MIRELA
Bati descontroladamente na porta da minha mãe, achava que ela ainda não tinha acordado mas continuei insistindo mesmo assim, não queria voltar para casa com receio de voltarmos a falar sobre o assunto da viajem ou então de Coringa me mandar a força para longe dele, entendo que o único motivo que o leve a estar fazendo isso é a sua preocupação, também acho que essa viajem seria uma boa opção para mim sumir do mapa e assim me livrar de mais ameaças ou então de alguma tentativa de morte, mas não quero ir para longe dele, quero continuar ao lado do Coringa, afinal, do lado dele é o único lugar em que me sinto segura.
― Oque foi minha filha? ― minha mãe atendeu a porta depois de muitas batidas, com um olhar assustado.
― Te acordei? ― entrei que nem um furacão na sua casa, com medo de que Coringa estivesse me seguindo.
Não duvido que ele seria mesmo capaz de me amarrar e me mandar a força para onde quer que ele acha que iria me mandar.
― Não, estava lá na cozinha lavando uns pratos ― secou as mãos na roupa, mania que tinha a muito tempo.
― Onde está a Isa? ― indaguei nervosa, mas ao mesmo tempo tentando me manter tranquila para não assusta-lá.
Queria falar sobre qualquer outro assunto que não fosse essa maldita viajem, além do mais, acho que não seria uma boa idéia contar a minha família esse plano mirabolante do Coringa, se caso eu venha mesmo a ir embora por algumas semanas, acho melhor ninguém saber meu paradeiro, isso colocaria mais pessoas em risco e eu não queria isso.
― Dormindo ― fez uma careta. ― E oque tu tá fazendo aqui? ― minha mãe me olhou de cima a baixo, sem entender o motivo da minha visita.
― Estava me sentindo sozinha em casa, o Coringa tá na boca ― me joguei no sofá, tentando olhar para outro lugar que não fosse o rosto da minha mãe.
Ela me conhecia tempo suficiente para reconhecer quando estava nervosa ou então escondendo algo, não demoraria a desconfiar.
― Hã.. e meu netinho? ― ela pareceu ter acreditado e veio até mim, desmontando estar apenas com curiosidade.
― Firme e forte ― imitei o Coringa.
Com tanto pouco tempo de convívio já aprendi seu linguajar.
― Está se alimentando bem? ― me olhou preocupada, ou melhor, ela me julgou através do seu olhar. Mas do que ninguém minha mãe estava pegando no meu pé para que eu mantesse uma alimentação saudável por conta do bebê.
― Melhor do que nunca, esses últimos dias estou com uma fome insaciável, to devorando tudo que vejo na minha frente ― lhe contei com sinceridade.
Era exatamente assim que eu estava, me sentia um dragão com um buraco negro no estômago.
― Bom que meu netinho nasça gordinho ― sorriu orgulhosa.
Estava em transe quando meu celular vibrou no bolso, quando o peguei na mão vi que o nome da Karine estava na tela.
― Oi ― atendi tranquila.
― Tá em casa? ― perguntou com a voz ofegante, parecia ter acabado de correr uma maratona.
― Na casa da minha mãe, por que? ― franzi a testa enquanto olhava para minha mãe, que manteu sua expressão confusa.
― Tô indo aí agora ― avisou com agilidade.
Karine desligou sem mais nem menos, oque me deixou ainda mais curiosa, ela não podia simplesmente plantar a ansiedade em mim e depois desligar.
― Quem era? ― minha mãe levantou do sofá, disposta a continuar suas tarefas.