Capítulo 14

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Marília narrando.

Acordo e encontro a Maiara ao meu lado. Nada de diferente de todas vezes que ela sente ciúmes.

Me levanto da cama com a intenção de não acorda-lá. Mas não dá certo.

— Onde está indo? - Ela diz

— Vou tomar um banho e me trocar. - Falo a olhando. — Não queria te acordar.

— Tá tudo bem? - Ela pergunta preocupada.

A olho e penso em não estragar aquele dia, mas não tem como ignorar tudo e viver desse jeito.

— Mai... Não da pra ficarmos nessa. - Falo a olhando.

— Nessa como? - Ela se senta na cama.

— Não tem como eu parar na sua cama ou você na minha toda vez que você sente ciúmes de alguém que tenta se aproximar de mim.

— E-eu não faço isso. - Ela diz sem jeito.

— Sejamos sinceras, Maiara. Você sabe que é exatamente assim. Você não me procura nesse sentido quando as coisas estão tranquilas e nada aparece pra te tirar do meu foco.

— Não é isso!

— E é o que? - Falo irritada. — Eu não vou ser pra você uma pessoa que vai apenas esquentar a sua cama. Eu não quero isso, eu nunca quis isso com você.

— Você sabe que não posso te dar o que você está me pedindo.

— Se não se sente preparada pra me dar o que eu quero, além de sexo. Eu não vou continuar com isso. Eu não vou me submeter a isso pra ter algumas horas de prazer e depois você simplesmente agir como se nada tivesse acontecido. - Me levanto da cama. — Sinto muito, Maiara! - Falo me vestindo e indo em direção da porta.

— Calma, Marília! - Ela diz segurando em meu braço. — Eu tô tentando me abrir pra isso, mas ainda sinto medo. Me sinto insegura.

— Não Maiara, você tá fazendo qualquer coisa menos tentando. - A olho. — Me diz como você consegue se deitar comigo, mas não consegue me amar?

— Quem disse que eu não te amo?

— Você não é burra, sabe do que estou falando. Não é desse amor.

— Não desiste de mim. - Ela diz manhosa.

— Mai, todo esse tempo que passou não tem um dia se quer que eu tenha desistido de você. Mas não posso viver nesse impasse, um dia você me quer como se eu fosse a única mulher da sua vida. E no dia seguinte você não me enxergar além de sua amiga. - Faço uma pausa. — É incrível ser sua amiga, o ruim é não saber o que somos até que eu te encontre e você começa a agir com indiferença sobre o que sinto. Vivemos nessa montanha russa, estamos entre ser algo e não ser absolutamente nada. Eu não quero isso, não quero me machucar. Sempre te respeitei e vou continuar te respeitando. Mas, não vou me permitir como em todas outras vezes me permitir deitar em sua cama e por um momento te fazer minha.

— Eu te amo Marília, eu realmente te amo.

A olho já prestes a sair de sua casa. Por um momento lembro o trecho de uma música. Por ironia do destino é impressionante a minha capacidade de simplesmente lembrar de músicas que podem se tornar trilha sonora do que está acontecendo ao meu redor.

Olho pra Maiara quase fora de sua casa...

— Preciso dizer que preciso
Sentir verdade no que você diz e faz
Ou me leve a sério
Ou vá embora
E não volte mais.

Termino de cantar e vejo seus olhos marejados e brilhando. Pode doer nela talvez ouvir minhas palavras. Mas ela tem que saber que também dói em mim. Eu a amo o suficiente pra passar uma vida inteira ao seu lado. Mas também tenho que impor limites apesar de todo amor.

— Eu vou embora!

— Por que você não fica? - Ela me olha triste.

— Talvez outro dia, hoje não. Preciso pensar e acredito que você deveria fazer o mesmo. - Seguro em sua mão e olho em seus olhos. — Eu te amo ruiva, te amo demais. Mas não posso permitir que vivemos assim. É incrível acordar em sua cama depois de uma noite incrível de prazer, mas eu quero mais que isso. Sempre deixei claro que quero mais que isso com você. E não estou disposta a abrir mão disso. Ou é tudo ou nada, Mai.. tudo ou nada!

Me aproximo e dou um beijo em sua testa, ela me olha e mexe a boca algumas vezes tentando formar alguma frase, mas acaba por não dizer nada.

Me afasto e sigo até o meu carro, entro no mesmo, dou partida e olho uma última vez em sua direção até que saio de lá em direção de casa.

Semanas depois...

Desde a pequena briga... conversa com a Maiara nunca mais nos envolvemos como estávamos nos envolvendo. Eu entendo a insegurança e o medo dela. Mas jamais iria me permitir viver algo com alguém que amo sabendo que, não nós levaríamos a lugar algum. Ainda mais sabendo que continuar nesse impasse poderia em algum momento custar a nossa amizade.

Todas essas semanas que passaram, mantivemos a amizade como sempre foi. Não nós privamos de nada, embora vez ou outra pegava a Maiara me olhando de um jeito diferente.

Qual era a mina reação? Dá risada todas as vezes em que ela percebia quer eu já havia percebido a forma que estava me olhando.

Apesar de sentir muita saudade do que não tínhamos, talvez essa tenha sido a decisão mais sábia que tomei.

Não estou dizendo que já não amo ela mais, pelo contrário, a amo tanto que acho justo da esse tempo pra ela. Já que ela não sabe o que quer. Mas, também acho justo se nesse meio tempo tudo aqui dentro mudar.

Eu a amo mas não irei ficar nutrindo um sentimento que aparentemente não é correspondido. Não vou me envolver com alguém agora, esse não é o ponto. Afinal, não quero usar ninguém pra 'tapa buraco'.

Só darei tempo ao tempo, o que tiver que ser ser será.

Reaprendendo a amar. - Mailila. Onde histórias criam vida. Descubra agora