MIRELA
O dia tinha sido cansativo como todos os outros, acontece que teve mais movimento hoje do que ontem, automaticamente me fazendo trabalhar mais. Quando chegou o fim do expediente estava morrendo de dor de cabeça e só queria ir embora. Coringa havia dito que viria me buscar assim que meu expediente acabasse, mas acontece que ele não apareceu. Fiquei esperando meia hora em frente a loja e nada dele aparecer, até eu decidir que já era hora de ir.
Voltei para casa andando como fiz a minha vida toda, confesso que fiquei puta por ele não ter cumprido o combinado mas não podia esperar menos, ele não tem obrigação nenhuma de ir me levar ou buscar, eu que fui tola de criar expectativas em cima disso. Assim que cheguei em casa corri para o banheiro para tomar banho, todo esse calor me faz ficar fedida.
Quando finalmente fui sentar para descansar já era sete da noite, fui até a cozinha em busca de algo para comer e encontrei um resto de comida de meio dia. Coloquei um pouco de arroz e feijão no prato com um pedaço de frango frito com um copão de suco de maracujá. Estava com tanta fome que devorei a comida em questão de cinco minutos e ainda queria mais.
Fiquei na mesa da cozinha enrolando com preguiça de subir, peguei meu celular e fiquei checando as últimas mensagens. Vi que Coringa não havia me mandado nada, nem um foi mal ou então tô indo aí. Nada disso. Ele nem se quer se preocupou em me explicar por que não foi me buscar.
Mas é claro que não, ó Coringa não se importava com nada. Sem pensar muito eu acabei ligando para ele, sabia que não tinha direito algum de cobrar ou exigir satisfações, mas eu liguei, por que sou uma burra. Me arrependi de ter ligado assim que a porra do celular foi atendido.
― Alô, quem é? ― uma mulher atendeu.
A voz era de uma completa estranha, sem querer julgar nem nada, mas a voz era de uma puta.
Fingi que não tinha escutado e desliguei a chamada, sem acreditar no que tinha escutado fui checar para ver se tinha ligado certo. Não conheço ninguém mais trouxa que eu. Fiquei encarando a mesa durante bons minutos sem saber oque fazer, ele já havia deixado claro que eu não era a única na sua vida, mas minha ficha ainda não tinha caído, pelo menos não até agora.
Apertei o celular com vontade de joga-ló no chão e levantei da cadeira, deixei o prato na mesa e subi pro meu quarto com dois kilos de ódio no coração.
Sei que não deveria ficar tão mechida com isso, mas eu fiquei. Por que só de pensar na idéia de Coringa estar com outra eu sinto meu coração se despedaçando. Por que a droga do amor machuca tanto? Queria poder desligar todos os sentimentos que sinto por ele, fazer sumir e evaporar para sempre, mas isso é impossível.
É tudo muito confuso, não sei definir com palavras certas oque sinto por ele, eu só sei que sinto isso me machucando, me prejudicando em um nível absurdo.
Desde o começo eu sentia que isso não me traria bons resultados, que essa lance iria machucar mais a mim do que a ele, e mesmo assim eu mergulhei de cabeça, sabendo de todos os riscos. Eu fui uma completa idiota.
Afundei minha cabeça no travesseiro e chorei que nem uma otaria, por que é isso que eu sou. Sou uma idiota por pensar que ele me escolheria entre tantas, sou uma idiota por achar que era única e exclusiva na vida dele, sou uma idiota por acreditar no amor mas uma vez.