Fiz com que as raizes que prendiam minhas pernas me puxassem para trás, trazendo Diana junto comigo. Mais raizes surgiram, agarrando os braços dela quando já estávamos no chão novamente, nos puxando para longe daquele buraco que havia se aberto no chão. Me sentei de costas, com a respiração pesada. Diana se deitou ao meu lado, tremendo enquanto respirava fundo.
—Por que fez isso? —Indagou, se sentando e olhando pra mim. Soltei uma risada, balançando a cabeça negativamente. Era o tipo de pergunta que eu deveria esperar vindo dela.
—Já passou pela sua cabeça que você só me julgou errado desde o início? —Me sentei, olhando pra ela com as sobrancelhas erguidas. —Não matei seu pai ou os outros reis porque quis. Matei porque eles não me deram outra alternativa a não ser essa. —Ela cerrou os olhos, cética. —Sabe qual o problema? Vocês ficam esperando que eu me importe com o mundo. Mas eu não me importo. O mundo não fez absolutamente nada por mim, princesa. Tudo que eu faço é tentar sobreviver da melhor maneira possível. Matei os reis porque eles me atacaram primeiro. Não tenho motivos pra matar você. Mas se me atacar, então eu terei motivos e vou fazer isso. Quero sobreviver, não importa como. Sei que fiz coisas erradas, mas não me arrependo de nenhum delas.
—Obrigada pela sinceridade. —Sibilou, passando a mão nos cabelos ruivos e ficando de pé. —E obrigada por me salvar. Eu acho.
—Disponha. —Dei de ombros, percebendo o clima constrangedor que estava se instalando ali. —Podemos fingir que isso nunca aconteceu.
—Me parece uma boa ideia. —Afirmou, balançando a cabeça afirmativamente.
Fui pra um lado e a princesa para o outro, com a tensão se dissipando aos poucos. Encarei o buraco que havia se aberto no chão, percebendo que tinha alguma coisa brilhante e viva lá dentro.
—Ei? —Chamei ela, caminhando até a beirada com cuidado. —É uma flor.
Ela parou do meu lado, olhando para a flor que havia brotado e florido no barranco, em meio a terra que se desprendia e caia ao redor dela. Deixei o poder da safira da terra correr por mim, fazendo a terra se erguer no local que a flor estava, vindo exatamente na nossa direção. A terra se moveu, crescendo e subindo até ficar a altura da minha mão. Então, estendi o braço e arranquei a flor.
O caule, as folhas e as pétalas eram feitas de algo claro e brilhante, com pedras de diamante. Parecia refletir toda a luz que tocava nela, assim como a magia presente em cada parte daquela planta. Olhei para trás quando Axel apareceu junto com os outros, percebendo o alívio dele ao ver que eu estava bem. Abri um sorriso e ergui a flor, mostrando a Axel e aos outros que havíamos conseguido.
[...]
Encarei a flor entre meus dedos, soltando um suspiro pesado ao sentir a importância daquela coisa tão pequena e mágica. Um desejo e mais nada. Parecia que havíamos ganhado algo muito grande, mas ao mesmo tempo muito pequeno e que não nos dava segurança alguma.
—Da pra sentir a magia dela, não é? —Olhei para trás, vendo Cedric entrando na cabine e abrindo um sorriso. —Nem consigo acreditar que uma flor pode ser tão poderosa assim.
—Um pedido, um desejo realizado. —Falei, soltando ela sobre a mesa, entre os mapas sobre ela. —Se fizermos um pedido errado, tudo já era.
—Uma pena não podermos pedir pra ela acabar com a magia das trevas da rainha. —Cedric parou ao meu lado, olhando para a flor.
—É uma magia poderosa demais. Seria estranho se fosse tão fácil assim acabar com ela. —Olhei pra ele, ponderando as palavras que iria dizer a seguir. —Você contou a elas o que eu pedi?
—Ah, ainda não. —Cedric ergueu a mão e esfregou a nuca. —As coisas estão meio estranhas depois que elas souberam sobre eu e o Kenji. E o Trevis anda meio quieto e afastado. Não sei o que está acontecendo com ele, mas vou conversar mais tarde sobre isso. —Ele me olhou, cerrando os olhos. —O que rolou no castelo entre você e a Diana?
—Hm, bem... eu meio que salvei a vida dela. —Ele ergueu as sobrancelhas e eu me encolhi um pouco. Falar fazia aquilo soar mais estranho do que já era. —Pois é, foi um pouco constrangedor depois. Vamos fingir que isso não aconteceu.
—Certo. Claro. —Ele soltou uma risada graça. —Acha que elas não vão se opor quando souberem disso, Kay. Tecnicamente falando já temos poderes, então...
—Mas vai ser diferente. Você sabe disso. —O olhei, sentindo a respiração se prender na minha garganta.
—Podemos falar disso quando chegarmos ao acampamento? Teremos um exército e mais cabeças pra pensar. —Cedric fez menção de tocar meu ombro, mas hesitou e afastou a mão. —Vai dar tudo certo, Kay.
Não respondi aquela afirmação, porque tinha certeza que tudo daria certo. Era estranho, mas depois de tantas coisas, acho que isso não é a pior coisa que já aconteceu na minha vida.
Continua...
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Um Mundo de Sombras / Vol. 2
FantasyUMA CONJURAÇÃO DE MAGIA: PARTE II A Rainha das Rainhas foi julgada e condenada a uma prisão em seu próprio reino. Vivendo esquecida por séculos, agora ela está livre para governar os quatro reinos do continente. Usando magia das trevas para controla...