2- É a vida...

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MARY GREENE

— Tem um novo prisioneiro nesta merda. Vocês sabiam não é? — Eu entro no quarto falando, Laura e Dwight estavam lá dentro a jogar e a beber.

— Sabemos sim, acho que todos sabem. — Laura responde e Dwight desvia a cara, começando a preparar a sua mochila.

Me sentei no sofá do quarto e comecei a fazer uma mini escultura que se parecia com o meu filho. Laura falava sobre o ataque que Negan fez nos últimos dias. Matou duas pessoas, trouxe um dos homens para o santuário, esse homem está na cela até agora. Dwight se aproximou de mim e me olhou, pegou na minha escultura e a pousou na mesa.

Só espero que Thomas não a veja, é uma surpresa para ele.

— Temos de ir trabalhar? — Dwight me pergunta.

— Sim, nós temos. — eu me aproximei da porta e disse. — Eu olho as coisas cá dentro e você começa por ver as coisas lá fora.

— O prisioneiro? — eu olho pra Dwight.

— Que tal não provocares o Negan. Sabes do que ele é capaz.

Eu pego numa mochila e sinalizo para Laura que me diz adeus com a mão.

Desci as escadas e fui até ao local de onde os alimentos são deixados, onde as pessoas fazem fila desde cedo para comer alguma coisa.

Parei por um momento perto da fila para deixar as pessoas comerem, enquanto isso, eu via um homem ao longe. Ele parecia estar a ficar em apuros.

— Tome este pão comandante! — A mulher que distribuía o pão, ignorou umas pessoas e o deu a mim.

— Eu estava na fila.

— A comandante não deve esperar.

Mordi o lábio e ignorei os olhares de todos. Guardei o pão e comecei a andar. Apontei as coisas boas no meu caderno e olhei pra mesa das latas do feijão. O homem da cama 39 estava a ser agredido.

— Podem parar por aí! — eu seguro no braço de um salvador.

— Comandante? Eu...

O homem se levanta com dores e se agarra em mim.

— Podem dispersar, eu cuido disto a partir de agora.

Os salavdores pegaram nas suas armas e foram embora.

— Eu sei das regras por aqui. Me siga comandante.

Fui até à cama 39 e tirei de lá uma compota e uma lata de feijão. Por aqui é assim.

Tens de seguir as regras.

Se não seguires, haverá consequências.

Podes ficar sem comida ou sem roupa.

Podes até morrer de fome.

Antes de ir tentar falar com Negan, decido ir até à cama do número 27, onde dormem Anne e Zack Watson, pra mim eles são  os meus segundos pais. Desde que vi a fazenda do meu pai toda queimada e destruída, eles foram o meu porto seguro. Eu abro a porta que range sem parar, entro lá dentro e me sento na cama.

Tiro o pão e o guardo dentro de um lenço. Mal posso esperar para ver a reação deles. Me deito, sentindo os meus olhos a fecharem lentamente. Só me lembro de pensar no prisioneiro de cabelos castanhos e no Negan que voltou a matar pessoas.

— Acorda, preguiçosa. — A voz de Anne invade o meu sono. — Negan está à tua procura!

— Ainda estás a dormir? — Zack perguntou me chacoalhando. — Mary?

Com um suspiro pesado eu abri os olhos. Me arrependi no mesmo momento mas me levantei devagarinho. Impressão minha ou o apocalipse é uma merda?

— Bom dia. — Anne me abraça e dá um pequeno sorriso. — Você apagou, Hein?

— Tenho de voltar pro trabalho,não é? — murmurei enquanto andava para a porta.

— Mary?

— Sim Zack?

— Obrigada pelo pão minha filha. — Ele me deu o lenço e eu retribui com um grande sorriso.

Saí da sala e dei de caras com Sherry, uma das noivas de Negan, que namorava com Dwight.

— Negan quer falar contigo.

Eu comecei a andar com ela e a tagarelar sobre não gostar do Negan, Sherry ria de vez em quando e quando chegámos à sala de reuniões, ela parou.

— Boa sorte. — Ela suspira e vai embora.

Eu suspiro também e entro na sala já esperando por tudo.

— Fez um bom trabalho, hoje. — Negan disse com a voz rouca.

— Porque é que não me falaste sobre o incidente de dois dias atrás? Aquele que trouxe o novo prisioneiro para aqui! — perguntei chegando mais perto.

— Muito bem. Não precisas de te irritar querida. — Negan joga o seu charme e eu reviro os olhos.

— Você é insuportável. — eu me sento no sofá e olho pra ele. — Sempre disseste que não eras o mesmo do passado, que agora tinhas um grande exército, mas matas-te duas pessoas.

— Tu matas-te 37 pessoas no passado. — ele provoca.

— Eu nos salvei!

Ele me olha por uns momentos e depois joga uns papéis para mim.

— Alenxandria?— eu leio um nome que está no papel e Negan ri.

— Aí estão umas informações sobre o grupo que eu encontrei.

Eu fiquei em choque ao ver fotografias de duas pessoas mortas. Não era possível ver a cara deles porque não havia cabeça nenhuma.

— Isto é uma prova de que eu ainda confio em ti, bem lá no fundo.

Decidi esticar as pernas e fui até à janela para pensar. Negan pega em Lucille e vai até à porta.

Foi aí que eu vi outra folha, uma busca por diversos mantimentos e Grace e Ben foram escolhidos. E o Thomas também foi.

— NEGAN! PORRA NEGAN! DOIS DIAS DE BUSCA!?— eu grito.

Fiquei em desespero e corri desesperadamente até à porta, saí da sala e não vi Negan em lado nenhum.

— Não te quero ver ao lado do prisioneiro... é um aviso. — Ouço a voz de Negan um pouco ao longe.

Eu me seguro na parede e controlo a minha respiração. O meu rapaz, o meu rapaz não pode morrer. Não ele.

Atirei os papéis para o chão e olhei pro lado, vendo Dwight no bloco das celas. Tinha um prato na mão. Aquilo era comida de cão!? Que porra esse maluco está fazendo!?







                       CAPÍTULO PUBLICADO NO DIA    25/08/2022


Love made us crazyOnde histórias criam vida. Descubra agora