Capítulo 52

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Marília narrando.

As semanas longe da Maiara já estavam sendo péssimas, mas pior do que isso, foi chegar em sua casa e a encontrar conversando com o Fernando. Assim que vi a cena foi como se um balde de agua fria estivesse sendo jogado em cima de mim, por um momento perdi o sentido. Toda a saudade que me rodeava acabou se transformando em raiva. Se eu pudesse eu sumiria, eu me afastaria ainda mais e nunca, nunca mais olharia em sua cara.

Mas como tudo que está ruim tem como piorar, foi realmente o que aconteceu. Tentei me concentrar nas coisas que me propus fazer com a Maraisa, mas quando achei que tava tudo indo bem, a Maiara entra no lugar e começa a falar. E ouvir a voz dela naquele momento fez com que todo meu corpo entrasse em alerta, como se estivesse passando por algo extremamente perigoso e ameaçador.

Eu queria parar e pensar em tudo que saia da minha boca, mas meus pensamentos não acompanhava os meus lábios. A cada frase que eu direcionava a ela, não era nem se quer pensada, ela só era cuspida da minha boca e só me dava conta quando já havia falado.

Agora, deitada em minha cama, pensando em cada palavra que disse. Me faz pensar se não fui dura demais, se não a magoei mais do que sabia que poderia magoar.

— Tola! - Falo pra mim mesmo. — Para de se importar!

E de fato eu realmente deveria parar de me importar. A Maiara é grande, fez as escolhas dela e nem se quer pensou nas consequências.

No mesmo instante que penso que deveria ser assim, penso que ela não tinha controle sobre si, então no mínimo ele é que foi o bosta da história, que no final acabou se aproveitando de alguém indefeso.

Merda! Tudo a minha volta ainda grita por ela, mesmo que eu tente me obrigar a não sentir tanto mais. Mas, quem eu quero enganar, se tudo ainda é recente demais pra não sentir, não desejar e não querer.

— Filha. - Ouço minha mãe me chamar batendo na porta de meu quarto.

— Entra.

Ela abre a porta e se aproxima da cama, me encara por alguns segundo e passa a mão pelos meus cabelos.

— Te amo! - Ela me olha e sorri.

— Eu também te amo, mãe.

Sinto minha voz ficar embargada, um nó se formar em minha garganta e o choro que estava preso sair com tanta facilidade e urgência.

O silêncio que antes habitava no quarto, agora é preenchido pelo barulho do meu choro. Minha mãe não demora pra me envolver em seus braços. Ela se senta ao meu lado e me puxa pra seu colo, apoiando minha cabeça em suas pernas e fazendo um carinho em minha cabeça.

— Eu não aguento mais isso, mãe. Por que as coisas tem que ser assim? Eu achei que estávamos bem, que iríamos planejar todo nosso casamento e ser feliz, construir uma família, conquistar o mundo juntas. - O choro se intensifica ainda mais. — Todos os planos foram jogados fora, todos os sonhos que tínhamos pra realizarmos juntas, foram embora. O que me restou agora? O que sobrou a não ser pedaços de um amor mal valorizado?

— O meu amor, eu entendo que você está péssima com isso, que está sofrendo. Eu entendo, eu realmente entendo. Mas por que vocês não tentam conversar? Dá tempo ao tempo e depois vê no que dá.

— Mãe, eu cheguei na casa dela e ele estava lá! Fazendo sabe se lá o que, mas eles estavam lá, conversando na porta de sua casa e pelo jeito ele não parecia ter acabado de chegar.

— Mas ela não te disse nada depois que ele foi embora?

— Ela tentou, mas eu sinceramente estou cansada de ouvir suas desculpas. - Me levanto de seu colo, me sento na cama e a olho. — Toda vez a culpa é dele, da outra pode até ser, mas hoje ela não estava bebada, então não tem como culpar outra pessoa.

— Você não acha que está sendo dura demais?

— Você tá do meu lado ou do dela? - A olho seria.

— Eu sempre estarei do seu lado, mas isso não me impede de abrir os teus olhos. Você não é assim meu amor, mesmo magoada, decepcionada. Você nunca foi de ser dura o suficiente com os outros.

— Não era! Pois ser boa e compreensiva demais me levou a isso tudo.

Ela me olha e fica em silêncio. Me encara por longos segundos sem dizer uma palavra se quer.

— O que foi? - Falo a olhando.

— Você não acha que o Fernando pode mentir sobre ter tido algo com a Maiara?

— Você insiste em defender ela. - Falo irritada.

— Filha, temos que pensar em todas as possibilidades. A Maiara não lembra o que aconteceu e sinceramente, algumas fotos não provam nada.

A olho, reviro os olhos e balanço a cabeça em sinal de negativo.

— O que as páginas ganhariam em espalhar fake News por aí?

— Você tá sendo ingênua agora, Marília. Você conhece a Maiara.. - Ela estende a mão e segura na minha. — Não estou a defendendo, mas você conhece ela o suficiente e te ver desconfiar dela e acreditar em tudo que o outro falou pra ela. Me surpreende.

— Mãe, obrigada por me ouvir, você sempre incrível comigo. Mas, não vou encher minha cabeça com essas possibilidades, pois já não tenho psicológico pra ficar imaginando as coisas e no segundo seguinte tudo ir por água abaixo. Talvez seja melhor assim, o começo já foi difícil. Talvez fosse Deus, avisando que não era pra ser.

— Eu não vou insistir e nem te chatear ainda mais. Você é grande e sabe as decisões que tem que tomar. - Ela se levanta e para em minha frente. — Eu só espero que o tempo seja bom e que revele o que pode está errado nessa história. Pois se te convenceu, eu tenho que te confessar que pra mim não faz muito sentindo.

Ela se abaixa e da um beijo em minha testa e logo sai do quarto fechando a porta atrás de você.

Começo a pensar no que minha mãe disse, mas logo afasto os pensamentos. Não quero me iludir com possibilidades, já que tudo está escancarado bem na minha cara.

Me levanto da cama e vou até o banheiro, paro em frente ao espelho e me encaro.

— Talvez seja a hora de tocar o barco. - Falo me encarando.

resolvi tomar banho pra relaxar e dormir, pois tudo que queria era que os dias ruins passassem rápido o suficiente pra não doer tanto e que o sol voltasse a brilhar em meu mundo o mais rápido possível.



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Maia um no mesmo dia, hein. 🤭 tô muito amorzinho. 🥹😂
—J.E.C

Reaprendendo a amar. - Mailila. Onde histórias criam vida. Descubra agora