018.

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MIRELA

Coringa mandou um de seus vapores me trazer em casa já que ele não tinha capacidade alguma de dirigir com o tornozelo doendo, depois dele ter me humilhado no PS5 eu pedi algo para comer e aproveitei bastante até por que era ele quem ia pagar a conta depois, pedi tudo que queria e sai de lá com a barriga cheia.

Antes de chegar em casa vi que tinha algumas chamadas perdidas de Karine, mas resolvi deixar para conversar com ela quando chegasse em casa.

― Cheguei família ― avisei, assim que entrei em casa.

― Onde você tava? ― minha mãe estava sentada no sofá com os braços cruzados, parecia estar apenas me esperando.

― Eu e as meninas fomos assistir o jogo lá no campinho depois do almoço ― falei o necessário, não estava esperando passar por um interrogatório.

― E ficou lá até essa hora? ― questionou desconfiada.

Seria impossível sustentar aquela mentira, estava quase dando nove da noite e é óbvio que o jogo não havia durado até agora.

― Depois do jogo a gente ficou jogando conversa fora lá na pracinha ― menti, sentindo uma sensação ruim em estar a enganando.

Puta merda.

Minha mãe estava me encarando seriamente como se soubesse da cada mentira que eu venho lhe contando, e aquilo me deixou extremamente nervosa, era como se eu estivesse voltado aos meus quinze anos onde fugia de casa para me encontrar com namoradinho.

― Mirela, senta aqui ― ela bateu no espaço vazio do sofá ao seu lado, pedindo que eu fosse até lá.

A sua cara não tava nada boa, sabia que iria receber algum sermão.

― Por que a senhora tá com essa cara? ― engoli em seco e me sentei próxima a ela, mantendo uma distância considerávelmente segura para que ela não me acertasse um tapa.

― Talvez por que a minha filha tenha mentido para mim e esteja saindo com um traficante ― jogou tudo no ventilador sem muita enrolação, e pelo seu tom duro, aquilo ali não seria um diálogo normal de mãe e filha.

De repente eu até esqueci como se respirava, senti meu coração bater mais rápido do que nunca.

― Eu omiti ― me justifiquei, muito embora isso não importa no momento.

― A quanto tempo? ― ela me fuzilou seriamente, dava até para escutar sua respiração pesada.

― A quanto tempo oque? ― perguntei nervosa.

― Que você anda saindo com aquele bandido ― ela aumentou o tom de voz estressada.

― Não faz muito tempo ― respondi rápido, com medo dela ficar ainda mais estressada. ― Como a senhora descobriu? ― era tudo que eu queria saber.

― Parece que fui a última a saber, as  mulheres da igreja tudo comentando
― ela sorriu desacreditada.

― Eu ia te contar ― falei.

― Pouco me importa se você ia me contar ou não, estou mais chateada com você por estar saindo com um traficante Mirela ― ela passou de estressada para amargurada.

Entre becos e vielas Onde histórias criam vida. Descubra agora