Maiara narrando.
— Por que você não dá uma chance pra nós?
Ouço ela dizer do nada, no meio de um filme qualquer que estávamos a horas tentando assistir. Bom, pelo menos eu estava, pois me descentrava em cada toque dela em minha pele.
— Mas a gente tá aqui. - Falo a olhando.
— Mai, eu tô falando sério. - Ela me olha. — Eu sei que disse que não iria falar sobre isso e que ia tentar deixar isso pra lá. Mas não tem como, já fazem umas semana em que sempre que volto dos show e nos encontrar acabamos ficando juntas de alguma forma. Por que você não se permito viver isso comigo?
— Lila, não é tão simples assim. Eu realmente gosto de está com você, de passar momentos com você, assim como foi grande parte da minha vida depois que você entrou nela. Mas, não estou pronta pra isso. No momento eu não quero ter que assumir algo.. eu não tenho certeza e eu não quero te machucar com as minhas incertezas.
— Só não rotulamos o que estamos vivendo, mas se for comparar com outros casais, não muda nada! - Ela me olha confusa. — Ou pra você muda?
— M-muda! - Minha voz falha. — Não temos a responsabilidade, o compromisso e nem a exclusividade deles.
Ela me olha sem entender, fica alguns minutos em silêncio até que resolve voltar a falar.
— Pera! - Ela se ajeita na poltrona pra ficar de frente pra mim. — Você tá dizendo que então tudo bem se eu ficar com outras pessoas? Já que não temos nada na real.
— É!
— Você tem certeza Maiara? O que tá rolando aqui não é nada que valha a exclusividade de curtimos apenas nós?
— Sim! - Faço uma pausa. — Entenda, eu não quero te prender a mim, não quero te privar das coisas. Eu não tenho esse direito.
Ela fecha seus olhos com força e passa a mão pelos seus cabelos até voltar a olhar pra mim novamente.
— Tudo bem.. se você diz que não tem problema algum, eu que não irei discutir com você. - Ela diz irritada. — Você sabe o que faz. Se você diz que tudo bem eu me relacionar com outras pessoas mesmo tendo algo que nem ao menos conseguimos rotular está tudo bem, Maiara... perfeito pra mim!
Ela se vira olhando pro telão a nossa frente de novo. Eu continuo a olhando por mais alguns minutos.
Me ajeito novamente na poltrona e volto a tentar mais uma vez ver o filme que está passando. Tentativa falha como todas as outras vezes.
Meus pensamentos estão a mil, minha cabeça não para um segundo se quer. E sentir toda a tensão que está pairando o ar nesse momento me deixa incomodada.
Quando me dou conta os letreiros dos créditos finais do filmes já estão tomando conta da tela.
Olho pro lado e vejo a Marília com seu celular na mão.
— Vou pra casa. - Ela diz se levantando.
— Mas você não ia ficar comigo hoje?
Me levanto da poltrona e fico de pé em sua frente.
— Eu sei, desculpa. - Ela me olha. — Mas prefiro ir pra casa hoje, foi uma semana bem puxada de shows.
Marília sempre disfarçou mal de mais a suas chateações. Vejo em seus olhos a frustração. A conheço o suficiente pra saber que talvez tenha a incomodado dizendo o que havia dito a alguns minutos atrás.
— Queria que você ficasse. - A olho fazendo um bico e carinha de cachorro sem dono.
Ela me olha e da um sorriso sem muita animação.
— Prometo que da próxima.
— Não tem nada que te faça mudar de ideia? - Falo me aproximando dela e grudando os nosso corpos.
Ela da um passo pra trás e segura em minha mão, se afastando cada vez mais de mim. A olho sem entender. Mas não a questiono.
— Não estou no clima hoje!
— Tudo bem, apesar de querer que você fiquei, não vou te obrigar a ficar.
Ela da um sorriso e se vira saindo da sala de cinema. Caminhamos em silêncio até a porta da frente.
— Não mesmo? - A olho na esperança de que ela mude de ideia.
— Não, Mai!
