022.

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MIRELA

Passei a noite com Karine, ela demorou a pegar no sono por que estava mais ocupada chorando, mesmo sem conversar com ela eu sentia sua dor de longe. Karine ficou muito mal com a perda do bebê e não soube aceitar, fiquei ao lado dela durante a noite toda apenas a consolando com minha presença. Quando ela finalmente conseguiu pegar no sono já estava quase amanhecendo e eu não havia dormido nem um pouco. Sabia que não podia descansar agora por que já estava quase dando a hora de eu ir trabalhar.

Era sete e pouca quando liguei para Coringa vim me buscar, enquanto o esperava na lanchonete pedi um lanche com um suco para forrar meu estômago. Com o dinheiro que ele havia me dado eu fiz um lanche ontem a noite e outro pela manhã. Minhas pálpebras estavam tão pesadas de sono que estava enfrentando uma luta ao tentar deixa-lós abertos. Quando Coringa estacionou em frente ao hospital pulei dentro do carro com pressa.

― Bom dia, madame ― falou, dando partida com o carro.

― Bom dia pra quem Gabriel? ― murmurei sonolenta, encostando a cabeça no vidro.

Só precisava de um cochilo.

― Ih tio, tá morgada de sono ― ele sacudiu meu corpo.

― Não dormi nada essa noite ― falei fechando meus olhos com a cabeça encostada no vidro.

― Vai trabalhar desse jeito não ― exclamou com total convicção.

― Eu tenho meia hora ― minha voz sonolenta quase não saiu.

― Vou te levar pra minha casa, demorô? ― perguntou com aquela voz autoritária.

Estava tão cansada que fiquei até com preguiça de responde-ló, deixei que ele fizesse oque quiser. Com a cabeça encostada no vidro acabei sendo vencida pelo sono, apaguei completamente e não vi mais nada.

Quando acordei estava deitada em uma cama, rolei entre os lençóis tentando identificar de quem era aquela cama e logo abri meus olhos. Foi preciso alguns segundos para reconhecer aquele quarto, estava deitada na cama de Coringa. Olhei em volta e não o vi ali, proucurei pelo meu celular em cima da cama mas não encontrei. Levantei da cama ainda zonza de sono e peguei meu celular em cima da escrivaninha.

Me assustei quando vi que era meio dia e meia, automaticamente me lembrei do trabalho. Comecei a rodar pela cama que nem uma galinha da angola preocupada.

― Vou perder meu emprego ― choraminguei, procurando o número de Coringa para poder ligar.

― Hm.. ― ele fez um barulho com a garganta quando atendeu.

― Por que você me deixou dormir? Eu tinha que ter ido trabalhar ― falei em um bom tom de voz, me exaltando por completo.

― Fala baixo porra ― ele murmurou. ― Tu tava morgadona de sono, tinha nem condição de trabalhar ― disse, como se isso fosse motivo para ele me deixar capotar.

― Se eu perder meu emprego a culpa é toda sua ― gritei estressada. ― E onde você tá? ― indaguei.

― Tô na boca ― respondeu. ― Daqui a pouco apareço aí ― falou antes de desligar na minha cara.

Ótimo.

Não posso aparecer no meu trabalho a essa hora e simplesmente explicar que me atrasei, o melhor que posso fazer é mandar uma mensagem para a Dandara e pedir desculpas. Foi exatamente isso que fiz, assim que justifiquei minha falta no WhatsApp dela, fui em direção ao banheiro. Lavei meu rosto para ver se aquele sono todo ia embora e resolvi tomar um banho, estava fazendo um calor insuportável e já fazia horas que não tomava um banho. Também escovei meus dentes com a escova do Coringa, não era obrigada a ficar com mal hálito.

Entre becos e vielas Onde histórias criam vida. Descubra agora