Capítulo 50

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Maiara narrando.

Eu o olho em choque, por mais que eu esperasse algo ruim, não imaginaria que poderia realmente ter acontecido.

Eu o olho e o vejo com um sorriso no rosto e cada vez que vejo ele sorrindo me dá vontade de voar em seu pescoço. Eu não sei o que é tão engraçado.

— Se eu me lembrasse eu não estaria aqui.

— Ou estaria né - Ele diz se aproximando.

Dou dois passos para trás quando sinto ele perto demais. Ele logo desvia de mim e se senta no sofá que tem em sua sala. Eu me viro pra olhá-lo e ele faz sinal pra que eu me sente também.

— Eu não tenho todo tempo do mundo. Então por favor me diz tudo que você lembra.

Ele suspira e faz uma cara de quem estava buscando em sua memória detalhes daquela noite.

— Você passou mal no banheiro, como eu estava saindo do banheiro masculino que é bem ao lado. Me pediram pra te ajudar, e eu fui. - Ele faz uma pausa. — Te peguei no colo e te levei pra um lugar mais tranquilo. Como havia alguns quartos disponíveis ao redor do espaço da festa, te levei pra um deles. Te coloquei de baixo do chuveiro e quando estava saindo. - Ele me olha. — Você me segurou pelos braços e acho que não preciso dizer mais nada né.

— Não pode ser verdade. - Falo incrédula. — Eu não acredito que fui capaz de fazer isso com a Marília.

— Maiara, está nítido que você não ama a Marília, só está com ela pra tentar me esquecer. Você provou isso naquela festa, quando me confessou que ainda sentia a minha falta.

Ele se aproxima, senda ao meu lado e segura em minha mão. Eu me afasto dele e tiro sua mão da minha e me levanto do sofá.

— VOCÊ TA FICANDO DOIDO! - Grito.

Começo a andar de um lado pro outro tentando assimilar tudo que ele me falou.

— Você sabe que a bebida sempre tirou seu filtro e sempre te deixou mais sincera.

— Sem chance! - Falo sem acreditar. — Não é possível, eu sei que até bebada eu me lembraria o quanto eu amo a Marília. Não é possível, eu realmente amo a Marília. - Faço uma pausa. — Porra, eu acabei de pedir ela em casamento.

— QUE? - Ele diz assustado. — Você e a Marília iam casar?

— Vamos!

— Acho que ela não é o tipo de mulher que aceita traição. - Ele se levanta do sofá. — A sorte sua Maiara, é que eu ainda estou aqui disposto a ficar com você.

— Tira seu cavalinho da chuva.

— Acho que não! - Ele se aproxima, parando em minha frente. — Você deixou claro que o que você sente por mim não acabou. Cedo ou tarde a gente se encontra.

Seguro em seu rosto pra que ele preste atenção em cada palavra que está prestes a sair da minha boca.

— Esquece! Nem que a Marília não me queira mais, você não é uma opção pra mim. Se realmente aconteceu o que você me disse, saiba que essa foi a última vez que você me teve.

Me afasto dele e saio de sua casa batendo a porta e indo direto pro meu carro. Entro no mesmo e me desabo em lágrimas.

— Não pode ser verdade, eu não faria isso com ela. - Falo dando soco no volante do carro.

Faço todo o trajeto de volta pra casa pensando em tudo que ele me disse e sem acreditar em cada palavra.

Resolvo ir direto pra casa da Marilia, eu devia satisfação pra ela. Sendo ela boa ou não.

Estaciono o carro, desço do mesmo e sigo até a porta da frente da casa da Marilia. Toco a campainha e logo ela a aberto pela tia Ruth.

— Oi minha filha. - Ela diz com um sorriso enorme no rosto e se aproxima pra me abraçar.

Eu a abraço de volta e por um momento eu so quero ficar naquele abraço e ela percebe. Ficamos ali por longos segundos até que eu me afasto.

— A Marília tá aí?

— No quarto. - Ela da espaço pra que eu entre. — Espero que vocês se resolvam.

A olho e dou um sorriso, sigo em direção das escada, a cada degrau que subo é uma palpitação diferente. Eu não sei nem como encarar a Marília agora.

Paro na frente da porta de seu quarto e ensaio pra poder bater, fico quase um minuto parada ali até que bato em sua porta.

— Mãe, a gente pode conversar depois. - Ela grita.

— Marília, sou eu.

Ela fica em silêncio mas logo ouço seus passos em direção da porta.

— Não é uma bom momento. - Ela abre a porta e me encara.

— Cinco minutos e eu vou embora.

Ela reluta ate que concorda e abre espaço pra que eu entre em seu quarto.

— Desculpa! - Eu a olho e ela me olha sem entender. — Eu não lembro, eu não sei se é verdade, mas como realmente pode ter acontecido.

— Maiara, eu não quero ouvir! - Ela diz se sentando na cama.

—Marilia, eu sei que melhor que ninguém eu deveria ter pensado nisso. Eu te amo, e sei que isso não será o suficiente pra mantermos algo. Mas, por mais que você não queira ouvir, eu preciso ser mulher de assumir os meus erros e aguentar as consequências que poderão vir.

— Maiara, eu já entendi. Você não precisa me dizermos nada. Você pode ir embora e me deixar sozinha.

— Marília, desculpa.. - Lágrimas escorrem pelo meu rosto. — Eu não queria, eu fui burra demais. Eu juro que eu não queria.

— Deveria ter pensando m antes, agora já aconteceu.

— Eu... eu sei que você precisará de tempo, eu te dou o tempo que você precisar, mas por favor olha pra mim.

Ela se levanta da cama e vai até a porta de seu quarto, a abre e fica parada olhando pra mim.

— Sai do meu quarto, por favor. Eu não quero te magoar com as minhas palavras e nem gritar com você. Eu estou com raiva, decepcionada e muito magoada. Eu poderia esperar isso de qualquer pessoa, mas de você não, Maiara. Você viveu um relacionamento assim, e sabe melhor que ninguém como é. Eu juro que não esperava isso de você. Vai embora!

Vou em direção da porta e passo por ela e paro assim que saio de seu quarto e a olho.

— Eu sinto muito! - Falo enxugando algumas lágrimas.

— Não esquece isso. - Ela diz tirando o anel de noivado de seu dedo e colocando em minha mão.

Eu a olho e vejo toda a decepção e magoa em seus olhos, vejo lágrimas escorrerem pelos seus olhos e aquilo me mata aos poucos.

— Me odeia agora, me odeia muito, mas por favor lembra em algum momento que você me amou, que me ama e mesmo que eu não mereça, não desiste de mim. Eu não consigo sem você.

— Pensasse antes, Maiara!

Ela bate a porta e me deixa ali parada encarando a sua porta fechada em minha frente.

Reaprendendo a amar. - Mailila. Onde histórias criam vida. Descubra agora