Capitulo 3

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Marilia narrando.

Me dou conta da merda que havia acabado de falar quando ouço a Maiara 'cuspir' em minha cara todas as palavras cheio de ódio.

Eu poderia simplesmente colocar tudo que penso pra fora. Mas sei que estou num estado de raiva muito grande e acabaria falando coisas que a magoaria ainda mais.

Ela sai do camarim batendo a porta e deixando apenas eu e a Maraisa ali. Sinto meu rosto queimar, pela raiva e pela dor de todas as palavras que ela havia dito a segundos atrás. Tento segurar o chora, mas minhas lágrimas são teimosas e escorrendo pelo meu rosto sem se quer autorização.

— Lila. - Ouço a voz rouca da Maraisa me chamar. — Ela só está com raiva.

— Tudo bem, Maraisa.

— Como que está tudo bem se você está chorando?

— É raiva! Eu fui uma otaria por ter falado aquelas coisas. - Faço uma pausa. — Mas talvez tenha sido melhor mesmo. Nítido que a Maiara não me enxerga da forma que a enxergo e acho que é isso. Que bom que amanhã começa as nossas férias, tudo que eu realmente preciso.

— Amanhã é um novo dia. - Ela diz passando a mão em meu rosto. — Vocês já brigaram antes, depois vocês se acertam.

Ela da um sorriso e estende a mão pra que eu posso me levantar e sair dali.

Saímos dali e seguimos até a van. Entramos na mesma e vemos a maiara sentada no fundo e pra minha infelicidade os lugares restante são na mesma fileira que ela. Por mais que a amo, não estou no clima pra dividir um mesmo lugar com ela. Eu a olho e só consigo lembrar dela falando que nunca seremos nada.

Seguimos todo caminho até o hotel em silêncio. Nenhuma palavra se quer foi dita até chegarmos na porta de nosso quarto.

Diferente dos outros dias optamos por cada uma ir pro seu quarto o clima tava pesado demais pra dividirmos o mesmo ambiente.

Entro em meu quarto e vou direto pro banho, eu só estava desejando que esse dia acabasse logo. Se fosse possível uma boa parte dele eu deletaria da minha memória.

— Se eu pudesse voltar no tempo. - Sussurro pra mim mesma

E realmente essa é a vontade. Quando meus sentimentos eram ocultos nada disso acontecia. Nossa amizade seguia linda e plena, mas depois que resolvi falar o que sentia numa noite qualquer de muita bebedeira, tudo foi por água a baixo.

Maiara narrando.

— Irmã, você precisava falar daquele jeito com a Marília na frente de todo mundo?

Fecho a porta e entro sentando na cama que tem ali.

— Maraisa, você ouviu o que ela disse? - A olho. — Ela disse que eu só mereço quem me trata mal. Você acha mesmo que eu iria ficar na boa?

— Pare de ser assim, Maiara. Você destorceu tudo, ela não disse isso, ela disse que você parece só enxergar as pessoas que te fazem mal. E na boa irmã, ela não está errada. Ela é incrível e você a joga pra escanteio. Me diz uma coisa. - Ela faz uma pausa e me olha. — Você acha que ela vai ficar se arrastando atrás de você até quando? Você deveria se lembrar como foi ruim ser tratada dessa forma por alguém que você amava. Você viveu isso! Não estou comparando você com o traste do Fernando. Mas você se sentia mal toda vez que ele te tratava com indiferença, que ele parecia não ligar, que ele te deixava de lado e no final só te tratava bem quando ele achava bom pra ele. Você sabe como é se sentir nesse lugar, irmã. E você não é assim, você é melhor que isso!

— Eu não quero isso, Maraisa. É muito drama pra minha pessoa. Eu mal me recuperei do antigo, não vou entrar em outro relacionamento.

— Quem tá pedindo pra você entrar? - Ela me olha. — Só estou dizendo que por mais insegura que você esteja, você não tem direito algum de tratar a Marília dessa forma.

— Maraisa, você estava lá. - Falo irritada. — PARA DE FICAR TENTANDO DEFENDER ELA!

