Capítulo 2

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Marilia narrando.

— É o meu amor todinho ela. - Falo no microfone no meio do nosso show abraçada com a maiara.

Ela sorri tímida e se afasta um pouco de mim. Eu a olho sem entender, afinal sempre demonstramos afeto em público e nunca foi um problema pra nós.

Mas desde que resolvi contar o que realmente sinto por ela. Ela começou a agir meio estranha quando estamos em público.

Antes de tudo isso, ela sempre tratava com carinho na frente de quem quer que fosse, ela nunca limitou seu jeito carinho a mim. Pelo contrário, eu é que reclamava de todo o seu grude. E agora me acho uma tola por sentir falta de algo que passei uma vida toda reclamando.

Maiara sempre foi uma das pessoas mais carinhosas e grudenta comigo. Maraisa também não fica atrás, mas com a Maiara sempre foi diferente. Não digo só pelo fato de amá-la além da amizade, mas por ela realmente ser assim.

Sempre foi doce, carinhosa, cuidadosa, amorosa. Sempre arranjava um pretexto pra me dizer o quanto me amava e demonstrava muito bem isso, sendo em palavras ou em atitudes.

Quando estamos em casa ou com nosso amigos mais próximos, ela ainda age dessa forma, sempre me trata com o maior carinho do mundo. Mas quando estamos em algum lugar aberto ou em nossos shows juntas, ela acaba limita o nosso contato. O que me deixa levemente chateada e com raiva. Eu a entendo, mas não acho que deveria ser assim.

Eu sei o quanto as pessoas são ruins e podem ser cruéis, mas não acho que ela deveria deixar isso mudar quem ela realmente é ou que nós sempre fomos.

— Foi incrível gente. Obrigada por estarem aqui, por ter comprado o ingressos de vocês pra festejar com a gente. Até a próxima.

Ouço a maiara dizer e então me dou conta que por alguns segundos eu me mantive imóvel e desligada de tudo que estava acontecendo em minha volta.

Me despeço dos nosso fãs e seguimos pro camarim. Assim que adentramos o lugar, sinto alguém me abraçando pela cintura. Eu não preciso de muito esforço pra imaginar quem é. Dou uma pequena olhada e vejo a maiara grudada em mim.

Dou um sorriso meio sem graça e afasto seus braços do meu corpo.

— O que foi? - Ela para em minha frente e me olha sem entender.

— Não to afim dos seus grudes escondidos hoje. - Me afasto dela e me sento no sofá que tem ali.

Tento ficar tranquila, mas é que já fazem uns meses em que ela age assim. E por mais que eu a ame demais, eu não acho que mereço ser tratada de qualquer forma ou ser tratada bem só quando ela julgar ser certo.

Olho em sua direção novamente e vejo a Maraisa a abraçando. Meu coração dói de ver aquela cena, está nítido em seus olhos que ela está sentida.

Maiara narrando.

Sinto a Marília afastarem meus braços de seu corpo e falar algo antes de sair. Cada palavra que saiu de sua boca me bateu de uma forma diferente.

Eu sei que nos últimos meses não tenho sido o que costumo ser com ele em público. Mas já sabem, voltamos aquilo que eu tento lidar dia após dia e não tá sendo fácil.

Fico imóvel e quando dou conta sinto a Maraisa me abraçando. Ela me abraça com tanta força que imagina que está nítido em meu rosto toda a minha chateação.

— Metade.. - ela diz ainda me abraçando. — O que houve? Tá tudo bem?

— Não. - Me afasto de seus braços e a olho. — Marília está chateada.

— Desculpa.. - Ela diz e eu a olho sem entender. — Mas você tá sendo otaria irmã. Por que você mudou com ela nos últimos meses?

Ela me pergunta e eu penso em falar o real motivo, mas prefiro deixar pra lá. Acho que não é o momento. Conheço a Maraisa o suficiente pra saber que se ela soubesse que a Marília é apaixonada por mim, iria me fazer se sentir pressionada por está sendo tão idiota e está correndo o risco de perder algo tão incrível com ela.

