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MIRELA

Não dormi nem um pouco durante a noite por que sabia que logo teria que viajar, não me lembrava quando foi o momento exato que passei a aceitar essa viajem, mas querendo ou não tive que aceitar que essa fuga, era a única forma de me livrar das ameaças e até mesmo de alguma loucura que estejam planejando fazer comigo.

Na verdade o problema nunca foi eu, as pessoas não querem me atacar simplesmente por me acharem uma ameaça, querem me matar por que sabem que eu sou um ponto fraco do Coringa, e não erraram, toda essa preocupação em me mandar embora do morro só mostra o quanto ele está cumprindo com a tarefa de cuidar de mim e do nosso bebê.

― O Manteiga vai te levar até o aeroporto de Garulhos e de lá você pega o voo pra Bahia ― Coringa repassou o plano enquanto eu terminava de me arrumar.

O voo estava marcado para as duas da manhã e ja era dez da noite, então teoricamente eu já deveria estar saindo de casa.

― Por que Guarulhos? ― indaguei, terminando de soltar meu cabelo.

― Seria muito arriscado você partir daqui, fácil de rastrear ― explicou, enquanto brincava com o zíper da mala que já estava feita.

Era apenas algumas semanas que eu passaria fora, mas quis me precaver e coloquei um monte de coisas na mala, definitivamente tem roupa para mais de um mês.

― Sabe oque eu estava pensando, a Karine poderia ir comigo ― disse, na esperança de que ele achasse uma boa idéia.

Não suportava a idéia de ficar sozinha trancada em uma casa, sem poder sair para lugar algum e sem contato com nenhum conhecido.

― Nem pensar, quanto menos gente souber onde você tá, melhor vai ser ― ele negou na mesma hora, como se Karine fosse uma espécie de ameaça.

― E eu vou ficar lá sozinha? Sem ninguém? ― levantei da cadeira e caminhei até a cama, quando já estava inteiramente arrumada.

― Sozinha não, vou mandar um dos meus de confiança pra ficar lá ― ele levantou da cama quando percebeu minha presença mais próxima.

― Nossa, muita diferença ― falei com ironia. ― Vai mandar quem? ― indaguei cruzando meus braços.

― O Manteiga ― respondeu seco.

― E por que não o Ruivinho? ― perguntei curiosa.

Ruivinho era tipo o carrapato do Coringa, era o seu mais de confiança, por isso deduzi que ele fosse a primeira opção caso precisasse ir alguém comigo.

― O Ruivinho é experiente, quero ele aqui comigo ― explicou. ― Mas eu confio no Manteiga tanto quanto no Ruivinho, por isso vou mandar ele ― disse por fim.

Aquilo era mentira.

Gabriel não confiava em ninguém e ele fazia questão de deixar isso bem claro, estava mandando Manteiga por que era de longe alguém que poderia me fazer mal, mas mesmo assim ainda tem um pingo de desconfiança vindo de Coringa.

― Me dá seu celular ― ele estendeu a mão.

― Oi? ― encarei sua mão sem entender nada.

― Me dá seu celular, Manteiga vai estar te esperando com um celular novo ― me explicou tranquilamente.

― Você está fazendo parecer como que se eu fosse uma fugitiva ― murmurei, pegando meu celular do bolso e o entregando.

Entre becos e vielas Onde histórias criam vida. Descubra agora