035.

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MIRELA

Já fazia horas que eu estava amarrada em uma cadeira na escuridão daquela casa abandonada pois já havia escurecido, e nada de ninguém aparecer, me deixaram ali largada sem cuidados e sem atenção, isso era óbvio, não esperava que vinhessem me alimentar depois de terem me sequestrado. Estava me segurando para não chorar, queria me manter calma e tranquila mesmo diante aquela situação mas não conseguia me controlar, além de estar extremamente preocupada com a vida do meu bebê, meu peito doía constantemente sem noticias de Coringa.

Ainda estava sentindo aquela sensação ruim, como se meu coração estivesse prevendo algo ruim mas não sabia explicar oque era. Sem falar na fome que me deixou ainda mais nervosa, meu estômago roncava loucamente, aguentaria horas sem me alimentar e no estado em que eu estava se não tivesse um bebê dentro de mim, minha única preocupação era ele como estaria meu bebê.

Não fazia idéia de que horas eram mas já fazia tempo que havia escurecido e nada acontecia, meus braços estavam amarrados para trás na cadeira oque me impedia de fazer qualquer movimentos, essa limitação me deixou louca, era horrível não poder me mecher. E por mas que estivesse livre da fita na boca, gritar naquele momento só iria fazer com que eu cansasse mais.

Pela situação em que aquela casa se encontrava tinha certeza de que era uma casa abandonada bem distante da cidade. No começo tentei gritar e chamar por socorro, mas só fez com que minha garganta ficasse ainda mais seca e aos poucos eu fui me contentando de que não tinha ninguém para me escutar.

Mordi meus lábios ansiosa e bati meu pé naquele chão sujo tentando me soltar da cadeira, foi quando escutei alguns burburinhos próximo dali. Encarei a porta na esperança de que alguém tivesse vindo para me ajudar, mas minhas expectativas foram para o ralo quando vi Diogo abrindo a porta.

― Desculpa pela demora ― seu tom era unicamente de deboche.

Ele bateu a porta forte fazendo um barulho altíssimo, Diogo lançou um olhar sanguinário para mim e não carregava mais aquele sorriso amarelo de convencimento, oque me levou a acreditar que algo ruim havia acontecido, ele estava animado demais quando saiu.

― Diogo me tira daqui ― comecei a me mover na cadeira tentando me soltar, e usando um tom apelativo para tentar convence-ló a me soltar.

Será que o simples fato de nós conhecermos não era de bom tamanho?

― Você está mais segura aqui, o Alemão se destruiu em sangue ― ele abriu um sorriso perverso e abaixou para ficar na minha altura, tentando me fazer acreditar que queria mesmo o meu bem.

― Oque? Onde tá o Coringa? Eu não acredito que você teve coragem de fazer isso com ele ― cuspi as palavras no automático, sentindo meu coração arder em angústia com a possibilidade dele estar realmente falando a verdade.

Eu sabia que algo ruim tinha acontecido, mas a minha imaginação me martirizava com os pensamentos ruins.

― Seu amado deve estar indo direto pra cadeia ― deu de ombros, falando com a maior naturalidade, como se Coringa não significasse mais nada para ele.

O comandante de um morro era ovacionado pelo seu povo, era praticamente o rei da favela, todos os outros deveriam os seguir, eu só não entendia por que tamanha revolta de Diogo, o levando a fazer essa crueldade comigo.

Entre becos e vielas Onde histórias criam vida. Descubra agora