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MIRELA

Chegamos um pouco mais tarde do que o previsto na festa da Taís por culpa da Aline que deixou pra se arrumar em cima da hora, quando chegamos na casa dela a garota nem tinha tomado banho ainda. Fomos chegar na festa era nove e tanta da noite, confesso que fiquei um pouco emburrada por que odeio chegar tarde nos lugares, sou totalmente fiel e pontual quando se trata de festas.

Pra completar assim que chegamos aquele tal de Ruivinho brotou de repente arrancando nossa amiga da gente. Ela havia me dito que não ficaria mais com ele por motivos óbvios, medo da mulher dele surtar outra vez e vim tirar satisfações.

Mas oque ela fez? Sentou bem ao lado daquele bandido na primeira oportunidade que teve e ainda me forçou a ir com ela, por que eu não ficaria sozinha naquela festa né? Pela primeira vez eu vi o tal do Coringa de perto e ele causou uma boa primeira impressão, estava faltando cadeira e ele foi o primeiro a se levantar para mim sentar.

Óbvio que não foi cavalheirismo, é apenas um homem tentando impressionar uma garota. Igualmente seu outro amigo fez, levantando e se prestando a ir pegar bebida para mim. Fala sério, eu sei me virar sozinha.

Fiquei procurando Aline dentro daquela casa gigante mas não a achei, com certeza deveria estar falando com as pessoas da festa, minha amiga conhecia literalmente esse morro todo. Sem muito esforço achei a cozinha da casa e me deparei com um freezer, quando o abri vi que estava cheio de bebida.

Não queria cerveja então peguei um copo médio e enchi de Whisky, e coloquei algumas pedrinhas de água de coco congelada. Eu gostava da combinação e não era algo tão forte. Nunca fui de beber muito, consigo contar nos dedos as vezes que fiquei literalmente bêbada, normalmente fico sóbria na maioria das festas, bebo apenas para não ficar entendiada.

― Whisky com água de coco, boa escolha ― uma voz masculina me fez afastar os pensamentos.

Era Coringa pra me matar de susto, fiz de conta que ele nem tava ali e continuei colocando os cubinhos de gelo pra quebrar o Whisky.

― O gato comeu sua lingua? ― depois de alguns segundos em silêncio ele perguntou, provavelmente se sentiu intimidado com meu silêncio.

― Não, ela só não está disposta a conversar com você ― sorri forçado e bebi um gole da minha mistura.

Eu não era o tipo de garota fácil, na verdade eu costumava ser vista como mal educada ou então grosseira, mas essa era só uma forma de lidar com as investidas de certos homens. Eu definitivamente não sabia lidar com flertes.

― E oque a sua língua está disposta a fazer comigo? ― ele encostou o braço no balcão me olhando com um olhar malicioso e um sorriso cafajeste.

Não respondi, na verdade nem sabia oque responder diante daquilo, fiquei até com vergonha, ele tinha uma língua bastante afiada.

― Já entendi, garota difícil ― ele estralou a língua no céu da boca e voltou a sua posição de antes.

Só que agora ele veio dando alguns passos na minha direção.

― Então eu sou difícil apenas por não estar te dando atenção? ― franzi a testa encarando ele da forma mais séria que eu pudia.

Queria sair dali, fugir pra bem longe por que sabia que não iria conseguir me controlar se ele continuasse com aquelas piadinhas. E agora oque eu menos queria era da corda pra um traficante, ainda mais para o dono do morro.

Entre becos e vielas Onde histórias criam vida. Descubra agora