CORINGA
Levei mó dura no campo e agora meu tornozelo tá palpitando de tanta dor, o cara chegou na maldade quando viu que eu tava prestes a fazer um gol e me derrubou. Sempre fazia um drama pra ganhar falta mas dessa vez o caso era sério, meu tornozelo tava podre mesmo. Ainda quando estava caído no chão escutei a voz de Mirela, a garota se meteu no meio do campo sem mais e nem menos. Eu tinha visto ela na arquibancada mas não pensei que fosse invadir o campo dessa forma.
― Tá fazendo oque aqui? ― perguntei mais uma vez.
Avaliei sua roupa de baixo a cima, ela tava usando um short jeans do tamanho da palma da minha mão com um cropped que mal cobria sua barriga inteira, ela ficava gata com aquelas roupas curtas por que deixava seu corpo mais desenhado, mas não gostava de pensar no tanto de homem que olharia para ela.
― Oque todo mundo faz em um jogo, assistindo ― ela deu de ombros, toda engraçadinha.
― Vou matar aquele filho da puta ― falei baixo, mentalmente imaginando encontrar com a porra do Junin.
Ele é meu parceiro, sei que não foi com intenções de me machucar apenas de me derrubar, mas mesmo assim vou cobrar.
― Você deveria olhar direito esse tornozelo, vai que torceu ― ela aconselhou.
― Tô bem ― disse da boca pra fora.
Tentei dá um passo mas meu pé mal conseguia ficar no chão de tanta dor.
― Não tá ― ela se aproximou e tentou me segurar.
― Tu acha mesmo que consegue? ― questionei rindo.
Era oitenta kilos contra cinquenta, a conta não batia.
― Apoia teu braço no meu ombro ― ela pediu mesmo assim.
Passei meu braço sobre seu pescoço e fiz o máximo de esforço para não apoiar meu corpo sobre o dela, ela iria cair se isso acontecesse.
― Vai cuidar de mim, é? ― perguntei animado com a ideia.
― Que cuidar oque, foi só uma torção no tornozelo ― ela fez pouco caso.
― Tá doendo pra caralho, vou precisar de uma enfermeira particular ― fiz drama.
Mirela me ajudou a chegar na saída do campo, estava mancando que nem o saci pra não precisar apoiar o pé no chão.
― Quanto drama ― ela revirou os olhos.
Eu gostava quando ela fazia isso, a deixava mais sexy ainda.
― Calma aê, vou arrumar uma carona ― tirei meu braço sobre seu ombro.
Fiz um barulho com a boca pra tentar chamar a atenção de Ruivinho, ele atendeu meu chamado e veio até mim.
― Qual a boa? ― ele encarou meu tornozelo.
― Me leva lá em casa, dá pra dirigir assim não ― mandei.
― Calma aê, vou pegar o carro e já te levo ― ele fez um sinal de positivo com a mão e foi para longe.
Tava mó calor dos inferno e eu tava suadão ainda por cima, puxei o colete vermelho que representava o time e fiquei só de bermuda. Não pudi deixar de notar os olhos de Mirela descendo até meu abdômen, ela não fez questão de disfarçar.