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CORINGA

Assim que tomei meu banho, fiz uma boquinha em uma lanchonete aqui da favela pra sustentar o estômago, não sabia quando iriamos estar de volta então precisava me abastecer. E passar esses dias sem Mirela tava sendo foda, certeza que ia perder uns kilos nessa brincadeira, não vinha comendo nada saudável e estava pulado algumas refeições do dia de tão ocupado que ficava bolando esse plano de confrotar o Vidigal. Mas fé que logo ela estaria de volta.

Assim que meu celular despertou avisando que faltava pouco pras três e meia da tarde, peguei minha moto e fui direito pro galpão, precisava tá lá com antecedência e minha ansiedade também não tava colaborando hoje. Eu só queria efetuar a porra do plano e voltar pra minha casa.

― Firmeza? ― fiz toque com Deco, um mano que tava fazendo a segurança do galpão junto com outro.

― Firmeza, patrão ― o homem barbudo assentiu com a cabeça e abriu o portão de ferro pra mim.

Me surpreendi ao entrar e ver grande parte do meu time esperando por mim com meia hora de antecedência, eu não botava fé que fossem todos tão pontuais assim, e embora o nível de homens que tinha ali fosse grande, aquela não era minha equipe completa. Andei cautelosamente até até o centro do galpão tentando escutar a conversa fiada que rolava na rodinha de marmanjos, afinal era só isso que eles sabiam fazer.

― Se a gente voltar vivo de lá, a noitada vai ser onde? ― Dedé, um mano velho e experiente tava no meio da roda com um sorriso malicioso esboçado em seu rosto.

― Se a gente voltar vivo? Mermão, a gente vai acabar com a raça dos inimigo ― Cadu parece não ter gostado muito da hipótese negativa, mas usou um tom bem humorado.

― Não tem essa alternativa, vamos voltar de lá vivos ― agora foi eu quem disse, atraindo alguns olhares curiosos até mim..

― Se o chefe falou, tá falado ― Batoré deu a voz remontando sua glock.

― Agora falando de assunto sério ― me aproximei da mesa, onde pedi que deixassem todos os itens que precisaríamos. ― Temos colete suficiente para todos aqui, peguem o seu  ― falei alto, inaugurando os coletes novos que haviam chegado recentemente.

A maioria do equipamento que vamos usar hoje é novo, material de boa qualidade e refinado, não tinha do que reclamar. Eu mesmo dei a ordem de que montassem a mesa com os equipamentos e esperasse a minha presença, para dar as instruções.

― Peguem os rádios, eu quero todos vocês na linha, demorô? Qualquer filha da puta que passar por vocês eu quero que notifique, a comunicação vai ser importante entre a gente ― mandei o papo, dando algumas voltas sobre a mesa.

― E que porra a gente vai fazer quando o Vidigal tentar tomar o arsenal deles de volta? ― Batoré perguntou, como se aquilo já não tivesse claro.

― Vamo armar um equipe em volta do galpão e matar quem se aproximar, simples assim ― dei de ombros, encarando as expressões confusas que se voltaram.

― Tá, e a invasão vai ser só isso? ― Fabinho perguntou com um tom agressivo.

― Não, imbecil ― neguei. ― Vamos se dividir, alguns homens fica fazendo a segurança do arsenal enquanto o resto invade ― respirei fundo, esperando vim mais uma pergunta idiota.

Entre becos e vielas Onde histórias criam vida. Descubra agora