Capítulo 49: Fogueira.

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Kayla

Axel estava dormindo a mais tempo do que eu achava ser possível. Não sabia se o fato da magia das trevas ter entrado nele o fez perder todas as energias. Não sabia nem que isso era possível. Quando pensava no fato, achava que Axel era o único que não poderia ser tomado por ela, já que era um ser da escuridão. Mas nem mesmo ele estava livre daquela magia.

Kenji sumiu no meio de toda comemoração, arrastando Cedric para uma cabine para que eles ficassem sozinhos. Fiquei agradecida por isso, porque queria ficar sozinha com Axel, da mesma forma que também odiava todas aquelas pessoas juntas em um lugar só.

—Kayla? —Axel me abraçou pela cintura, deslizando as mãos até puxar meu corpo para perto do seu, fazendo minhas costas baterem no seu peito. —Você está tão longe.

—Estou aqui. —Murmurei, me virando pra ele, apenas para ver seu rosto sonolento da forma mais adorável possível.

—Me desculpa. —Repetiu de novo, pelo que eu achava ser a milésima vez. —Eu não queria ter feito aquilo com você.

—Eu já disse, está tudo bem. Eu sei que você não queria. —Toquei o rosto dele, me aproximando para encostar nossas testas. —Esta tudo bem, Axel. Juro.

—Eu poderia ter te machucado. —Murmurou baixinho, me puxando para mais perto de si. —Não iria me perdoar se tivesse te machucado. Você demorou pra confiar em mim, Kay, e eu poderia ter estragado tudo em poucos segundos.

—Não era você, Axel. Era aquela magia. —Rebati, engolindo o nó que se formou na minha garganta. —Eu sabia disso e jamais ficaria chateada com você se algo acontecesse. Não seria culpa sua.

Beijei os lábios dele quando Axel fez menção de pedir desculpas de novo. Segurei a nuca dele, grudando nossos lábios com a maior força que consegui. Nosso tempo era sempre curto, mas eu queria aproveitar aquele momento. Da nossa primeira vez, tive certeza que pertencia a Axel pra sempre, porque ninguém jamais conseguia tocar em mim da mesma forma que ele havia feito. E hoje, tenho ainda mais certeza disso.

—Eu te amo. —Murmurou contra meus lábios, puxando meu corpo para baixo do seu. Agarrei a camisa dele, puxando-a por sua cabeça e a jogando do outro lado da cabine, antes de agarrar a nuca dele e o beijar de novo.

—Eu também te amo. —Afirmei, vendo ele se afastar para tirar minha camisa e depois minha calça, com uma velocidade sobrenatural. —Muito...

Quando vi, já estávamos nus, com os corpos grudados um no outro. Ergui meu quadril para recebê-lo, enquanto sentia seus beijos em todos os cantos do meu rosto. Nossos dedos se entrelaçaram, enquanto nossos olhares se cruzavam no momento que ele entrava em mim, me tirando o ar. Não consegui desviar os olhos dos dele mais, sentindo a conexão entre nós enquanto nossos corpos se uniam com cada vez mais intensidade.

Axel me beijou com força, gemendo contra mim quando chegava ao ápice junto comigo. Continuamos nos beijando, enquanto o corpo dele desabava sobre o meu, suado e ofegante. O abracei com toda força que eu conseguia, não querendo que aquilo acabasse de jeito nenhum.

Posso destruir o mundo por você, Axel. Mas acho que já sabe disso.

[...]

Chegamos a ilha três dias depois. A praia tinha a areia mais branca que uma pérola. E a floresta era densa o suficiente para nos deixar cansados nas primeiras horas de caminhada. Mas seguimos em direção ao interior da ilha, percorrendo a floresta durante o dia e montando acampamentos durante a noite.

Na maior parte da caminhada, o silencio era nosso companheiro. Nenhum de nós parecia interessado em conversas longas ou comentários maiores que uma frase com cinco palavras. A tensão no ar era quase gritante, me fazendo desejar volta para aquele navio e me esconder em qualquer buraco que encontrasse.

—Lembra quando estávamos procurando as safiras? —Axel murmurou, se sentando ao meu lado, enquanto observávamos a fogueira no meio do acampamento.

Kenji estava sentado ao lado de uma árvore com Cedric, enquanto Lyra e Diana haviam saído para dar uma volta, e Trevis estava enfiado no meio de Henry e Vlad, ouvindo alguma coisa que eles diziam sem qualquer interesse.

—É claro que eu me lembro. —Virei o rosto para encarar Axel, levando minha mão até a dele e entrelaçando nossos dedos. —Isso aqui lembra aquela vez na ilha pirata, não é? Quando fomos em busca do navio.

—Sim, isso mesmo. —Ele esfregou a nuca, apertando meus dedos contra seu peito. —Parece que fazem anos, mas foram meses atrás. É um pouco estranho pensar nisso.

—Por quê?

—Porque eu gostei daquela época, Kay. Gostei de correr o mundo em busca das safiras ao seu lado. Gostei de ir desvendando você aos poucos. Cada safira encontrada, era um passo mais perto de você. —Ele olhou pra mim, soltando um suspiro pesado. —Agora parece que estamos em busca de algo apenas para não morrermos.

—Mas é exatamente isso. —Afirmei, fazendo ele rir e estalar a língua. —Entendo o que quer dizer. Sinto falta daquela época, Axel. Mas estou torcendo para termos algo melhor no futuro. Na verdade, sei que vamos ter.

—Espero que sim. —Ele passou o braço ao redor da minha cintura, voltando a encarar a fogueira, enquanto eu encostava minha cabeça no seu ombro. —Você se arrepende de alguma coisa?

—De não ter salvo meus irmãos. —Afirmei, sem hesitar, sentindo ele ficar um pouco tenso. —Além disso? Nada. Fiz coisas muito, muito erradas. Mas não me arrependo de nada, porque estava apenas tentando sobreviver como todo mundo. —Ergui os olhos pra ele, pressionando minha bochecha no seu ombro. —Você se arrepende de algo, Axel?

Ele ficou em silêncio por alguns segundos, olhando fixamente para as chamas da fogueira, antes de virar o rosto pra mim e sorrir muito fraco.

—Me arrependo de não ter matado meu pai quando tive a chance. —Ele beijou minha testa. —Mas vou mudar isso assim que possível.


Continua...

Um Mundo de Sombras / Vol. 2Onde histórias criam vida. Descubra agora