caiu de vez por lá.

—Ele foi parcialmente reerguido quando a corte da rainha chegou. Então, ainda temos um pequeno ponto complicado no Reino Solar. Mas é menor que nos outros. O nosso grupo está escondido na floresta do medo. —Afirmou, fazendo Lyra curvar os lábios em negação. —O que foi?

—Só estava lembrando de uma lenda sobre aquela floresta. —Ela deu de ombros. —Mas se estão lá, então provavelmente ela não era real.

—Certo. —Ele suspirou, erguendo os olhos até mim. —Vocês estão na Cidade das Estrelas, então acho que deveriam se juntar com seus amigos e trazê-los pra cá. Podemos decidir o que fazer juntos. Estamos organizando as coisas para tomar o Reino Lunar primeiro.

Olhei para Lyra, um pouco incerta sobre aquilo ser uma boa ou má ideia. Não sabíamos ao certo até que ponto o poder da rainha ia. Além do mais, tinham os guardas, com aquelas estranhas marcas de correntes nos pulsos, como se tivessem ficado presos por muito tempo. Mas não fazia sentido, já que eles estavam lutando por ela.

O problema é que já havíamos questionado o Lusion da primeira vez que percebemos aquilo, e a única resposta dele foi "magia das trevas nunca falha", o que, definitivamente, não ajudava em nada. Era como viajar no escuro, sem saber pra onde está indo.

—Vamos arrumar dois cavalos pra vocês duas, com alguns suprimentos. Vão viajar mais rápido assim. —Ronny se afastou, indo em direção a saída da barraca. —Podem sair ao amanhecer.

Ele se foi antes que qualquer uma de nós duas pudesse dizer algo. Olhei para Lyra, encontrando a expressão preocupada dela, da mesma forma que eu estava.

[...]

Como Ronny recomendou, saímos ao amanhecer, com o sol ainda escondido no horizonte. Evitamos passar perto de qualquer vila, para não encontramos nenhuma presença indesejada dos homens da rainha. Quando chegamos ao reino, na Cidade da Lua, o sol já estava começando a se por de novo e o cansaço tomava conta de nós.

Nos esgueiramos pelas ruas vazias e os corredores silenciosos do castelo, chegando de novo no meu quarto. Ou o que um dia foi meu. As coisas ainda estavam do mesmo jeito, como se ninguém além de nós duas tivesse passado por ali. Lyra foi a primeira a dormir, com o cansaço tomando conta. Eu, por conta da minha mente barulhenta, fiquei com os olhos vidrados, até me cansar daquilo e ficar de pé de novo.

Sai do quarto no maior silêncio possível, percorrendo os corredores do castelo, evitando as áreas que eu sabia que os homens da rainha costumavam ficar. Sabia que provavelmente não deveria me colocar tão em risco assim. Mas naquele momento, não podia evitar. Caminhei por vários corredores, sentindo o coração martelando no meu peito.

Parei, segurando a respiração ao ver a claridade de alguma tocha no corredor que se abria em dois a minha frente. Mas logo se afastou, me deixando percorrer os últimos metros até a sala do trono. Entrei pela lateral, olhando ao redor para ter certeza que tudo estava vazio. Parei na frente do trono, observando que ele estava rachado, assim como a parede atrás, de onde galhos e raizes se erguiam do chão e tomavam conta de tudo.

Lentamente, com um suspiro pesado e os dedos trêmulos, me virei e me sentei no trono, sentindo a pedra rachada pinicar minha pele sobre as roupas. Encarei o salão escuro, sentindo o sangue esquentar nas minhas veias.

—Eu não queria ser rainha. —Sussurrei, encarando a escuridão, como se de alguma forma, a Rainha das Rainhas pudesse me ouvir, usando aquele poder que dominava seu coração. —Mas serei a próxima rainha suprema. Tome isso como uma promessa. —Prossegui, engolindo o nó que se formava na minha garganta, enquanto meus olhos começavam a arder. —Vou reerguer esse mundo e viver a eternidade governando-0.



Continua...

Um Mundo de Sombras / Vol. 2Onde histórias criam vida. Descubra agora