CAPÍTULO 38

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YURI

     Passo pelo lugar silencioso, o dia nublado e cinzento está frio e um vento gelado sopra meu rosto. Olho para os lados discretamente enquanto caminho em meio aos túmulos, alguns vazios por cima, outros cobertos de flores e presentes, balanço a cabeça em negativo, é tão visível após a morte a importância que você fez no mundo, alguns esquecidos na eternidade e outros tão lembrados, causando saudades e dor. Está aí a diferença entre minha mãe e meu pai.

Chegando ao aglomerado de poucos pessoas em volta da cova aberta, os olhares se direcionam para mim e imediatamente se ouve o clic do engatilhar das armas, todas apontadas para minha cabeça e peito.

    Eu sendo um membro da Salazar, é óbvio que e ganharia a total atenção dos seguranças da Brava. Após passar apenas um segundo parado no lugar, volto a caminhar para perto de Bruno, o que faz com que barulhos ainda mais altos de armas maiores ecoem a minha volta.

     - O que faz aqui, Yuri? - Bruno pergunta assim que paro ao seu lado, frente a sepultura de seu irmão, ainda aberta enquanto o corpo é descido lentamente no túmulo preto.

     — Cumprindo o protocolo, tem que haver um membro presente da Salazar para testemunhar a morte do outro capô... Ninguém queria vir, então Mário, um dos membros do conselho me mandou.

    — Muito esperto. - Dá de ombros.

    — Eu sinto muito pelo seu irmão. - Lamento apenas por educação, porque a verdade é que para mim isso é completamente indiferente, em resposta, ele suspira.

    — Foi como tinha que ser, não tinha outro jeito. - Diz perdido em pensamentos profundos e eu franzo o cenho, deixando de lado a pouca vontade de entender o que ele quis dizer com isso.

     A cerimônia se seguiu, silenciosa e calma, e ao final seguimos para fora do cemitério lado a lado.

     — Como estão as buscas? - Pergunta, andando.

    — Estão na mesma, não achamos nada...

    — E nem vão, ele explodiu pelos ares, eu mesmo o mandei para o inferno. - Diz ele e não posso evitar o sorriso cúmplice que meu rosto começa a esboçar.

     Alexander morto...Meu Deus... nada podia ser melhor que isso.

Nada...

Apesar que uma coisa séria sim, ter Lana só para mim, ser o marido dela, tê-la em meus braços todos os dias e fazê-la minha a cada momento que desejasse. Sem a sombra de Alexander por perto.

   —- Yuri... - Bruno me tira dos meus devaneios.

    — Sim?

    -— Você tem que insistir, tem que pedir seu cargo de sub-chefe até conseguir.

     — Stefan não vai querer me dar, ele disse que não vai me dar nada até Alexander ser dado como morto. E parece que ele nunca vai fazer isso.

     - Ele está desesperado mas o tempo vai passar e ele vai ter outra opção se não cumprir com as regras.

    — Eu sei, sei bem...

    Isso tem que acontecer logo e assim que acontecer vou ter tudo... Vou ter a vida dele e me vingar de tudo que ele me causou.

     Desde a infância fui humilhado e ridicularizado por Alexander Petrov, sempre deixado de lado, sempre menosprezado por ele... Me lembro bem de todas as vezes que ele fazia questão de chamar atenção para si, sempre que eu estava com tia Kelly ou com Kate. Alexander sempre foi possuidor de tudo que eu não tinha e desejava, uma mãe, um pai presente, um futuro cheio de glória garantido, amigos...uma irmã que o ama. Ele tinha tudo, e agora é um nada, um corpo quebrado no fundo de um penhasco prestes a ser esquecido.

    Ele nunca deixou que eu fosse amado. Eu poderia suportar tudo isso...e suportei.. mas não quando ele mexeu com a Lana... Não...

    Lana era meu ponto de equilíbrio, minha melhor amiga, amor da minha vida... Venho amando ela secretamente desde a infância e quando finalmente posso vislumbrar um futuro com ela, tudo se vai como o sopro da brisa.

     Alexander surgiu na vida dela, a tomou para ele, sem me dar a chance de lutar, tirou sua virgindade e a engravidou, roubando o meu amor.

Ele mereceu morrer e só lamento por não ter sido eu a mata-lo. Esse prazer infelizmente ficou para Bruno, que também é um homem que divide a mesma dor que eu, a da rejeição,de ter a mulher amada roubada de seus braços por outro. Stefan tirou Katherine dele, e ele tirou Alexander deles...

    Ele roubou tudo de mim e vou fazer o mesmo com ele, vou tomar o cargo dele, o poder dele, sou eu quem vai criar o filho dele, vou ser chamado de pai por um ser que ele tanto desejou, vou ter a mulher dele só para mim. A mulher que era para ter sido minha desde o início. 

     Lana vai ser minha querendo ou não, vai ser minha. Vou toma-la com a mesma violência que ela foi arrancada de mim... Assim que me torna sub-chefe vou reenvindicar uma lei antiga que diz que assim que um novo sub-chefe sobe o cargo, ele pode tomar a esposa do antigo como sua. Isso apenas aconteceu uma vez, devido a morte do terceiro Subchefe, ele não tinha herdeiros vivos e seu substituto criou está lei para manter as coisas sobre controle. Uma lei rara e muito útil agora, que vai sobrepor o costume de que a esposa não pode se casar novamente, que deve eterno luto e fidelidade ao seu marido.

    Mesmo se ela não me quiser, não vai poder fazer nada porque ela é mulher e não tem voz. Stefan não vai poder me negar porque ele vai preferir ver a irmã casada do que sozinha e desamparada sem respeito nenhum.

    

 A literal queda de Alexander Petrov foi a melhor coisa que já me aconteceu, está resultando na minha ascensão. E eu desejo profundamente que exista um inferno, e que neste inferno ele possa ver eu tomar seu lugar, como poderia ser o inferno para ele se não pudesse ver isso? Não pudesse saber que todas as noites eu possuo sua mulher, que sou eu quem vai ver seu filho nascer, que vai sentar em sua cadeira.

Sorrio, suspirando aliviado.

DARK - Possession Onde histórias criam vida. Descubra agora