— Maiara, na boa. O Fernando destruiu você. - Ela me olha com receito. — Irmã, eu te amo mais do que a mim mesma, mas não posso fingir que não vejo... Eu vejo a formar que você foge de tudo que é bom pra você. - Ela faz uma pausa. — Por que você não fala a verdade pra mim? Você sabe que não precisa manter essa barreira levantada quando está ao meu lado. Eu sempre estive aqui com você e por você.

A olho e meus olhos já estão inundados em lágrimas. Ninguém além da Maraisa é capaz de baixar minha guarda. Ninguém consegue me entender como ela. Ela me olha, eu a olho e sinto meu rosto ser molhado pelas lágrimas que eu tanto segurava.

Ela se aproxima e se senta ao meu lado na cama. Leva suas mãos até as minhas e as segura olhando em meus olhos.

— Irmã, você não precisa se mostrar forte pra mim quando você não esta. Eu sempre estarei aqui pra te segurar caso não consigo se manter em pé.

— Depois dele não tá sendo fácil. O meu maior medo é começar algo que pareça ser incrível e depois perceber que não é. - Faço uma pausa buscando fôlego. — Eu não consigo me entregar a alguem, eu não consigo me permitir ser amada da forma que eu sei que mereço ser. É tanta coisa, que não consigo nem imaginarem um relacionamento tranquilo. Eu não quero isso agora.. eu não consigo ser eu, e nem permitir que a Marília ultrapasse essa barreira. Em minha defesa eu automaticamente a afasto de mim. E as vezes eu nem se quer dou conta disso.

— Já pensou em falar isso pra ela? Vocês além de qualquer coisa são melhores amigas.

— Não consigo! Eu fico tranquila quando estamos sozinhas, mas entro em modo alerta quando estamos em público.

— Irmã, você merece ser amada. Baixa a guarda e vai ver que viverá algo incrivel. - Ela me olha — Mas se realmente não tem interesse algum na Marília, senta com ela e conversa. Sem briga, mas seja sincera, ela merece saber sem que você esteja gritando com ela.

Dou um sorrio desanimado, ela se levanta e da um beijo em minha testa. Se afasta de mim entrando no banheiro e me deixando ali sozinha na cama.

Começo a pensar em todas as coisas que aconteceram em tão pouco tempo. E me foi conta das coisas que falei sem nem ao menos pensar. Óbvio que eu iria me arrepender. Marília aguentou a minha pior fase e não foi embora e mesmo assim eu consegui ser uma idiota com ela.

Pego meu celular na esperança de que ela esteja menos chateado comigo e tenha pelo menos me mandado um boa noite como de costume. Mas, não havia nenhuma notificação dela.

Abro o WhatsApp, abro a sua conversa e vejo que o visto por último dela é de menos de cinco minutos atrás. Por um momento fico com raiva, pois imagino o que ela deve está fazendo no WhatsApp já que não foi pra me mandar uma mensagem se quer.

WhatsApp on:
Maiara: Oi. 😬

Ela visualiza e não diz nada. Espero por mais alguns minutos e nada. Ela continua on-line mas não diz nada.

Maiara: Eu sei que você está aí, e sei que não deve querer falar comigo. Mas desculpa, eu realmente passei dos limites hoje é que..

Marília: É que o que Maiara?

Maiara: Nada, você não entenderia. Desculpa!

Marília: É impressionante a forma em que você simplesmente escolhe não falar nada e se fechar pro que você está sentindo. Maiara eu não sei o que você quer da sua vida, eu não sei o que você quer de mim. bom, na verdade eu sei que você não me quer. Afinal, fez questão de deixar claro isso pra quem quisesse ouvir. Eu já te disse inúmeras vezes que te respeito e respeito a sua fase. Mas não estou disposta a ser tratada com indiferença quando você julgar ser necessário. Eu te amo, mas não estou disposta a me sentir mal toda vez que me lembro do amor que sinto por você. Não era pra ser assim!

Maiara: Sinto muito!
Eu não quero te machucar.

Marília: Boa noite, Maiara!

Assim que ela me envia a mensagem ela sai do WhatsApp sem se quer esperar uma resposta minha. A conheço e sei que essa é a deixa pra que eu pare de tentar me justificar.

Reaprendendo a amar. - Mailila. Onde histórias criam vida. Descubra agora