Capítulo 63: Vou ficar com você.

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Kenji

Não sei o que estava acontecendo pelo castelo, mas sei que sentia todo o poder das safiras vibrando em cada canto daquelas paredes e do chão, enquanto eu corria pelas escadas até onde as celas ficavam. Senti a eletricidade queimando nas minhas veias quando alguns guardas apareceram e eu os atingi na mesma hora, os tirado do meu caminho.

Passei pelas portas que davam para o corredor de celas. Meu coração martelava no peito enquanto eu encontrava cada cela vazia, sem qualquer sinal de Cedric. Fui em outras direções, atento a cada cela vazia e a cada parte escura daquele lugar, vendo a poeira cair sobre mim quando o castelo tremeu sobre a minha cabeça.

—Cedric? —Exclamei, começando a correr, enquanto passava por aquelas fileiras, escorregando e quase caindo no chão quando o vi. —Merda!

Lyra não estava ali com ele, mas Cedric estava preso em uma das celas, caído no chão com o corpo todo machucado e sangrando como se tivesse levado uma surra. Corri até onde as chaves ficavam, voltando para abrir as grades e o tirar dali. Meu coração se apertou quando joguei as chaves no chão e entrei, desabando ao lado dele.

—Cedric? —Segurei seu rosto, vendo seus olhos se abrirem de leve, pesados e cansados, enquanto via os cortes, arranhões e roxos pelo seu rosto. —Cedric, você pode me ouvir? —Ele balançou a cabeça que sim, erguendo a mão para segurar meu braço, parecendo pronto para se quebrar. —Lyra está aqui em algum lugar?

—Na... não. —Ele moveu os lábios, sussurrando bem baixinho. Engoli o nó que se formou na minha garganta, olhando para a camisa dele toda manchada de sangue. Podia ver os rasgos no tecido, revelando todas as partes machucadas do seu corpo. —Eles... eles me bateram porque... sabiam sobre nós. Sua mãe sabia.

—Ah, Cedric. —Soltei o ar com força, abaixando minha cabeça e tocando a testa dele com a minha, enquanto puxava seu corpo para o meu, o aninhando nos meus braços com cuidado. —Vou tirar você daqui. Vai ficar tudo bem.

—Onde estão os outros? —Indagou, soltando um grunhido de dor quando o obriguei a ficar de joelhos. Cedric levou a mão até a lateral do corpo, parecendo sem ar.

—Cuidando da minha mãe, provavelmente. —Afirmei, puxando-o novamente, vendo ele balançar a cabeça negativamente, com o rosto ficando vermelho e os olhos marejados. —Cedric, tenho que te tirar daqui.

—Eu sei. Eu só estou cansado. —Ele encostou a cabeça no meu ombro, enquanto eu via o sangue que pingava dos ferimentos dele formar uma poça no chão. —Não... não lembro quanto tempo eles ficaram aqui. Mas eles só se cansaram quando eu... quando eu apaguei.

Fechei meus olhos com força, tentando apagar aquela sensação horrível que se apossava dentro de mim. Sabia que minha mãe não estava bem, mas ela não era assim. Não fazia coisas desse tipo. Não machucava pessoas. Principalmente as que eram importantes pra mim. Mas fiquei tanto tempo ignorando isso, que ela se tornou pior a cada dia.

—Venha, temos que ir. —Puxei ele para ficar de pé, ouvindo seu grito de dor, como se eu estivesse o rasgando por dentro. Cedric deixou todo peso sobre mim, parecendo sem forças para andar ou sequer ficar com os pés no chão. —Vamos lá, Cedric. Você consegue.

Consegui o tirar da cela, cambaleando pelo corredor enquanto tentava suportar todo peso dele. Ele arfava a cada passo que dávamos em direção as portas e depois as escadas, se agarrando em mim cada vez mais. Quando chegamos aos degraus, ele desabou, me puxando junto com ele.

—Cedric! —Exclamei, puxando os ombros dele para fazê-lo olhar pra mim, enquanto sentia o castelo estremecer ao nosso redor. —Cedric, temos que ir.

Olhei para o corredor de celas, vendo o teto e as paredes começarem a desabar, seguindo uma linha na nossa direção. Meu coração disparou e eu agarrei Cedric com mais força, ignorando o grito dele quando o puxei pelos degraus, tropeçando nos nossos pés enquanto tentava evitar que ficássemos presos lá.

—Eu não vou te deixar pra trás, entendeu? —Afirmei, o abraçando pela cintura e o puxando, enquanto sentia seu sangue molhar minhas mãos. —Vou ficar com você, Cedric. Entendeu? Vamos sair daqui juntos.

Caímos quando chegamos ao final da escada, vendo a poderia tomar conta do ar quando tudo desabou atrás de nós. Tentei proteger o corpo dele com o meu. Sentindo alguns escombros caírem sobre mim. Abri os olhos, tentando enxergar no meio de toda a poeira que se erguia.

Cedric estava respirando de forma desregular, tentando se mover embaixo de mim. Sai de cima dele e o virei, vendo seus olhos abertos parecerem um oceano trasbordando. O ajudei a se sentar, enquanto empurrava os escombros que estavam sobre nossas pernas, observando tudo que havia desabado no castelo.

—Kenji? —Cedric se escorou em mim, abrindo a mão toda manchada de sangue. Observei as quatro safiras aparecerem ali, fazendo meu coração parar de bater por alguns segundos, enquanto ele erguia a cabeça e me encarava com os olhos arregalados. —A Kayla...

As safiras sumiram da mão dele em segundos, enquanto eu tentava entender o que estava acontecendo ali. Cedric agarrou meus braços, se forçando a ficar de joelhos, enquanto seu rosto era tomado por uma expressão de dor e frustração.

—Me leve até eles. —Pediu, enquanto eu ficava de pé e o ajudava a se escorar em mim e firmar as pernas no chão. —Temos que fazer isso juntos.



Continua...

Um Mundo de Sombras / Vol. 2Onde histórias criam vida. Descubra agora