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CORINGA

Fiquei dez minutos naquela posição, com Mirela em meus braços sem poder mover um músculo, estava tentando deixa-lá mais confortável mas confirme o tempo passava ela demonstrava estar pior, o pedido de socorro dela era agonizante, a todo momento ela implorava que fizessem alguma coisa e a gente só conseguia consolar ela com palavras, já que não conseguíamos fazer mais nada.

― Com licença ― escutamos uma voz desconhecida e a porta se abriu logo em seguida, uma mulher baixa e gordinha passou pela porta e me encarou estranhamente.

Ela achou completamente estranha alguém que não estava ali aparecer de repente mas não disse nada.

― Moça ela está se contorcendo de dor, precisa levar ela pra sala de cirurgia ― minha sogra pontuou assim que a mulher estava ali.

― Vamos fazer o exame de toque novamente para checarmos se há mesmo uma possibilidade do parto ser normal, já sabemos que o bebê está na posição apropiada para nascer normal e isso é bom, antes eu vim para checar o coração do bebê ― a médica explicou bem tranquila, embora o clima dentro do quarto estivesse estranhamente ruim.

― Não tem outro exercício que ela possa fazer pra dilatar mais rápido? ― Karine perguntou preocupada, encarando Mirela com um olhar de pena.

― Façam massagens na região lombar incentivará bastante ― avisou depois de alguns segundos em silêncio.

― Consegue levantar? ― perguntei em um sussurro pra Mirela, que parecia adormecida em meus braços.

Ela balançou a cabeça lentamente e com minha ajuda se colocou de pé, e mais uma vez gemeu de dor, aquele sofrimento parecia não ter fim.

― Se posicione aqui ― a médica pediu com gentileza, esperando que Mirela fosse até a maquina de ultrassom que tinha no canto do quarto.

Mirela andou com dificuldade e a todo momento com sua mão agarrada ao meu braço, ela parecia não aguentar mais o peso que a barriga proporcionava, e seria até engraçado a forma como ela andava com as pernas abertas se não fosse nessa situação. Fiquei atrás dela a segurando a todo momento e cheguei a tentar fazer massagens nas costas dela, mas parecia que nada surtia efeito e ela gritava cada vez mais alto. Mirela tombou sua cabeça para trás e a posicionou no meu ombro enquanto a moça checava se e o bebê estava bem.

― Escute o coração ― a médica nos informou ao passar aquela coisa pela barriga de Mirela, que parecia duas vezes maior do que a horas atrás.

― Meu filho.. por que você não vem logo? ― Mirela questionou em voz baixa e de olhos fechados, era como se estivesse mesmo falando com o bebê.

― Vai fazer a garota passar por todo esse sofrimento e no final terá que ser cesárea ― Taís murmurou em alto e bom som, pouco se importava com oque a médica iria achar.

― Não podemos leva-lá para a sala de cirurgia sem ao menos estimular para que aconteça normal, tem todos os indícios de que esse bebê nascerá normal ― a médica usou um tom rígido para rebater o questionamento de Taís e se colocou de pé quando terminou de avaliar a barriga de Mirela.

― Então faça logo a merda do toque ― Isa também usou um tom grosseiro.

― Tirem essa criança de dentro de mim ― Mirela se contorceu em meus braços e agarrou meu braço direito, precisei segura-lá para que ela não fosse ao chão.

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