— Não é nada irmã. - Minto. — Talvez ela só esteja num dia ruim.

Termino de falar e vejo a Marília olhando em nossa direção. Eu a olho como se a pedisse desculpa, ela apenas desvia o olhar de mim e começa a mexer em seu celular.

Vejo que nos vinte minutos seguintes ela não largou o celular um segundo se quer. Além de não ter largado, em menos de um minuto ele apitou repetidas vezes o que acabou me deixando extremamente irritada.

— A gente tá te atrapalhando? Seja lá no que for que você esteja fazendo nesse celular. - Falo irritada a olhando.

Todos param o que estavam fazendo em nosso camarim e me olha. Ela me olha com uma cara de quem não estava entendendo nada.

— Que? - Ela diz confusa. — Do que você tá falando?

— Se saísse um pouco da porra desse celular saberia. Estamos aqui vivendo o momento e aproveitando pra comemorar mais um fim de turnê e você está aí nessa merda.

— Maiara, sério? Você quer mesmo começar uma briga sem sentindo algum na frente de todo mundo? - Ela diz me olhando.

— Não estou brigando, Marília. Só acho que você deveria ter um pouco mais de consideração pela gente. Nós ainda estamos aqui e você parece não ligar.

- ah não.. - Ela da um sorriso sarcástico. — Maiara você quer me cobrar consideração quando nem você consegue ao menos ter isso comigo? - Ela passa a mão em seus cabelos. — Só rindo mesmo.

— Por que vocês estão se estranhando? - Maraisa pergunta. — Eu percebi e não é de hoje. Mas isso parece acontecer só quando estamos em público. Porque dentro de casa vocês parecem um amor.

— Por que você não pergunta pra maiara, ela tem esse dom de afastar as pessoas que estão disposta a cuidar dela.. - Ela diz brava. — Talvez esse seja o defeito, talvez eu devesse ser uma completa de uma cuzona e fazer ela se sentir um lixo pra assim ela talvez cogitar a possibilidade deu ser alguém pra ela.

Maraisa para em choque sem entender o que de fato a Marília estava querendo dizer. As pessoas que antes estavam ali terminando de ajeitar as coisas no camarim pra que pudéssemos ir embora já havia saído e não tinha nem se quer dado conta disso.

— TALVEZ FOSSE ISSO MARÍLIA, TALVEZ VOCÊ DEVESSE REALMENTE SER UMA TREMENDA DE UMA IDIOTA E ME FAZER SE SENTIR LIXO PRA QUEM SABE EU NOTAR VOCÊ. - Grito. — MAS NÃO SE PREOCUPA PORQUE BABACA VOCÊ JÁ É!

Pego meu sapato que estava no chão e vou em direção da porta pra poder sair e ir pra casa. Paro antes de sair totalmente do nosso camarim e a olho.

— Não precisa se preocupar em ser cuzona ou não pra vê seu te noto, não perca seu tempo fazendo isso. - Faço uma pausa. — Porque esquece, qualquer coisa que um dia você cogitou ter comigo. Não terá! Eu não te amo como você me ama e não te quero como você me quer. - Olho pra Maraisa que está parada no meio da gente. — Maraisa, como você queria saber o motivo de estarmos tão longe assim, agora você sabe. Marília me ama, mas pra infelicidade dela, eu só amo as pessoas que são otarias comigo. Como ela mesmo deixou claro a minutos atrás. Então acredito que não preciso mais falar nada. Pode parar com seus joguinhos de conquista, porque eu simplesmente não te quero..

Saio batendo a porta e deixando a Marília e Maraisa pra trás. Entro na van que estava nos esperando, e por mais que eu quisesse ir embora sozinha, já estava tarde demais pra pedir um uber de volta pro hotel.

Reaprendendo a amar. - Mailila. Onde histórias criam vida. Descubra agora