MIRELA
Coringa mandou um de seus vapores me trazer em casa já que ele não tinha capacidade alguma de dirigir com o tornozelo doendo, depois dele ter me humilhado no PS5 eu pedi algo para comer e aproveitei bastante até por que era ele quem ia pagar a conta depois, pedi tudo que queria e sai de lá com a barriga cheia.
Antes de chegar em casa vi que tinha algumas chamadas perdidas de Karine, mas resolvi deixar para conversar com ela quando chegasse em casa.
― Cheguei família ― avisei, assim que entrei em casa.
― Onde você tava? ― minha mãe estava sentada no sofá com os braços cruzados, parecia estar apenas me esperando.
― Eu e as meninas fomos assistir o jogo lá no campinho depois do almoço ― falei o necessário, não estava esperando passar por um interrogatório.
― E ficou lá até essa hora? ― questionou desconfiada.
Seria impossível sustentar aquela mentira, estava quase dando nove da noite e é óbvio que o jogo não havia durado até agora.
― Depois do jogo a gente ficou jogando conversa fora lá na pracinha ― menti, sentindo uma sensação ruim em estar a enganando.
Puta merda.
Minha mãe estava me encarando seriamente como se soubesse da cada mentira que eu venho lhe contando, e aquilo me deixou extremamente nervosa, era como se eu estivesse voltado aos meus quinze anos onde fugia de casa para me encontrar com namoradinho.
― Mirela, senta aqui ― ela bateu no espaço vazio do sofá ao seu lado, pedindo que eu fosse até lá.
A sua cara não tava nada boa, sabia que iria receber algum sermão.
― Por que a senhora tá com essa cara? ― engoli em seco e me sentei próxima a ela, mantendo uma distância considerávelmente segura para que ela não me acertasse um tapa.
― Talvez por que a minha filha tenha mentido para mim e esteja saindo com um traficante ― jogou tudo no ventilador sem muita enrolação, e pelo seu tom duro, aquilo ali não seria um diálogo normal de mãe e filha.
De repente eu até esqueci como se respirava, senti meu coração bater mais rápido do que nunca.
― Eu omiti ― me justifiquei, muito embora isso não importa no momento.
― A quanto tempo? ― ela me fuzilou seriamente, dava até para escutar sua respiração pesada.
― A quanto tempo oque? ― perguntei nervosa.
― Que você anda saindo com aquele bandido ― ela aumentou o tom de voz estressada.
― Não faz muito tempo ― respondi rápido, com medo dela ficar ainda mais estressada. ― Como a senhora descobriu? ― era tudo que eu queria saber.
― Parece que fui a última a saber, as mulheres da igreja tudo comentando
― ela sorriu desacreditada.― Eu ia te contar ― falei.
― Pouco me importa se você ia me contar ou não, estou mais chateada com você por estar saindo com um traficante Mirela ― ela passou de estressada para amargurada.