Ela se aproxima e me dá um abraço e sai em direção de seu carro. Diferentes das outras vezes a despedida não foi animada e cheio de gracinha como ela sempre faz. Ela realmente parecia chateada que nem ao menos se deu conta que foi embora sem me dar um beijo na testa como ela costuma fazer todas as vezes que nos despedimos.
Marília narrando.
Sai da casa das gêmeas e sigo caminho da minha casa. Passo o trajeto pensando em tudo que conversamos. E a única coisa que martela com mais força na minha cabeça é a Maiara dizendo que não temos exclusividade, que pra ela tudo bem vivermos as nossas vida como acharmos que devemos. Afinal, não temos nada.
Embora eu havia me convencido que não iria ligar pra isso, ia deixar as coisa acontecerem como tem que acontecer. Mas, me dei conta que não sou tão desapegada assim, ao ponto de ouvir certas coisas e simplesmente seguir.
— Que merda, Ruiva! - Dou batidas no volante do carro assim que paro em frente da minha casa. — Estávamos indo bem.. eu achava que estávamos indo bem.
Pego as minhas coisas e desço do carro. Sigo caminho até a porta de entrada de casa e logo estou dentro da mesma.
Avisto minha mãe sentada no sofá como de costume vendo o seu programa de culinária favorito.
— Oi filha! - Ela diz voltando sua atenção toda pra mim. — Senta aqui comigo. - Ela diz dando batidinhas no assento vago ao seu lado.
Deixo minha bolsa sobre a bancada que tem ali e sigo em direção dela. Sento ao seu lado e logo vejo seus olhos pousarem sobre mim.
— Você tá bem? - Ela diz preocupada. — Parece chateada com alguma coisa.
Dou um longo suspiro pra tentar diminuir minha insatisfação e poder falar sem surtar.
— Maiara!
Minha mãe sempre soube dos sentimentos que nutria pela Maiara, nunca houve segredos entre nós. Quando achei que ela estranharia, ela me surpreendeu me dizendo que já esperava por isso, pela forma que olhava a Maiara. Segundo ela, meus olhos brilhavam como se ela fosse o ser mais incrível e admirável do mundo.
— O que rolou na novela mexicana de vocês? - Ela da um pequeno sorriso que me faz sorri também.
— Eu não entendo ela. - Esbravejo. — Mãe, num momento ela age como se fôssemos um casal, ou algo que estivesse caminhando pra isso. Mas hoje ela deixou claro que não estamos nem perto de ser algo assim. - Afundo meu rosto entre minhas mãos e segundo depois volto a olhá-la. — Eu realmente não entendo. Ela acabou de deixar claro que tudo bem se eu sair com outras pessoas, que não temos algo exclusivo, mesmo eu sendo idiota e achando que estávamos próximo disso.
— Calma, minha filha. Ela pode só está confusa com tudo isso.
— Confusa, mãe... Confusa? - Faço uma pausa. — Ela não parece confusa quando chega na casa dela depois de semanas longe por conta dos shows, ela não parece confusa quando estamos juntas vivendo algum momento romântico. Ela parece curtir o momento e ficar feliz quando as coisas acontecem. Cara, eu não entendo, e cada vez que tento entender eu tenho a sensação que vou pirar.
— Por que você não faz o que ela diz? Vive a sua vida e vê no que isso vai da. Talvez ela precise vê isso acontecer pra tomar uma decisão. - Ela segura em minha mão. — Mas só faça aquilo que não se sentir desconfortável. Respeite os seus limites.
— Essa baixinha é complicada! - Falo deitando minha cabeça nas pernas da minha mae.
Eu sei que queria que fôssemos exclusivas, que ela fosse apenas minha e eu só dela. Mas talvez devesse pensar sobre isso, talvez tenha que viver um dia de cada vez e deixar fluir. Já que ela disse que não tem porque sair do 'mercado'..Quem sabe eu realmente não deva deixar as coisas acontecerem com ela ou com outras pessoas.
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Reaprendendo a amar. - Mailila.
FanficÉ sempre mais difícil se reerguer se permitir ser cativada e amada depois de acreditar ter vivido uma história de amor que no final só te trouxe traumas e inseguranças. É difícil voltará viver como antes e mais difícil ainda se permitir se amada e...